Principal pauta da campanha de Javier Milei para vencer as eleições de 2023, a recuperação da economia ainda não deu sinais de que ocorrerá. Na verdade, ao menos no que diz respeito ao setor automobilístico, o cenário é justamente o oposto: as vendas de carros caíram bastante no país vizinho. Informações da Associação de Fabricantes de Veículos Automotores da Argentina (Adefa) indicam que: 

• os emplacamentos diminuíram mais de 21%;
• a produção de veículos caiu mais de 26%;
• as exportações tiveram baixa de quase 17%.

Esses percentuais dizem respeito ao primeiro semestre deste ano, em comparação ao mesmo período de 2023. Para especialistas em mercado, os resultados negativos nas vendas de carros são decorrentes das políticas econômicas implementadas pelo governo de Milei, principalmente das medidas de austeridade fiscal. 

Entre essas medidas que exerceram influência negativa nos resultados negativos do setor automobilístico, estão a interrupção na emissão de cédulas do Peso, a moeda local, e a redução na diferença entre a taxa de câmbio oficial e praticada informalmente, chamada de Dólar Blue.

Tais políticas, que visam frear a inflação, têm como efeito imediato uma queda no poder de compra da população. Consequentemente, produtos de maior valor agregado, como carros, são os que tendem a apresentar as maiores retrações em vendas. 

Tai fenômeno causa, inclusive, reflexos na indústria brasileira. Um levantamento do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) indica que as exportações para a Argentina sofreram uma queda de US$ 3,6 bilhões no primeiro semestre deste ano, em relação ao mesmo período de 2023. Percentualmente, essa redução é de 37,6%.

Somam-se às novas políticas econômicas do governo de Milei algumas questões que, historicamente, afetam a indústria automobilística da Argentina. Entre elas, está a falta de reservas cambiais, que restringe a aquisição de componentes importados para os fabricantes locais. As informações são do site Automotive Business. 

Vendas fracas e incertezas desencorajam indústria de carros 

A queda nas vendas de carros e as incertezas sobre os resultados das medidas econômicas aplicadas pelo governo fazem com que o setor automobilístico se mantenha em compasso de espera na Argentina. Para se ter uma ideia, neste ano o Grupo Stellantis anunciou investimentos de R$ 32 bilhões no Brasil; no país vizinho, porém, o conglomerado aplicará somente R$ 2 bilhões. 

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