O transporte ferroviário no Brasil tem estado sob os holofotes, particularmente em debates recentes promovidos pela Comissão de Infraestrutura. Atualmente, menos de 20% das cargas do país são transportadas via ferrovias, enquanto as rodovias respondem por 60% dessa logística, segundo dados da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Essa discrepância levanta preocupações sobre a eficiência e a capacidade de competitividade do setor de transportes nacional.
Audiência Pública sinaliza a necessidade de avanços
Uma audiência pública recente destacou a urgência na expansão do modal ferroviário no Brasil. Na ocasião, representantes do Ministério dos Transportes, do agronegócio e de diferentes associações enfatizaram a necessidade de investimentos significativos na infraestrutura ferroviária. Leonardo Cezar Ribeiro, do Ministério dos Transportes, ressaltou que o cenário atual é promissor para novos investimentos, com o plano nacional de logística visando dobrar a participação das ferrovias na movimentação de cargas, chegando a 34% do total.
"Uma série de entregas que nós estamos promovendo no Ministério dos Transportes, incluindo viadutos que aumentam a segurança e a velocidade do transporte ferroviário", declarou o ministro.
Os dados também revelam que dos 29 mil quilômetros de ferrovias existentes, apenas 11 mil estão operacionais. Essa situação contrasta significativamente com países como os Estados Unidos, que possuem uma malha ferroviária de 295 mil quilômetros.
Impulsionando o agronegócio através das ferrovias
Elizângela Pereira Lopes, representante da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, destacou a importância das ferrovias para a eficiência do agronegócio brasileiro, especialmente nas regiões Sul e Sudeste, onde a infraestrutura é mais desenvolvida. No entanto, ela alertou sobre a ausência de trilhos nas novas fronteiras agrícolas do país.
"Não dá mais para transportar 60% de toda a carga brasileira em rodovia, tendo um potencial para utilizar outros modos, como o ferroviário", declarou Lopes.
O representante da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (ABIOVE), André Nassar, apresentou críticas à capacidade das ferrovias em acomodar a sazonalidade das cargas agrícolas, como milho e soja, que representam 20,5% do total de exportações brasileiras.
"O problema de recusa de carga ocorre geralmente no pico, evidenciando um subinvestimento das ferrovias para atender a demanda sazonal"
Desafios regulatórios e de investimento
O senador Fernando Farias, do MDB de Alagoas, apontou para a necessidade de desenvolver estratégias que viabilizem concessões na exploração da malha ferroviária, tornando o investimento no setor mais atraente e sustentável. "Uma conciliação de estocagem pode viabilizar concessões, que são muito caras."
A senadora Rosana Martinelli, autora do pedido para o debate, enfatizou a importância de melhorar a qualidade dos serviços ferroviários, criar um ambiente regulatório mais atrativo e incentivar as concessionárias a investir na infraestrutura ferroviária.
Perspectivas Futuras
O debate sobre a ampliação do transporte ferroviário no Brasil sinaliza um movimento em direção a uma logística mais eficiente e competitiva. Com propostas de aumentar significativamente a participação das ferrovias no transporte de cargas, espera-se que novos investimentos em infraestrutura e melhorias regulatórias sejam implementados nos próximos anos, beneficiando não apenas o agronegócio, mas toda a economia nacional.
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