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LISTÃO

Carros fracassados: eis 5 que só evoluíram quando já era tarde

Alguns veículos atenderam às demandas do mercado muito perto do término da produção

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Primeira geração do Peugeot 2008 não fez sucesso no Brasil
Primeira geração do Peugeot 2008 não fez sucesso no Brasil Foto: Peugeot/Divulgação

Nem sempre um produto acerta de primeira. Em diversos segmentos, a indústria precisa fazer alterações para elevar a aceitação junto ao público. Mas o caso é que esse tipo de providência não pode tardar: quando as melhorias demoram demais, geralmente é impossível mudar o rumo. E isso vale, em especial, para o segmento automobilístico. Afinal, não faltam exemplos de carros que se tornaram fracassados devido à letargia dos fabricantes para aprimorá-los. 

Fracassados, esses carros demoraram demais para evoluir

O listão de hoje é sobre esses modelos: o VRUM listou 5 veículos que saíram do mercado porque demoraram demais a atender os anseios dos consumidores. Cabe destacar que nenhum deles era ruim do ponto de vista técnico; apenas estavam em desacordo com as tendências do mercado. Confira os carros fracassados!

1- Peugeot 2008

Peugeot 2008 1.6 Griffe modelo 2020 prata de frente estático no asfalto
Peugeot 2008 recebeu discreta reestilização em 2019, já como linha 2020 Foto: Pedro Cerqueira/EM/D.A Press

Que fique claro: o texto não se refere à recém-lançada segunda geração do Peugeot 2008. O modelo em questão é o da primeira safra, que durou de 2015 até recentemente. Ele chegou ao mercado fora de sintonia com os desejos dos consumidores, já que os  conjuntos mecânicos incluíam motor 1.6 aspirado com câmbio automático de quatro marchas, nas versões de entrada, ou 1.6 turbo com caixa manual, na top de linha.

Até que a Peugeot não demorou tanto assim para substituir o câmbio automático de quatro marchas por um de seis, uma vez que isso ocorreu já em 2017. Porém, o motor turbo só ganhou esse tipo de transmissão em 2019, nada menos que quatro anos após o lançamento. Enquanto isso, diversos novos concorrentes passaram a atuar no segmento de SUVs compactos. Agora, a nova geração tenta reconstruir a imagem de fracassados que esses carros deixaram, e tem boas credenciais para isso: assista ao vídeo! 

 

2- Renault Captur

Renault Captur 1.3 turbo Iconic modelo 2022 cor champanhe de frente em movimento no asfalto
O Renault Captur foi reestilizado na linha 2022 e ganhou o novo motor 1.3 turbo Foto: Jorge Lopes/EM/D.A Press

O Renault Captur chegou ao Brasil em 2017 com uma proposta, ao menos em tese, de maior sofisticação que o Duster. O problema é que, na prática, os dois modelos se diferenciavam apenas no design e no preço: plataforma e motorização eram as mesmas, enquanto o padrão de acabamento estava no mesmo patamar. Não surpreende, portanto, que o modelo mais novo tenha sido ofuscado pelo mais antigo.

Somente em 2021, a Renault revisou os pontos fracos. Naquele ano, o Captur passou por uma reestilização e enfim recebeu um motor 1.3 turbo de 170cv. Já o interior não chegou a mudar radicalmente, mas ganhou mais capricho. O problema é que já era tarde: o SUV sai de linha no ano seguinte sem nunca decolar em vendas. Assim apesar das qualidades, passou a figurar entre os carros fracassados. 

3- Volkswagen Jetta 

VW Jetta 2.0 TSI cinza sedã quatro portas 2012 na lagoa Pampulha
Jetta de geração anterior oferecia um ultrapassado motor 2.0 de oito válvulas e 120cv nas versões de entrada Foto: Um VW Jetta 2.0 TSI Highline, ano 2012, pode ser encontrado com preços por volta de R$ 71 mil

Nenhuma das três gerações do Jetta que a Volkswagen vendeu no Brasil fez sucesso. Porém, o caso que envolve mudanças excessivamente tardias ocorreu com a segunda linhagem, de 2011. Enquanto a versão Highline, top de linha, exibia um conjunto mecânico primoroso, com motor 2.0 turbo de 200 cv, câmbio de dupla embreagem e suspensão traseira independente, o básico Comfortline trazia eixo de torção e propulsor 2.0 de oito válvulas de 120cv. 

A Volkswagen demorou para vivelar o Jetta Comfortline com a concorrência. A suspensão independente, do tipo Multilink, até passou a equipar toda a gama em 2013, mas o velho motor 2.0 de aspiração natural só saiu de cena em 2016, enfim substituído por um 1.4 turbo. Assim, durante a maior parte da trajetória, o sedan viveu uma espécie de paradoxo: era excelente na versão mais cara, mas abaixo da média na de entrada.

4- Ford Del Rey

.Ford Del Rey 1990 duas portas de frente estacionado em local asfaltado
Del Rey só ganhou motor 1.8 em 1989: sedan saiu de linha menos de dois anos depois Foto: Ford/Divulgação

É verdade que o Dey Rey teve dias de glória. O modelo impressionou quando chegou ao mercado, em 1981, graças ao acabamento caprichado e a equipamentos então inéditos no país, como vidros elétricos. Porém, a hegemonia durou pouco: os lançamentos do Chevrolet Monza, em 1982, e do Volkswagen Santana, em 1984, ambos alinhados com a indústria europeia, expuseram as limitações do sedan da Ford, que, no fim das contas, era só uma variação do Corcel II. 

A maior desvantagem em relação aos novos rivais estava no desempenho. É que o Del Rey vinha com um motor 1.6, enquanto o Monza e o Santana dispunham unidades 1.8 e, posteriormente, 2.0. A resposta veio só em 1989, coma oferta de um propulsor 1.8 oriundo da Volkswagen, que havia se associado à Ford na Autolatina. Mas era tarde demais: o sedan saiu de linha junto com a perua Belina já em 1991. 

5- Chevrolet Ipanema

Chevrolet Kadett Ipanema Station Wagon GL 1996 cinza de frente estacionada
Perua baseada no Kadett, a Ipanema não fez sucesso no Brasil Foto: Chevrolet/Divulgação

As peruas ainda tinham lugar de destaque no mercado quando a Chevrolet lançou a Ipanema, em 1989. A então novidade exibia projeto moderno, embora a traseira com um corte abrupto desagradasse parte dos compradores. O maior problema, porém, foi outro: uma mudança no gosto dos consumidores. Enquanto, nos anos de 1980, os carros de duas portas eram os queridinhos do mercado, uma rápida reviravolta fez os modelos que quatro portas caírem nas graças do público na década seguinte.

Por uma infeliz coincidência, a Ipanema chegou ao país logo antes desse fenômeno mercadológico. Com apenas duas portas, a perua logo ficou em desvantagem. A Chevrolet só esboçou reação em 1993, quando deu ao modelo carroceria de quatro portas e motor 2.0. As mudanças não surtiram efeito, e a produção chegou ao fim em 1997. Em termos de vendas, a station wagon viveu situação oposta à do hatch Kadett, no qual se baseava: ela, entre os carros fracassados: ele, apesar de sempre ter tido só duas portas, um sucesso.