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Carros elétricos: associação quer simular incêndio para Corpo de Bombeiros

Medidas de segurança propostas por bombeiros geram receio por parte de alguns setores devido ao alto custo e à complexa implementação

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A ABVE reconhece a importância da segurança proposta pelo bombeiros, mas defende alternativas mais acessíveis
A ABVE reconhece a importância da segurança proposta pelo bombeiros, mas defende alternativas mais acessíveis Foto: Riley Edwards/Unsplash/CC

Em abril deste ano, o Corpo de Bombeiros de São Paulo divulgou um parecer técnico com exigências para a instalação de postos de recarga de carros elétricos. A proposta tinha como principal objetivo aumentar a segurança contra incêndios em baterias, que são extremamente difíceis de conter.

Corpo de Bombeiros foi rigoroso com proposta

As diretrizes estabelecidas pelos bombeiros incluíam uma série de medidas rigorosas para garantir a segurança dos carregadores de carros elétricos, o que dificulta e encarece a implementação da estrutura. Em áreas abertas, por exemplo, as vagas equipadas com carregadores devem estar a pelo menos 5 metros de distância das demais vagas. Como alternativa, é possível instalar paredes corta-fogo de 1,60m de altura e 5m de comprimento, com resistência ao fogo de até 60 minutos.

Em subsolos, sobressolos e edifícios garagem, as medidas são ainda mais exigentes. Os postos de recarga dos carros elétricos precisam estar protegidos por sistemas de chuveiros automáticos em todo o pavimento e sistemas de detecção de incêndio. Outra opção é a separação das vagas por paredes corta-fogo que vão até o teto, com resistência ao fogo de 90 minutos. Em subsolos, além disso, será necessário um sistema de ventilação mecânica e controle de fumaça em rotas de fuga.

Desenho de carros elétricos em estação de carregamento com paredes corta-fogo entre eles
Em proposta do Corpo de Bombeiros, parede corta-fogo é alternativa à distância de 5 metros Foto: Reprodução

Contraproposta para postos de recarga de carros elétricos

O parecer técnico gerou movimentação pelo custo exorbitante da instalação das estações de carregamento. Enquanto alguns setores elogiaram a iniciativa dos bombeiros em priorizar a segurança, outros expressaram preocupação com os custos elevados e a complexidade das medidas. Foi nesse contexto que a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) entrou em cena, propondo alternativas que visam tornar a implementação mais acessível sem comprometer a segurança.

Em uma reunião realizada na última quarta-feira (26), representantes da ABVE e do Corpo de Bombeiros de São Paulo discutiram uma nova abordagem. A ABVE apresentou uma proposta detalhada para simulações de incêndio em baterias e carros elétricos, visando testar e refinar as medidas de segurança de maneira prática e mais acessível.

A proposta da ABVE inclui três módulos principais. O primeiro módulo consiste em familiarizar os profissionais do Corpo de Bombeiros com a nova tecnologia dos carros elétricos e suas especificidades, os componentes e equipamentos desmontados, destacando os principais elementos críticos, como sistemas de segurança e materiais protetivos. Voltado para a educação, o segundo módulo conta com palestras e visitas de bombeiros internacionais para compartilhar as melhores práticas e experiências de países com alta adoção de veículos elétricos, como Estados Unidos, China e Noruega.

Carro Tesla cinza dentro de garagem pegando fogo com bombeiros tentando apagar
ABVE e Corpo de Bombeiros estão em constante diálogo para encontrar soluções seguranças e acessíveis dos postos de recarga Foto: NBC News/Reprodução

Já o terceiro módulo é mais prático, focado em testes controlados de estresse e incêndio de veículos e baterias. Estes serão realizados em locais apropriados para garantir a segurança dos participantes e do meio ambiente. A ideia é simular cenários realistas para avaliar a eficácia das medidas de segurança propostas e, com isso, capacitar os profissionais do Corpo de Bombeiros para eventuais incêndios. 

O presidente da ABVE, Ricardo Bastos, destacou a importância do diálogo aberto com os bombeiros. Ressaltou que o objetivo comum é elaborar regras viáveis e eficazes, que proporcionem tranquilidade aos usuários de carros elétricos, condôminos, síndicos e ao mercado da construção civil. A ABVE comprometeu-se a apresentar uma segunda proposta até agosto, incorporando os resultados dos testes e as experiências internacionais.

A consulta pública sobre as medidas propostas pelo Corpo de Bombeiros de São Paulo está aberta até 5 de agosto, permitindo que a sociedade e as partes interessadas apresentem sugestões e comentários.

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