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Investimentos bilionários no Brasil deixam argentinos com 'inveja'

No país vizinho, indústria automobilística vive momento turbulento, com interrupções na produção e poucos aportes financeiros

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Todo processo de produção deverá ser carbono zero
Todo processo de produção deverá ser carbono zero Foto: Pedro Danthas/Volkswagen/Divulgação

O ano de 2024 vem trazendo uma verdadeira avalanche de investimentos da indústria automobilística para o Brasil. Na última quarta-feira, apenas o Grupo Stellantis, detentor das marcas Fiat, Peugeot, Citroën, Jeep e Ram, anunciou que aplicará R$ 30 bilhões de reais no país: um recorde histórico na indústria automobilística. Somando também os aportes de Chevrolet, Volkswagen e Toyota, todos confirmados entre os últimos meses de janeiro e fevereiro, o montante chega a nada menos que R$ 64 bilhões. E toda essa quantia está causando inveja nos argentinos. 

O site Motor1 Argentina chegou até a publicar uma coluna sobre esse assunto, com o seguinte título: "Por que o Brasil bate recordes de investimentos da indústria automobilística (e a Argentina não)?" O gancho da publicação é justamente o anúncio do mais recente e maior desses aportes, feito pelo Grupo Stellantis. Enquanto o Brasil receberá os citados R$ 30 bilhões, o país vizinho ficará com R$ 2 bilhões. 

Primeiramente, caba destacar que o Brasil sempre teve um volume de produção de veículos mais alto que a Argentina, simplesmente porque o mercado local é bem maior que o vizinho. Ainda assim, conforme destaca o próprio site, essa diferença, agora, está maior do que nunca. 

A publicação atribui essa diferença a dois motivos: o primeiro deles é o Programa MoVer, criado em 2023 pelo governo federal, que incentiva a produção nacional de veículos eletrificados, por meio de subsídios. Na Argentina, não existe qualquer tipo de estímulo para que a indústria fabrique veículos híbridos ou elétricos. 

O segundo motivo é a profunda crise que a Argentina atravessa no momento. Além da perda de poder aquisitivo dos consumidores locais, o declínio econômico provocou um enorme problema no Banco Central da Argentina, que simplesmente está sem dólares para equilibrar a balança comercial. Essa situação prejudica a importação de componentes para a indústria automobilística, que sofre com paralisações. 

Ford é exceção à regra em momento de investimentos

Nesse contexto, a única multinacional que constitui uma exceção à regra é a Ford. E empresa fechou as fábricas no Brasil em 2021, mas manteve a produção da Ranger na Argentina. No ano passado, a unidade industrial que a multinacional operava em Camaçari (BA) passou para as mãos da BYD, que, por sua vez, anunciou investimentos de R$ 3 bilhões e marcou prazo para reinaugurá-la ainda em 2024.