Carros movidos a etanol atualmente são comuns, mas como toda tecnologia, em algum momento ela foi pioneira. Nos anos 1970, surgiu o primeiro modelo que aceitava o combustível derivado da cana de açúcar: o Fiat 147. O hatch foi feito no Polo Automotivo de Betim (MG) a partir de 1979 e mudou a história do mercado automotivo nacional.
Seu apelido também chamou a atenção – ficou conhecido como “Cachacinha” –, pois o odor que era exalado pelo escapamento lembrava o da bebida tão popular no Brasil. Para a época, o modelo trazia inovações, como motor em posição transversal, coluna de direção retrátil, pneus radiais, para-brisa de vidro laminado e estepe dentro do compartimento do motor.
Crise no mundo levou ao surgimento do Fiat 147
Em 1973, o mundo passou pela primeira crise do petróleo, por isso, as montadoras buscavam soluções para reduzir o consumo de seus derivados, entre eles a gasolina. No Brasil, o governo federal instituiu o programa Programa Nacional do Álcool (ProÁlcool), com incentivos para a produção de etanol a partir da cana de açúcar.
Aproveitando a iniciativa, a montadora italiana começou, em 1976, a pesquisar e desenvolver o motor do Fiat 147. No mesmo ano, a marca exibiu, no Salão do Automóvel de São Paulo, um protótipo do modelo movido a etanol com dezenas de milhares de quilômetros rodados.
No ano seguinte, o modelo passou por aprimoramento técnico e novas unidades foram produzidas, levando a realização de diversos testes. Apenas em setembro de 1978, o Fiat 147 passou por seu teste definitivo, para se tornar o primeiro modelo a trazer um motor brasileiro a etanol. Para testar o 147, a Fiat realizou uma viagem de 12 dias e 6,8 mil quilômetros pelo país.
Durante o percurso da viagem, o carro teve de:
- andar, em média, 500 quilômetros diários;
- do número total, 3 mil quilômetros foram feitos em terra;
- passou variações climáticas superiores a 30 graus.
Executivo da Stellantis diz que Fiat 147 mudou a história
O vice-presidente da Fiat para a América do Sul, Alexandre Aquino, relata que o hatch foi um ícone, mudando a vida de milhares de brasileiros. Para ele, o legado do modelo “se estende até hoje com a tecnologia dos motores flex, que está presente na maioria da frota brasileira de veículos leves. O etanol se consolidou como protagonista no processo de descarbonização no país por ser um combustível extremamente eficiente em emissões quando considerado o ciclo de vida completo do automóvel”.
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