A BYD prometeu que seus carros eletrificados nacionais iriam sair ainda em 2024, porém foi adiado para março de 2025 e, agora, prevê o início da produção em Camaçari (BA) só para o fim de 2025, após atrasos nas obras e denúncias de condições precárias de trabalho.
Quando a BYD fincou a pedra em Camaçari, na Bahia, em março de 2024, a expectativa era alta: os primeiros carros elétricos e híbridos nacionais sairiam da antiga fábrica da Ford no último trimestre do ano. O plano era começar com 150 mil unidades por ano, aproveitando os galpões deixados pela Ford e construindo novas instalações em um terreno de 4,6 milhões de metros quadrados.
Só que o sonho esbarrou na realidade: as obras atrasaram, e o prazo inicial foi por água abaixo. A expectativa desde o começo deste ano era que a produção iria iniciar-se em março. Agora, a previsão mais otimista é o segundo semestre de 2025, podendo escorregar pro fim do ano — um atraso de até 12 meses em relação ao plano original.
O que aconteceu para grande parte dessa demora foi as denúncias graves, em dezembro de 2024, sobre as condições de trabalho na construção da fábrica. Mais de 400 trabalhadores chineses, contratados pela terceirizada Jianjing, viviam em alojamentos improvisados, com camas sem colchões, banheiros sujos e até denúncias de agressões, segundo a Agência Pública.
O Ministério Público do Trabalho (MPT) investigou o caso, embargou parte das obras e classificou a situação como “análoga à escravidão”. A BYD reagiu rápido e anunciou um comitê de compliance com especialistas para fiscalizar o canteiro, transferiu os funcionários para hoteis com 1,3 mil quartos (capacidade pra 2,2 mil pessoas) e contratou um consórcio brasileiro para regularizar e terminar a obra. Mesmo assim, o impacto no cronograma foi inevitável.
Apesar disso, a BYD continua trabalhando para deixar a fábrica pronta e a ideia é produzir os SUVs Song Pro, Plus e Premium e os Dolphin Mini, Dolphin GS e Plus em Camaçari, pelo regime SKD (carros parcialmente montados, com carroceria pronta vindo da China) e evoluindo pro CKD, com montagem e pintura local até o fim de 2025.
A fábrica, comprada por R$ 287,8 milhões e com aporte de R$ 5,5 bilhões de investimento, ainda planeja fazer ônibus, caminhões e baterias no futuro. Os primeiros Dolphin nacionais podem até já vir com o facelift flagrado na China recentemente.
- Acompanhe o VRUM também no YouTube e no Dailymotion!