O mercado brasileiro está caído de amores pelas picapes. E, isso, em todos os segmentos, desde as compactas até as grandes. A Chevrolet Silverado está nesse último patamar, competindo diretamente com caminhonetes como Ram 1500 e Ford F-150, todas com comprimento na casa dos 6 metros com preços  superiores a meio milhão de Reais.

No Brasil, a Chevrolet Silverado foi a última desse trio a desembarcar. Em relação às rivais, o diferencial dela é a conectividade de última geração, capitaneada pela central multimídia que o fabricante chama de My Link. O equipamento tem tela de 13,4 polegadas com Google Built-in, que agrega o Google Assistant, Google Maps e Google Play diretamente pela conta do condutor, por meio de nuvem, sem necessidade de celular para pareamento.

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O equipamento tem Spotify, podcasts de notícias- Wi-Fi nativo e ainda permite conectar Alexa da casa do proprietário. Contudo, a conexão é gratuita somente durante os primeiros 12 meses: depois, é cobrada uma mensalidade. De qualquer modo, se o comprador não quiser pagar, pode conectar as plataformas Android Auto e Apple Car Play sem necessidade de fio. Há um "modo manobrista”, que bloqueia o acesso de terceiros a configurações e dados pessoais do motorista.

Carregador de celular por indução, sistema OnStar com chamada telefônica automática em caso de acidente e sistema de áudio da marca Bose, com sete alto-falantes, complementam o sistema de infotenimento. Também não falta câmera de ré, com o detalhe interessante que o retrovisor interno pode virar uma câmera e visão 360º. 

Interior da Chevrolet Silverado

Independentemente das tecnologias de conectividade, o interior da Chevrolet Silverado é sofisticado, à altura do que se espera nesse segmento: vale lembrar que a única versão trazida ao Brasil é a High Country, top de linha na América do Norte. Os revestimentos internos incluem imitação de madeira, apliques metalizados, superfícies emborrachas no painel e nas portas e muito couro.  

Os bancos dianteiros são enormes, naquele padrão para acomodar bem os corpulentos consumidores estadunidenses, e têm aquecimento e ventilação. O motorista conta não só com os ajustes elétricos da poltrona, mas também no volante, em altura e distância. A instrumentação, claro, é totalmente digital, com tela, de 12,3 polegadas configurável e bem completa.

Outra coisa que chama atenção a bordo é a quantidade de nichos para pequenos objetos: o maior deles, entre os bancos dianteiros, embaixo do apoio de braço, é enorme e traz entradas USB, USB-C e tomada de energia elétrica, além de uma divisória móvel. Há mais dois pares de entradas USB, além de diversos porta-copos. 

O banco traseiro da Chevrolet Silverado é igualmente espaçoso e acomoda confortavelmente três ocupantes, mas o assento, muito baixo, não apoia bem as pernas (mal típico de caminhonete). Por outro lado, é possível rebatê-lo para transportar grandes objetos a bordo. Ali, o assoalho é quase plano e há saídas de ar dedicadas para a turma do fundão. Sob o assento e atrás do encosto há mais porta-objetos, totalizando 34 litros.  

Motor V8 dá conta do recado (e com folga)

Motor da Chevrolet Silverado é um V8 5.3 a gasolina, com injeção direta, mas ainda com comandos no bloco (a Ford F-150, por exemplo, tem comandos no cabeçote, solução mais atual). Ele desenvolve 360cv de potência e 52,9kgfm de torque, valores inferiores aos das duas concorrentes diretas. O conjunto mecânico inclui ainda câmbio automático de 10 marchas com paddle-shifts para trocas sequenciais no volante: raridade em carros da marca, que costumam trazer os incômodos botõezinhos na alavanca.

Apesar de ser menos potente que as concorrentes, a Chevrolet Silverado tem desempenho muito bom para uma picape de porte tão grande. Ela é surpreendentemente ágil no trânsito urbano e, na estrada, esbanja fôlego em ultrapassagens. O motor é bem-casado com o câmbio e faz trocas suaves e oportunas. O isolamento acústico é bom, mantendo o (ótimo) ronco do V8 em volume baixo. 

Para uma picape tão grande e pesada, estabilidade da Chevrolet Silverado é até boa, mas longe de se comparar à de um automóvel. É que a suspensão, com braços triangulares sobrepostos na dianteira e eixo rígido com feixes de molas na traseira tem acerto suave, voltado ao conforto. E certas situações, o conjunto até transmite aquela sensação de pula-pula, mas isso é típico de picapes construídas sobre chassi. Já os freios, com discos ventilados nas quatro rodas, estão à altura da performance em linha reta.

No trânsito urbano, um paquiderme na jaula

A direção elétrica é firme em alta velocidade e muito leve em manobras. Ainda assim, estacionar a Chevrolet Silverado em vagas convencionais é tarefa difícil - ou até impossível mesmo. A picape, literalmente, não cabe em vários dos espaços disponíveis. Portanto, as grandes cidades não são os locais mais apropriados para ela. Em alguns aspectos, o modelo chega a lembrar um caminhão, inclusive na altura: o motorista vê as picapes médias, como a S10, de cima.  

Até o retrovisor, de tão grande e protuberante, chega a ser inconveniente: em faixas mais apertadas, a peça bloqueia a passagem de motoboys. Durante o teste, ele sofreu alguns impactos nesse tipo de situação (e, felizmente, resistiu a eles). Outro problema é que os componentes vibram bastante e fazem barulho quando o veículo transita em pisos malconservados, causando incômodo. Já o interno pode funcionar como espelho, convencional, ou transmitir imagens de uma câmera, com maior com de visão.  

Ainda assim, a picape se sente à vontade em estradas rurais. Caso a via não disponha de pavimentação, tudo bem: a Chevrolet Silverado tem tração 4x4 com reduzida, com acionamento eletrônico. O vão livre do solo, de 25,9cm, é generoso, mas a enorme distância entre eixos de 3,74m (mais que o comprimento de um Fiat Mobi) prejudica o ângulo central, caso o motorista queira praticar um off-road mais pesado.

Consumo da Chevrolet Silverado

Nas mãos do VRUM, a Chevrolet Silverado cravou 5,5km/l na cidade e 7,7km/l na estrada: números próximos aos que constam no Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular, do Inmetro (veja-os na ficha técnica).

Caçamba da Chevrolet Silverado

Uma picape de meio milhão dificilmente será usada para trabalho. Mas, se algum dono da Chevrolet Silverado fizer isso, terá à disposição a maior caçamba entre as caminhonetes à venda no Brasil, com 1.781 litros. Porém, não poderá carregá-la demais, já que o peso máximo que o modelo pode transportar é de apenas 716kg. Mas isso é comum nas picapes do gênero, que se destacam mesmo é pela capacidade de reboque: no caso, esse limite é de 4.128 kg.

O compartimento de carga tem em tampa com abertura e fechamento elétricos, iluminação, tomada 220V, protetor e 12 ganchos para amarração de carga. Não há uma escadinha para acessar a caçamba, como a F-150, mas dois degraus no para-choque traseiro permitem fazer isso sem dificuldade: solução simples e eficaz. Os estribos laterais, que são retráteis, também podem se mover para permitir acesso pelos flancos. Há ainda uma capota marítima, mas convencional, sendo que, nesse segmento, seria bem-vindo um sistema de acionamento elétrico.

Picape-ostentação

O preço da Chevrolet Silverado High Country é de R$ 529.900: tão superlativo quanto as dimensões da carroceria, portanto. Assim, não é uma opção racional de compra, e sim uma picape de luxo para fãs endinheirados de veículos desse gênero. Quem quiser (e puder) comprar terá uma caminhonete sofisticada e competente em mãos: só não deve se esquecer de verificar a garagem pra ter certeza que ela comportará o modelo antes de fechar o negócio.

Equipamentos da Chevrolet Silverado High Country 2024

Ficha técnica da Chevrolet Silverado

*Dados do fabricante; **Dados do Inmetro

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