Milhares de trabalhadores da Volkswagen entraram em greve, nesta segunda-feira (2), em diversas cidades da Alemanha. Os funcionários se organizaram para se opor aos cortes salarias impostos pela montadora, além do fechamento de fábricas na Europa. O movimento acontece após a VW anunciar que precisará adotar as medidas devido ao seu fracasso nas vendas, principalmente de carros eletrificados.
As paralisações atingiram a principal fábrica da Volkswagen, localizada em Wolfsburg e que emprega 70 mil funcionários. Além disso, outras unidades espalhadas pela Alemanha, como as de Hanover e Zwickau foram afetadas. Segundo a imprensa internacional, os funcionários estão trabalhando duas horas a menos do que o normal. De acordo com os sindicatos, este período é suficiente para afetar a produção de centenas de veículos.
A greve está marcada para acontece até terça-feira, mas pode ser ampliado. "Quanto tempo e quão intenso esse confronto precisa ser é responsabilidade da Volkswagen na mesa de negociações", disse Thorsten Groeger, que lidera as negociações em nome do sindicato IG Metall. "Qualquer um que ignore a força de trabalho está brincando com fogo - e sabemos como transformar faíscas em chamas", acrescentou.
Já para a chefe do conselho de trabalhadores da Volkswagen, Daniela Cavallo, os acionistas também devem ser responsabilizados e arcar com o prejuízo. "Exigimos que todos deem sua contribuição – a gestão e os acionistas também", disse, segundo à AFP. Cavallo, ainda, afirmou que há expectativa de uma reunião entre a direção da VW e as lideranças sindicais para a próxima semana.
????????Germans hold a funeral for Volkswagen!
— Lord Bebo (@MyLordBebo) November 25, 2024
RIP car industry pic.twitter.com/vU2nItAyiL
Na semana passada, o sindicato propôs medidas que economizariam 1,5 bilhão de euros (R$ 9,5 bilhões), incluindo a renúncia a bônus para 2025 e 2026, segundo a chefe do conselho de trabalhadores. A administração da montadora, porém, rejeitou e classificou a oferta como irrealista, ressaltando que só adiaria o inevitável.
Crise
A Volkswagen vem passando por um dos momentos mais desafiadores de sua história. A montadora viu seu lucro líquido despencar 64% no terceiro trimestre de 2024, comparado ao mesmo período do ano anterior, em um relatório divulgado pela própria marca. A empresa caiu de 4,35 bilhões de euros para 1,58 bilhão. Esse número reflete o lucro líquido, ou seja, o valor que sobra depois de todos os custos e despesas pagos.
O grande impacto vem no aumento dos carros elétricos e híbridos, especialmente de marcas chinesas, que estão conquistando uma fatia cada vez maior de mercado, tanto na Europa quanto na China, que já foi o grande trunfo da Volkswagen.
Para reagir, a Volkswagen está planejando cortes drásticos. Uma delas é o fechamento de três fábricas na Europa, o que, segundo rumores, pode resultar na demissão de 30 mil pessoas. A meta é economizar cerca de 10 bilhões de euros.