x
UAI
CONVERSAS

Após saída de Carlos Tavares, dona da Fiat e Itália buscam reaproximação

Parceria entre o grupo e o governo italiano pode trazer ganhos importantes para ambas as partes

Publicidade
Fábrica da Stellantis
Fábrica da Stellantis Foto: Divulgação

Com a saída inesperada de Carlos Tavares da Stellantis no início de dezembro, o governo italiano está agora enxergando uma oportunidade de reconstruir laços com a montadora, desde que a empresa se comprometa a preservar empregos e fábricas no país.

Nos últimos meses, as relações entre Stellantis, dona da Fiat, Jeep, Peugeot Citroën, entre outras, e as autoridades italianas não estavam boas. O grupo enfrentou críticas pela falta de clareza em seus planos industriais e pela produção local abaixo do prometido, atualmente em torno de 750 mil veículos por ano. 

Em resposta, o governo italiano chegou a negociar com montadoras chinesas, em busca de novos investimentos para o setor automotivo.

A primeira-ministra Giorgia Meloni demonstrou, no entanto, disposição para colaborar, desde que a Stellantis mostre compromisso com o mercado italiano. “Se houver uma abordagem construtiva e disposição para manter fábricas e empregos, estaremos prontos para fazer a nossa parte”, afirmou Meloni durante um evento político recente.

Essa tensão se deve, principalmente, porque a Stellantis enfrenta pressão para cumprir a promessa de construir uma fábrica de baterias na Itália. Caso a dona da Fiat não construa, ela poderá perder cerca de 370 milhões de euros (aproximadamente R$ 2,36 bilhões) em incentivos fiscais do programa europeu.

Enquanto isso, marcas antigas do grupo que estavam inativas há anos, a Autobianchi e Innocenti, podem ser requisitadas pelo governo italiano, que possui respaldo legal para reaver direitos sobre nomes que não são utilizados há mais de cinco anos.

A saída de Tavares também trouxe uma mudança no discurso do governo. O ministro da Indústria, Adolfo Urso, afirmou que agora é o momento de reforçar os interesses locais na estratégia da Stellantis. “É essencial que o novo plano industrial contemple uma Itália forte. Não há mais Tavares, que não entendeu a realidade daqui”, declarou.

Fábrica da Stellantis
Fábrica da Stellantis Foto: Divulgação/Stellantis

Essa parceria entre o grupo e o governo italiano pode trazer ganhos importantes para ambas as partes. No caso da Stellantis, o principal benefício é o acesso ao milionário do fundo europeu de recuperação pós-pandemia. 

Além disso, a boa relação com o governo italiano garante estabilidade nas operações locais. Isso é crucial para a Stellantis, já que possui fábricas importantes no país e emprega milhares de pessoas. O alinhamento com as demandas do governo pode evitar problemas burocráticos ou até sanções.

Para o governo italiano, a parceria significa garantir empregos e manter a relevância do setor automotivo no país, que sempre foi um ponto chave. Ou seja, o investimento da Stellantis em fábricas e tecnologia ajuda na economia local e evita que a produção migre para outros países, assim preservando a competitividade da Itália na indústria automotiva.

  • Confira os vídeos do VRUM nos canais do YouTube e Dailymotion: lançamentos, testes e dicas