Da Chapada dos Guimarães (MT) – A Fiat entra no segmento de caminhonetes médias com a Titano, projeto feito pela chinesa Changan também encampado pelo Peugeot, que usa o nome Landtrek. O VRUM foi até o Mato Grosso para conhecer a nova Fiat Titano e lá tivemos a oportunidade de ver a versão intermediária Volcano (R$ 239.990) e a topo de linha Ranch (R$ 259.990. A versão de entrada Endurance (R$ 219.990) não foi mostrada.
A marca italiana quer reforçar ainda mais a sua liderança no segmento de picapes, no qual lidera com folga com os modelos Strada (o mais vendido entre automóveis e comerciais leves) e a intermediária Toro. A Fiat Titano chega com proposta mais voltada ao trabalho e deve ter como concorrentes principais as caminhonetes médias Chevrolet S10 e a Nissan Frontier.
Qual a origem da Fiat Titano
A Fiat Titano é fruto do “projeto global” KP1, desenvolvido pela chinesa Changan para o grupo PSA (Peugeot Citroën). A caminhonete surgiu primeiro como Peugeot Landtrek e agora ganha o nome de Titano, montada na fábrica de Nordex, nos arredores de Montevidéu, no Uruguai. A origem chinesa da picape pode ser confirmada na dobradiça das portas, onde está cravado o nome da marca Changan.
Visual conservador
Considerando o desenho da Toro e até mesmo da Strada, a Fiat estreia no segmento de caminhonetes médias com um modelo bem conservador. O desenho da Fiat Titano não traz ousadia e a coloca no mesmo patamar das concorrentes que ainda não foram renovadas. Traz linhas robustas, com capô vincado e grade dianteira com a logo da marca em destaque. Se comparada com a nova Ford Ranger, fica parecendo uma picape da década passada.
Interior simples
Avaliamos na apresentação a versão Ranch da Fiat Titano. Mesmo na topo de linha, o acabamento interno é feito predominantemente com plástico duro no painel e revestimento interno das portas. Os bancos contam com revestimento em couro de boa qualidade, sendo os dianteiros com ajustes elétricos. A posição de dirigir é confortável e o motorista tem acesso fácil nos comandos do volante, que tem regulagem de altura e distância.
O painel de instrumentos mescla elementos analógicos e uma pequena tela digital, onde se vê informações sobre o carro. O espaço no banco traseiro não é dos melhores na Fiat Titano. O assento é um pouco baixo e não há muito espaço para as pernas. Se o motorista for uma pessoa mais alta, quem sentar atrás dele ficará com as pernas apertadas no encosto. O ponto positivo é que o interior tem vários porta-objetos, inclusive sob o assento do banco traseiro.
A Fiat Titano traz de série na versão Ranch a central multimídia com tela tátil de 10 polegadas, com conectividade com smartphone sem cabo e navegação embarcada. Falta na caminhonete média mais recursos de auxílio à condução, já que a versão de topo tem apenas manutenção de faixa e monitoramento da pressão dos pneus. Não tem sequer alerta de ponto cego e nem de colisão.
Espaço na caçamba
É neste quesito que a Fiat Titano se destaca, mas também sem exageros. Com boas dimensões e volume de 1.314 litros e capacidade de carga de 1.020 quilos, a caminhonete mostra que está mais para o trabalho do que para lazer. O problema é que a versão de entrada Endurance não traz proteção da caçamba e nem capota marítima, que são de séria na Volcano e na Ranch
Dirigindo a Fiat Volcano
Em nosso primeiro contato com a Fiat Titano pelas estradas nas proximidades da Chapada dos Guimarães, no Mato Grosso, foi possível perceber que o conjunto mecânico tem algumas limitações. A caminhonete é equipada nas três versões com o motor francês 2.2 turbodiesel, que desenvolve 180cv e 40,7kgfm nas versões Volcano e Ranch. Na versão Endurance o torque é um pouco menor, 37,7kgfm.
Nas versões Volcano e Ranch o câmbio é automático de seis velocidades, enquanto na Endurance o câmbio é manual com o mesmo número de marchas. Dirigindo a Fiat Titano no asfalto, nota-se que o motor dá conta do recado quando a picape está vazia. As reações à aceleração não são tão instantâneas, mas o suficiente para garantir segurança nas retomadas de velocidade. Nesse ponto, as caminhonetes médias concorrentes apresentam desempenho melhor.
Vale dizer ainda que o motor turbodiesel tem funcionamento ruidoso, que invade a cabine quando o giro passa das 3.500rpm. A Fiat Titano tem direção com assistência hidráulica, e não elétrica, o que é um ponto negativo para um modelo que custa R$ 260 mil. Em baixas velocidades nota-se que a direção é um pouco pesada, exigindo um pouco mais de força nas manobras. Mas em velocidades mais elevadas, a carga da direção é bem definida.
As suspensões, com feixe de molas na traseira, deixam a desejar. Mesmo trafegando sobre asfalto, a Fiat Titano transfere qualquer irregularidade do solo, causando desconforto na cabine. No trecho fora de estrada essa situação ficou ainda pior, com a picape pulando muito. O modelo apresenta ainda uma certa instabilidade direcional em velocidades mais altas, exigindo atenção do motorista.
Pontos positivos para a Fiat Titano são os bons ângulos de ataque e saída, além da boa altura em relação ao solo, que garantem boa performance no fora de estrada. A caminhonete tem tração 4x4 com reduzida e bloqueio do diferencial traseiro, que permite encarar trilhas com trechos alagados, valas e pisos escorregadios. O sistema de freios tem discos ventilados na dianteira e tambores na traseira, com o auxílio eletrônico convencional.
Vai concorrer com quem?
A Fiat Titano chega com preços que vão de R$ 219.990 a R$ 259.990. Nesta faixa da versão de entrada ela fica muito próxima da Fiat Toro Ranch (R$ 212.990), que tem um pacote de itens de série bem mais completo. E as diferenças de capacidade de carga e espaço interno não são tão grandes. A Titano está mais apta a brigar com a Chevrolet S10 e a Nissan Frontier, mas fica longe da líder Toyota Hilux e da recém renovada Ford Ranger.
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