Tradicionalmente conhecidas pela confiabilidade e qualidade de seus produtos, a reputação das montadoras japonesas está em jogo após investigações feitas pelo governo do Japão revelarem fraudes da Toyota, Honda, Suzuki e Mazda desde 2014.
As montadoras admitiram manipulação em processos de homologação para determinados modelos e o órgão regulador ordenou que todas as cinco empresas suspendessem o envio dos afetados até que se confirme a conformidade dos veículos com os padrões regulamentares.
Sendo a maior fabricante de automóveis do Japão, a Toyota reconheceu a falsificação de dados em testes de segurança de pedestres e ocupantes para os modelos Corolla Fielder, Corolla Axio e Yaris Cross, todos ainda em produção. Uma investigação interna também revelou adulterações em testes de colisão de modelos descontinuados, incluindo Crown, Isis, Sienta e Lexus RX.
Embora a montadora declare que os veículos em questão sejam considerados seguros para dirigir, a Toyota não seguiu os procedimentos de certificação corretos, não obtendo as isenções adequadas do ministério ou retestando as especificações exatamente como exigido pelos reguladores.
"É extremamente lamentável que novos atos fraudulentos venham à tona, já que fraudes em aplicações de designação de tipo minam a confiança do usuário e abalam a própria fundação do sistema de certificação automotiva."
por Ministério dos Transportes do Japão
Apesar dessas irregularidades, a Toyota garantiu que os veículos ainda cumprem todos os regulamentos de segurança, afirmando que nenhuma ação adicional é necessária por parte dos proprietários.
Os problemas de teste inapropriado na Toyota são um capítulo adicional em uma série de escândalos que afetam suas subsidiárias. Em 2022, a Hino Motors, uma afiliada que fabrica caminhões, enfrentou problemas com certificações de emissões fraudulentas. Em dezembro, a Daihatsu, subsidiária de minicars da Toyota, suspendeu embarques globais após descobrir manipulações em testes de colisão lateral.
Em janeiro deste ano, a Toyota interrompeu o envio mundial de 10 modelos devido a testes inadequados de potência e torque em motores fornecidos pela Toyota Industries, resultando em cerca de 300 mil recalls apenas na Daihatsu.
A Toyota continuará investigando os testes restantes até junho e não poderá retomar a produção em massa dos modelos afetados até obter aprovação de certificação do ministério. A produção suspensa impacta mais de mil fornecedores, e ainda não está claro quando a produção será retomada.
Além da Toyota, outras montadoras importantes também estavam envolvidas em práticas inadequadas de certificação, que é o caso da Mazda.
Durante testes oficiais para os modelos MX-5 RF e Mazda2, a fabricante reescreveu no software de controle do motor. Modificações indevidas também foram aplicadas em veículos de teste de colisão dos modelos descontinuados Atenza/Mazda6 e Axela. A empresa assegurou que todos os modelos de produção permanecem em conformidade com os padrões de segurança vigentes.
A Honda confessou ter fornecido declarações falsas em testes de ruído para 22 modelos descontinuados. Entre os veículos afetados estão Inspire, Fit, Fit Shuttle, Shuttle, CR-Z, Acty, Vamos, Stepwgn, Legend, Accord, Insight, Exclusive, CR-V, Freed, N-Box, N-One, Odyssey, N-Wgn, Vezel, Grace, S660, Jade e NSX. A empresa está atualmente colaborando com as autoridades para resolver as discrepâncias encontradas.
Na Suzuki, a fraude foi identificada em apenas um modelo: a versão LCV do Alto da geração anterior, produzida entre 2014 e 2017. Durante os testes de desvanecimento dos freios, a distância de travagem listada foi inferior às medições reais.
A Suzuki admitiu que a pressão aplicada no pedal do freio durante os testes não foi tão intensa quanto o necessário, levando à manipulação dos resultados para atender aos padrões legais.
O Ministério de Terras, Infraestrutura, Transporte e Turismo (MLIT) está conduzindo investigações in loco nas instalações das montadoras mencionadas para verificar a conformidade dos modelos afetados com os regulamentos.
As empresas foram instruídas a fornecer informações e suporte aos proprietários dos veículos afetados. Esta medida provocou a interrupção da produção, envio e vendas dos modelos atualmente oferecidos no Japão e em mercados internacionais.
A resolução rápida desses problemas de conformidade e a determinação de sanções apropriadas para as ações fraudulentas das montadoras estão agora nas mãos das autoridades japonesas.
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