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Em crise, Nissan pode contar com fabricante do iPhone após recusar Honda

Montadora japonesa vê suas finanças se deteriorarem e mira um acordo com a Foxconn, gigante de Taiwan que monta os aparelhos da Apple

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Logo da Nissan
Logo da Nissan Foto: Divulgação: Nissan

A Nissan está em um momento crítico. A montadora japonesa, que já foi salva da falência pela Renault em 1999, agora precisa encontrar novas formas de se manter viva. Após negociações fracassadas com a Honda para uma fusão que criaria o terceiro maior conglomerado automotivo do mundo, a Nissan pode estar perto de fechar uma parceria com a Foxconn, empresa taiwanesa conhecida por ser a principal fabricante dos iPhones da Apple.

A situação financeira da montadora tem se agravado rapidamente. Segundo o Financial Times, funcionários da Nissan afirmam que a empresa tem um prazo de 12 a 14 meses para ficar viva. O que pode deixar a montadora japonesa viva é o caixa dos EUA e Japão. Aliás, a Nissan já planeja cortes de gastos, incluindo a redução de custos em três fábricas nos EUA.

Esses cortes estariam ligados a cortar 9.000 empregos, cortar 20% da sua capacidade de produção global, além de atrasar lançamentos de novos carros. Por fim, um dos planos é vender parte das ações da Mitsubishi de 34% para 24%. 

A Nissan quase fechou uma fusão com a Honda, uma jogada que permitiria dividir custos de desenvolvimento, compartilhamento de plataformas e centros de pesquisa. Porém as negociações não avançaram. E uma nova interessada nessa novela aparece, a Foxconn, principal fabricante dos iPhone da Apple.

Segundo a Reuters, a Foxconn está aberta a comprar uma participação da Nissan. "Se a cooperação exigir (a compra de ações da Nissan), nós consideraremos", disse o presidente da Foxconn, Young Liu. O interesse da empresa no setor automotivo, é no desenvolvimento de veículos elétricos.

Nissan Kicks cinza escuro com detalhes em vermelho parado com imagens de prédios ao fundo
Novo Nissan Kicks foi apresentado em Março de 2024 em Nova York Foto: Nissan/Divulgação

Para se ter uma ideia da força da Foxconn, sua receita no terceiro trimestre de 2024 foi a maior da história, impulsionada pela demanda por servidores de inteligência artificial (IA). O faturamento foi de 1,85 trilhão de dólares taiwaneses, cerca de 57,3 bilhões de dólares – o que, convertendo para o real, chega a aproximadamente R$ 343 bilhões.

Apesar do interesse, a Foxconn não quer assumir o controle da Nissan ou se tornar uma montadora de veículos. Em vez disso, o objetivo da empresa é atuar como oferecer serviços de design, tecnologia e engenharia para veículos elétricos. 

“Comprar ações da Nissan não é nosso objetivo. Nosso foco é a cooperação”, comentou Liu, em entrevista à imprensa. Essa cooperação, no caso, que o presidente da Foxconn comentou, é em relação ao maior acionista da Nissan, a Renault, que possui 36% de ações da montadora japonesa. 

Essa fatia de ações da Renault vem diminuindo drasticamente, tomando em conta que a empresa francesa possuía cerca de 46% de cotas sob a Nissan. 

Honda e Nissan

Em dezembro de 2024, a Honda e Nissan assinaram um Memorando de Entendimento (MoU), um documento preliminar para avaliar como essa integração poderia acontecer. Mas no final, as negociações não avançaram. 

Nissan e Honda podem anunciar a fusão nas próximas semanas
Nissan e Honda podem anunciar a fusão nas próximas semanas Foto: Nissan/Divulgação

Em nota oficial, as duas empresas afirmaram que desistiram do acordo para priorizar a “agilidade na tomada de decisões em um setor automotivo cada vez mais dinâmico e desafiador”. 

A fusão ajudaria ambas a enfrentar a concorrência dos chineses, que vêm dominando o mercado de carros elétricos com preços agressivos e novas tecnologias. Mas, sem um acordo, a Nissan segue sozinha e precisa urgentemente de um plano B, já que a própria empresa disse publicamente que entrou no “modo emergência”.