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Manual do proprietário digital: os perrengues da vida sem papel

Com a chegada do manual do proprietário digital, se aproxima a extinção da versão física. Mas, vários usuários reclamam das versões eletrônicas

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Eventualmente, o livreto do manual do proprietário deve ser completamente substituído pelo manual digital
Eventualmente, o livreto do manual do proprietário deve ser completamente substituído pelo manual digital Foto: Minas France/ Renault/ divulgação

Abrir o porta-luvas e dar de cara com o manual do carro não é incomum, mas pode se tornar. Antes ele era disponibilizado somente na forma física, em formato de livreto, mas agora ele ganhou também a versão digital. Isso foi pensado para casos como o de um proprietário que perdeu a versão física ou que comprou o carro já sem o manual. Mas, agora, o documento em sua forma digital pode ser implantado pelas montadoras como única alternativa para consulta sobre manutenção e utilização do automóvel, e isso gera várias dúvidas acerca da real praticidade da atualização.

A iniciativa dos manuais digitais partiu da Volkswagen, que implantou em seus carros, desde 2020, um “manual cognitivo”. A marca já não faz a entrega da versão física do livreto. Trata-se de uma tecnologia que vai além do manual do proprietário como conhecemos, que usa também inteligência artificial para esclarecer dúvidas. O mais legal é que pode ser usado tanto por comandos de texto, imagem ou voz.

A maior parte das produtoras do segmento automotivo já contam com abas em seus sites para acessar o conteúdo do manual digital. Ainda há aquelas que não aderiram, mas são minoria.

Alguns modelos de veículos atuais e tecnológicos já trazem o manual digital no próprio computador de bordo, disponível na tela multimídia. Mesmo que ainda seja entregue também na versão física, é uma conveniência a mais para a pessoa que já precisa resolver um problema simples e acessível facilmente no menu do veículo.

 

Tela multimídia de carro no menu principal
Dependendo do modelo, o manual digital do proprietário já vem no próprio veículo e pode ser acessado no painel multimídia Foto: Lara Moreno/EM/D.A Press

Será que vale a pena migrar somente para o manual digital?

O questionamento principal é se adotar somente o manual do proprietário digital é uma solução prática, tendo em vista que há consumidores que preferem o conforto e a praticidade de ter em mãos a versão no formato de livro. Os defensores da permanência do manual físico, segundo consultas ao site Reclame Aqui, possuem variados argumentos.

Pode ser que pessoas com mais dificuldade com tecnologia se percam entre as seções dos aplicativos e PDFs de manuais digitais. Não só, mas também podem ficar à mercê da própria interface do aparelho celular e a segurança (ou falta dela) de operar o aparelho em locais perigosos. Há ainda aqueles que relatam dificuldades de visão para ler as letras pequenas do manual do proprietário digital, e por isso sentem falta da versão física.

Alguns afirmam que a revenda do carro pode ser comprometida, pois há relatos de concessionárias que não aceitam o veículo sem a versão oficial impressa do documento. Existem também queixas de consumidores que preferem não fornecer dados específicos de seu veículo para conseguir o manual digital.

Outros afirmam que algumas empresas até disponibilizam um manual resumido de forma física e indicam que o consumidor pode solicitar a versão completa por telefone ou e.mail. Mas, normalmente, este se incomoda com a demora no retorno.

Polêmico é que algumas montadoras sugerem aos seus consumidores a compra da versão física em seus canais oficiais. Além disso, nada impede que exista problema de informações divergentes entre os manuais do proprietário físico e digital, como relatado por um indivíduo no Reclame Aqui.

Em contrapartida, o maior argumento para a existência somente da versão do manual do proprietário digital é em prol do meio ambiente, com redução de desperdício com a produção dos manuais físicos. Mas será mesmo?