O grupo Stellantis não esconde o objetivo de se consolidar na liderança do setor automotivo na América Latina. Para isso, o conglomerado que reúne as marcas Fiat, Jeep, Ram, Peugeot e Citroën apresentou o plano Next Level, que tem como focos a descarbonização da mobilidade e a expansão dos negócios na região. Serão investidos R$ 32 bilhões de 2025 a 2030, sendo que desse montante, R$ 13 bilhões serão destinados ao Polo Automotivo Stellantis de Goiana, em Pernambuco.
Nos quatro primeiros meses de 2024, o grupo Stellantis promoveu três lançamentos – da picape média Fiat Titano e da linha 2025 dos Jeep Compass e Commander, e anunciou a chegada do Citroën Basalt, um SUV compacto que será produzido na fábrica de Porto Real, no Rio de Janeiro.
O grupo Stellantis anunciou ainda que até o fim do ano terão mais seis lançamentos, incluindo o novo Peugeot 2008, produzido na fábrica de El Palomar, na Argentina, totalizando 10 produtos em 2024.
A empresa quer ser líder da mobilidade limpa, segura e acessível no Brasil e na América do Sul. “O Next Level representa um novo ciclo virtuoso, que iniciamos na região após o anúncio de nossos investimentos recordes. Vamos consolidar a liderança e expandir os negócios, com o lançamento de novos produtos, investimentos direcionados para todos os Polos Automotivos da Stellantis na região, a aquisição de novas empresas, entre outras ações previstas em cada dos pilares estratégicos”, revelou Emanuele Cappellano, presidente da Stellantis para a América do Sul.
Quais são os pilares do plano estratégico Next Level?
- Aceleração do Negócio, com a expansão de produtos e serviços, a ampliação da liderança de mercado e o protagonismo na inovação;
- Experiência do cliente, sendo a melhor empresa da indústria em qualidade dos produtos e serviços, com novas tecnologias para segurança e experiência de condução;
- Excelência Operacional, aumentando as sinergias e a eficiência operacional;
- Descarbonização, liderando a transição energética para uma mobilidade segura, sustentável e acessível;
- Pessoas, com a atração de talentos para consolidar a Stellantis como uma Mobility tech company;
- Finanças, ampliando as receitas e garantindo a sustentabilidade do negócio.
O grupo Stellantis quer ser também o maior distribuidor de peças da América do Sul, além de focar na autonomia energética sustentável de algumas de suas plantas. O grupo anunciou recentemente o investimento de US$ 100 milhões na 360Energy, empresa argentina do setor de energias renováveis, reforçando compromisso rumo a neutralidade de carbono de suas operações.
A Argentina e a América do Sul são estratégicas para a implementação do plano global Dare Foward 2030 da Stellantis, que visa alcançar a neutralidade de carbono globalmente até 2038. Com o investimento anunciado, a Stellantis obteve 49,5% de participação acionária na empresa 360Energy, líder em geração de energia solar em seus parques localizados nas províncias argentinas de San Juan, Catamarca e La Rioja.
Investimentos no Polo Automotivo de Goiana (PE)
Dos R$ 30 bilhões anunciados para as fábricas no Brasil, a Stellantis confirma que R$ 13 bilhões serão destinados ao Polo Automotivo de Goiana, em Pernambuco. No pacote está prevista a ampliação do parque local de fornecedores nos próximos anos.
Atualmente, a cadeia conta com cerca de 38 fornecedores instalados em Pernambuco, desenvolvendo e produzindo componentes e soluções para a propulsão híbrida e elétrica, descarbonizando a mobilidade e gerando novos empregos na região. Mas o objetivo é chegar a 100 fornecedores até o fim do ano.
O Polo Automotivo Stellantis de Goiana é referência na produção e exportação de software automotivo, enquanto os laboratórios instalados por lá e em parcerias com universidades do Nordeste se dedicam ao desenvolvimento da eletrônica embarcada e conectividade dos veículos, com ênfase para os Sistemas Avançados de Assistência ao Motorista (ADAS), que é a base da direção autônoma.
Os outros R$ 17 bilhões do montante total de investimentos do grupo Stellantis no Brasil serão distribídos nas outras plantas, no desenvolvimento de quatro novas plataformas e da tecnologia Bio Hybrid, com motores híbridos priorizando o uso de etanol. Até 2030, serão 40 novos modelos e oito powertrains.
A fábrica de Porto Real, no Rio de Janeiro, não produz mais os modelos Peugeot 208 e 2008, que agora são feitos na Argentina. Mas a planta recebeu investimentos para a manutenção da linha Citroën, que inclui o hatch C3, o SUV compacto C3 Aircross e o novíssimo Basalt, que será lançado ainda neste ano.
Novo Peugeot 2008
O grupo Stellantis confirmou o início da produção do novo Peugeot 2008 em El Palomar, na Argentina. Trata-se do primeiro SUV fabricado no país hermano. Serão investidos mais de US$ 270 milhões para produzir o novo modelo na Argentina, somados aos US$ 320 já investidos na transformação industrial de El Palomar e a implementação da Plataforma Modular CMP.
Carro elétrico no Brasil
Ao ser questionado sobre um possível carro 100% elétrico produzido no Brasil, Emanuele Cappellano reafirmou que o grupo Stellantis está mais focado nos carros híbridos movidos a etanol, o qual considera mais sustentável e adequado para o mercado brasileiro. O executivo disse que o país precisa evoluir muito em infraestrutura de recarga para que o carro elétrico possa atingir volumes maiores de vendas. Além disso, ele coloca o preço elevado como uma das principais barreiras para a lenta introdução do carro elétrico no mercado brasileiro.
Mas Cappellano não descarta o lançamento de um carro 100% elétrico com uma das marcas do grupo Stellantis até 2030. “Vai depender de alguns fatores, como infraestrutura e demanda do mercado. Nossa prioridade agora é o carro híbrido”, reafirmou o presidente do grupo Stellantis para a América do Sul.
Ele acrescentou que as novas plataformas do grupo podem receber motorizações a combustão, híbridas e 100% elétricas, ampliando as possibilidades em diferentes segmentos. Sobre um possível motor movido exclusivamente a etanol, Cappellano disse que ele já existe, mas revelou que a engenharia está buscando aumentar a sua eficiência. “A hibridização será a solução para o problema da eficiência”, concluiu.
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