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Cobrança!

Carro elétrico: imposto causa briga entre montadoras e importadores

Indústria nacional está sendo prejudicada e crescimento da taxa sobre EVs poderia ser positivo, analisa presidente da associação

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Associação de montadora querem que taxa sobre elétricos passe a ser de 35% antes de 2026
Associação de montadora querem que taxa sobre elétricos passe a ser de 35% antes de 2026 Foto: Divulgação/Codesa

Desde o começo do ano, carros elétricos e híbridos voltaram a pagar impostos de importação no Brasil. O retorno acontecerá gradualmente, chegando a 35% até 2026. No entanto, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) está em conversas com os políticos para que as taxas cheguem a esse patamar mais cedo.

O pedido veio do presidente da Anfavea, Marcio de Lima Leite, durante o Seminário AutoData Revisões das Perspectivas 2024. A Associação Brasileira das Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotores (Abeifa) não concorda com a Anfavea e vê consequência de protecionismo pior do que invasão de montadoras do exterior.

Executivo entende que importações de carros elétricos é ruim para o Brasil

No evento, Leite comentou que o mercado nacional se tornou refém das importações dos eletrificados. O presidente completou que “elas [as importações] atacam a nossa competitividade, agora e no futuro. Se o Brasil quiser ter um olhar à frente, ser um grande competidor, precisamos analisar as importações com viés de preocupação. Este volume crescente hoje é um risco para nossa indústria”.

A Anfavea decidiu realizar a cobrança próximo a mais um aumento no imposto de importação sobre os elétricos. Atualmente, a taxa está em 10% – 12% para híbridos. A partir de segunda-feira (1º), o imposto de importação crescerá para 18% nos EVs, 20% para híbridos plug-ins e 25% para os carros sem recarga externa.

De acordo com a AutoData, o presidente da Anfavea ainda realizou duras críticas ao atual cenário. As importações de carros elétricos cresceram 38% nos cinco primeiros meses do ano quando comparado com o mesmo período de 2023. A China é o país que mais contribui com o crescimento, refletindo 82% das importações.

Presidente da Anfavea comentou sobre carros elétricos de empresas já conhecidas

Apesar da preocupação englobar montadoras asiáticas, Lima Leite ainda citou empresas como General Motors, Stellantis e Volkswagen, que têm plantas na China e realizam suas importação de lá. Sobre isso, ele comenta que “se você tem um mercado aberto como o nosso, se a tarifa não é suficiente para barrar as importações, é preciso repensar esta tarifa. O Brasil perderá fabricantes e só vão sobrar os recém-chegados”.

Quando questionado sobre a falta de produção local e que a solução seria trazer carros elétricos de outros países, o executivo avalia que a indústria nacional passa por um momento de transição. Para ele, a situação muda quando houver maiores investimentos por parte das fabricantes de peças, que requerem mais volume.

Abeifa traz contraponto à discussão do imposto sobre carros elétricos

A Abeifa relata que o imposto aumentará no começo de julho e, por isso, solicita "previsibilidade nas políticas industriais do setor automotivo brasileiro, sobretudo em respeito aos consumidores que têm direito ao acesso e a escolha por tecnologias de ponta", como escreveu em nota à imprensa.

A entidade ainda completa que políticas protecionistas não trazem benefícios ao país e ressalta que "nos anos 1990, se não fosse a abertura do mercado interno para veículos importados, o país não teria o parque industrial de hoje". Completando que a médio e longo prazo, o fechamento seria prejudicial a toda a cadeia automotiva, principalmente ao Brasil.