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"O bolo ficou menor"

"A situação é alarmante", alerta CEO da VW em resposta à queda de vendas na Europa

A crise da Volkswagen na Europa é agravada pela queda na demanda e aumento da concorrência asiática

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O CEO do grupo Volkswagen, Oliver Blume
O CEO do grupo Volkswagen, Oliver Blume Foto: Divulgação

A crise financeira da Volkswagen na Alemanha tem se intensificado a ponto de o CEO da empresa, Oliver Blume, se pronunciar publicamente sobre a situação. Embora tenha negado a possibilidade de demissões em massa ou o fechamento de fábricas, Blume classificou a situação da companhia como "alarmante".

Em entrevista ao jornal alemão Bild, divulgada pelos colegas da Motor1.com, Blume destacou os desafios enfrentados pela Volkswagen no mercado automotivo europeu. "Estamos vendendo menos carros na Europa. Ao mesmo tempo, novos concorrentes asiáticos estão conquistando o mercado de forma avassaladora", afirmou o CEO, destacando a competição feroz que a empresa enfrenta.

O Bild utilizou uma metáfora para ilustrar a situação: "O bolo ficou menor, e há mais convidados à mesa". Diante da crise, surgiram especulações sobre o possível fechamento de fábricas ou demissões futuras, mas isso foi descartado.  

Blume, no entanto, reiterou a necessidade de ousadia para superar os desafios: "A palavra Volkswagen também contém ousadia. Precisamos ousar novamente: ousar ter sucesso."

Na última semana, o Motor1.com EUA informou que a Volkswagen planejava fechar duas importantes fábricas: a de Dresden, inaugurada em 2002 e responsável pela produção do ID.3, e a de Osnabrück, que monta o Volkswagen T-Roc Cabriolet, além dos Porsche 718 Boxster e Cayman. 

Essas ações fariam parte de um esforço maior para cortar custos. Em 2023, a Volkswagen anunciou um plano de economia de 10 bilhões de euros (aproximadamente R$ 62 bilhões) até 2026. No primeiro semestre de 2024, a empresa já havia registrado uma queda de 2,3% em suas margens operacionais.

Arno Antlitz, diretor financeiro do Grupo Volkswagen, reforçou a urgência das mudanças durante uma reunião na sede da empresa, em Wolfsburg. "Temos um, talvez dois anos para estabilizar a produção e reduzir os custos", alertou Antlitz, segundo o site Carscoops.

A crise da Volkswagen na Europa se deve, em grande parte, à queda nas vendas nos últimos anos, inclusive de modelos icônicos como o Golf, que por muitos anos liderou as vendas na região. A última vez que o Golf ocupou o topo do ranking foi em 2021, mas, desde então, as vendas têm sido superadas por veículos outros veículos e até elétricos.

Em 2023, o carro mais vendido na Europa foi o Tesla Model Y e reflete o crescente interesse por veículos elétricos no continente. Além disso, muitos países europeus oferecem subsídios e isenções fiscais para incentivar a compra de carros elétricos. No entanto, no final de 2023, o governo alemão suspendeu os subsídios para esses veículos.

A Volkswagen, por sua vez, oferece na Europa os modelos elétricos ID.4, o mais vendido de sua gama, com 59.974 unidades em 2023, além do ID.3 e ID.5. Entre os híbridos plug-in, a montadora disponibiliza versões do Golf e da nova geração do Tiguan. Porém, esses veículos ainda enfrentam dificuldades para competir com as preferências dos consumidores europeus.

Volkswagen anuncia investimento de R$ 9 bilhões e 16 lançamentos até 2028.
Volkswagen Golf R azul andando pelas ruas na Alemanha Foto: Divulgação

O modelo mais lucrativo da Volkswagen na Europa continua sendo o SUV T-Roc, que em 2023 ficou em terceiro lugar entre os carros mais vendidos no continente.

Enquanto isso, a China, que por muito tempo foi o mercado mais rentável para a Volkswagen, agora está em declínio, com uma queda de 8,2% nas vendas. Já na América do Sul, o cenário é mais promissor, com um crescimento de 15,4% registrado na região.