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Contra chineses: indústria nacional pressiona para aumento de impostos

Importação de carros chineses dispara 450% no primeiro semestre de 2024 e Anfavea pede aumento para 35% em impostos dos veículos importados

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Indústria nacional teme perda de competitividade e desequilíbrio na balança comercial.
Indústria nacional teme perda de competitividade e desequilíbrio na balança comercial. Foto: Produzir carros que sejam eficientes, não poluentes e de baixo custo. Esse é o desafio para a indústria

Os números mostram o que os cidadãos brasileiros já repararam há algum tempo nas ruas: os carros chineses estão invadindo o mercado automotivo do Brasil. Os modelos das marcas chinesas, geralmente mais baratos, tecnológicos e com foco em sustentabilidade, têm criado uma dificuldade para que a indústria nacional seja páreo nesta competição. 

Ao mesmo tempo, em um cenário global cada vez mais marcado por catástrofes naturais e a urgência climática, a indústria nacional automotiva está em um momento de transformação. Incentivos governamentais no Brasil, como o imposto seletivo e o Programa Mover, têm sido direcionados para fomentar o mercado automotivo em uma direção mais sustentável, com carros elétricos e híbridos no geral (exatamente os modelos que a China mais exporta para cá), e reduzir a pegada de carbono. 

Apesar de não estar focando na produção de veículos que se encaixem no poder de compra da maioria da população brasileira, a indústria nacional pede incentivos ao governo para maior renovação de frota. Na coletiva de imprensa da Anafavea realizada na manhã desta quinta-feira (4), o presidente da Volkswagen Brasil, Ciro Possobom, destacou que os incentivos para novas tecnologias precisam ser equilibrados com políticas que estimulem a renovação da frota. Ele argumenta que não é justo apontar os novos modelos de carros a combustão como poluentes ao meio ambiente e maléficos à saúde, e afirma que os verdadeiros vilões ambientais são os modelos mais antigos.

Além disso, Possobom também ressaltou seu apoio à necessidade de desacelerar a importação de veículos no mercado automotivo do Brasil, principalmente os carros chineses, pois estes afetam significativamente a produção da indústria nacional. Assim como é necessário incentivar a exportação dos veículos brasileiros.

BYD King branco com rio e prédios ao fundo
Aumento expressivo de carros chineses no mercado automotivo do Brasil acende alerta vermelho para a indústria nacional Foto: BYD/Divulgação

O presidente da Anfavea, Márcio de Lima, diz que nem todas as importações de veículos para o Brasil causam um efeito negativo na indústria nacional, como é o caso da Argentina. Isso ocorre porque as autopeças produzidas no Brasil são exportadas para Argentina e, por isso, o reflexo das importações do país vizinho não é negativo, e sim uma troca benéfica. No entanto, não é o caso da China.

A chegada imponente de carros chineses no mercado automotivo brasileiro tem sido uma preocupação crescente para a indústria nacional. Dados da Anfavea expostos na coletiva mostram que, nos primeiros seis meses de 2024 houve um aumento de 450% na importação de automóveis chineses em relação ao primeiro semestre do ano passado. Esse crescimento tem levado a uma série de pedidos do setor para a recomposição das taxas e impostos de importação de carros elétricos e híbridos.

Desde o início do ano, o governo brasileiro tem implementado um aumento gradual do imposto de importação para carros elétricos, com a expectativa de atingir a alíquota completa de 35% até julho de 2026. A medida visa incentivar a produção nacional desses veículos, tornando os modelos locais mais competitivos no mercado automotivo em termos de custo para o consumidor final.

A Anfavea argumenta que a recomposição imediata da taxa para 35% já neste ano ajudaria a indústria nacional a recuperar a produção local, começando já agora no segundo semestre. A produção brasileira de veículos tem se mostrado estagnada, já que apresentou crescimento modesto de 0,5% no primeiro semestre deste ano em comparação ao mesmo período de 2023. 

Desequilíbrio na indústria nacional: importações x exportações

 

Volkswagen avalia levar produção de Nivus para o sul
Produção da indústria brasileira estagna em 0,5% no mesmo período Foto: Volkswagen/Divulgação

Outro ponto de preocupação é o desequilíbrio entre importações e exportações na indústria automotiva brasileira. Enquanto as importações de veículos aumentaram quase 38% no primeiro semestre deste ano, alcançando 198 mil unidades, as exportações recuaram 28,3%, totalizando 165 mil veículos. A maior parte desse aumento nas importações é atribuída aos carros chineses, que representaram 78% das 54 mil unidades adicionais importadas.

Essa dinâmica tem causado tensões na indústria nacional, já que as importações de veículos finalizados aumentam, enquanto a compra de autopeças internacionais recua. Segundo Marcio Lima, presidente da Anfavea, se o Brasil tivesse uma política de exportação de autopeças para a China, a situação poderia ser mais equilibrada. No entanto, o cenário atual de importações sem exportações correspondentes para o mercado chinês está prejudicando o setor de autopeças e a indústria automobilística como um todo.

O presidente da Anfavea também destacou que a queda nas exportações de autopeças, aliada ao aumento nas importações de veículos completos, coloca em risco os R$ 130 bilhões em investimentos já anunciados para o setor. Lima reforça que a recomposição das alíquotas é crucial para proteger esses investimentos e garantir a sustentabilidade da indústria automotiva brasileira.