No início de 2023, a Honda do Brasil apresentou a décima primeira geração do seu tradicional sedã por aqui. Muitos fãs do modelo, que pediam pelo retorno do Civic desde o fim da produção em 2021, ficaram descontentes com a motorização híbrida e o preço superior aos 200 mil. Apesar do preço caro, o Civic ainda tem muitas qualidades e mostra o norte para a eletrificação da Honda no Brasil.
Lançado por R$ 245 mil em 2023, o preço de tabela do sedã é de R$ 265.900 segundo o site da Honda em fevereiro de 2025. Além da etiqueta de preço, nada mudou no veículo desde a apresentação.
De visual imponente, o sedã importado da Tailândia conta com linhas elegantes. Os faróis contam com tecnologia LED. As linhas são levemente mais arredondadas do que o Civic de décima geração.
Na traseira, o visual se destaca pelas lanternas de tamanho avantajado e lembram o Accord de geração anterior.
O Civic híbrido conta com 4,67 m de comprimento, 1,43 m de altura, 1,80 m de largura e 2,73 m de entre-eixos. O modelo é um pouco maior que seu tradicional rival, o Toyota Corolla, que é bem mais acessível.
O interior é bem amplo e confortável. As linhas internas são horizontais, o que ajuda a aumentar ainda mais a sensação de largura da cabine. Os bancos, revestidos em couro claro, são bem confortáveis e contam com ajustes elétricos para os ocupantes dianteiros.
O painel de instrumentos conta com 10,2”, enquanto a multimídia é de 9” e apresenta integração com Apple CarPlay sem fio, enquanto a conexão com Android Auto depende do cabo USB-A.
A tela mostra a câmera de ré e também a câmera presente no espelho retrovisor do lado direito, o já conhecido Honda Lane Watch. Apesar de ser uma função engenhosa, as câmeras apresentam uma resolução baixa, ficando muito aquém de um carro de mais de 250 mil reais.
O ar-condicionado é digital de duas zonas e merece destaque, afinal, apresenta uma ótima capacidade de refrigerar a cabine, mesmo em dias quentes. E por se tratar de um sistema híbrido pleno e robusto, o ar-condicionado funciona mesmo com o motor desligado, ao contrário dos híbridos-leves do mercado.
Entre os itens de série, vale destacar o sistema de som assinado pela Bose, freio de estacionamento eletrônico, sensores de estacionamento, piloto automático adaptativo, carregador de celular sem fio, acendimento automático dos faróis e oito airbags.
Além disso, o Civic oferece o pacote de segurança Honda Sensing, que adiciona controle de cruzeiro adaptativo com função stop and go, assistente de permanência em faixa, ajuste automático do farol.
Motorização é o ponto alto
Um dos principais destaques do Civic é justamente o conjunto mecânico híbrido e:Hev, que conta com motor 2.0 16v a gasolina de 143 cv de potência a 19,1 kgfm de torque, e um motor elétrico do tipo ‘E-CVT’, ou seja, integrado à transmissão, que entrega 184 cv e 32,1 kgfm de torque. A potência combinada, entretanto, não é divulgada oficialmente.
O sistema e:Hev busca priorizar o uso da motorização elétrica na maior parte do tempo possível. É possível dirigir alguns quilômetros em modo totalmente elétrico, entretanto, como a bateria de alta tensão conta com apenas 1,05 kWh, o motor a combustão entra em funcionamento de forma constante, justamente para recarregar a bateria.
Apesar disso, não é possível escolher um modo exclusivamente elétrico de condução, essa função está disponível somente no Accord e no CR-V, dois modelos mais caros.
No uso urbano, é facilmente possível passar dos 18 km/l de consumo, sempre com ar-condicionado ligado na menor temperatura disponível. Na estrada, sempre utilizando o conjunto de auxílios ao condutor, foi possível conseguir médias de 25 km/l, bem acima do divulgado pela fabricante.
Aceitando somente gasolina no tanque de combustível, o Civic híbrido apresenta consumo oficial de 18,3 km/l na cidade, enquanto na estrada os números caem para 15,9 km/l. Apesar de “estranho”, carros híbridos consomem menos na cidade, afinal, podem rodar mais em modo 100% elétrico e recuperam energia com as frenagens e desacelerações.
Em termos práticos, mesmo com o Civic por mais de uma semana, a preocupação de passar no posto de gasolina jamais esteve presente, mesmo com um tanque de combustível de apenas 40 litros.
Como é dirigir o Civic híbrido?
O primeiro contato foi com um carro completamente elétrico. Enquanto me habituava e ajustava a posição de dirigir, o motor a combustão entrou em funcionamento, e por ser o primeiro contato com o veículo, senti surpresa pelo som e vibração. Ao se acostumar com o Civic, essa surpresa não volta a se fazer presente.
O sistema híbrido irá priorizar utilizar o modo elétrico, o que significa que em boa parte do trajeto, o propulsor a combustão ficará desligado, a não ser que o nível de bateria esteja baixo, mas devido ao tamanho diminuto da bateria, é fácil esgotar a energia armazenada, logo, o motor a gasolina volta a ser acionado.
Em situações de aceleração, basta pisar um pouco mais no pedal da direita que o propulsor térmico também é acionado, já que a central eletrônica entende que o condutor precisa de mais potência e torque e oferece tudo que o Civic tem disponível.
Apesar de medir 4,6 metros de comprimento, o Civic é extremamente ágil na cidade e também na estrada. Realizar manobras é surpreendentemente fácil, graças ao diâmetro de giro de 11,2 metros.
Tanto na estrada quanto na cidade, o Civic apresenta um rodar macio e suave, a suspensão traseira é independente do tipo multilink e merece grande destaque, dando ao Civic um comportamento muito dinâmico.
Realizar ultrapassagens não será difícil, nem será necessário desativar o modo Eco de condução. Vale destacar que os comandos para operar e acionar os sistemas de auxílio ao condutor são bem fáceis e rapidamente é possível ajustar o piloto automático adaptativo.
Com esse assistente em funcionamento, o condutor pode reparar no fluxo de energia apresentado pela central multimídia. Nesse cenário, o motor a combustão acaba entrando em funcionamento por longos períodos e é utilizado tanto para movimentar as rodas quanto para gerar energia para as baterias.
Porém, o mais interessante da condução em rodovias do Honda Civic híbrido é perceber em quais momentos o motor elétrico é quem traciona as rodas. Mesmo em velocidades mais altas como 90 km/h e 120 km/h, desde que constantes, o carro se move apenas com energia elétrica, e isso pode ser identificado pela indicação EV no painel de instrumentos.
Conjunto mecânico com potencial
Como já mencionado, o sistema híbrido aplicado no Civic é extremamente eficiente. Seria muito benéfico para a eletrificação da frota nacional se a empresa conseguisse nacionalizar esse sistema e aplicá-lo em HR-V e no futuro WR-V.
O grande porém é que o primeiro híbrido nacional da Honda não deve chegar tão cedo, sendo aguardado somente para meados de 2028.
Mesmo que com propulsores a combustão diferentes e motor elétrico mais fraco, o consumo de combustível e funcionamento suave mostra que um norte eficiente é possível, resta saber se poderá ser aplicado em modelos mais acessíveis.
Nem tudo é perfeito
O principal empecilho do Civic híbrido é seu preço elevado, e até por isso, alguns erros passam a ser “inadmissíveis”. Após uma semana de uso, o que mais irritou no modelo foi o fato da conexão com Android Auto demandar de cabos para ser realizada, bem como o uso de entradas USB-A para realizar essa conexão.
Outro ponto que merece melhoras por parte da Honda é o conjunto de câmeras. Apesar de funcionarem muito bem, tanto a traseira quanto a do sistema Lane Watch - posicionada no espelho retrovisor direito -, a resolução do conjunto é bem pobre e poderia ser melhor, afinal, o carro está mais perto dos R$ 300 mil do que dos R$ 200 mil, e modelos como o Peugeot 2008 oferece câmeras muito melhores, e até mesmo 360º.
Apesar da Honda informar que o modelo é equipado com função tilt-down no retrovisor, na unidade testada, essa função não estava disponível.
Vale a pena?
Como produto, desconsiderando o preço, o Honda Civic híbrido é um excelente carro que vale cada centavo investido nele, principalmente se o comprador conseguir alguma promoção, uma vez que é possível encontrar unidades por cerca de 226 mil.
O problema é que por R$ 200 mil, o cliente pode levar para casa o principal concorrente, o Toyota Corolla híbrido, que apresenta uma lista de equipamentos muito similar à do Civic híbrido, bem como um Honda Accord, que pode ser encontrado com promoções agressivas, que reduzem o preço para R$ 269.900.
Justificar os quase 270 mil para comprar o Civic híbrido só faz sentido caso o cliente seja muito fiel à Honda e ao Civic e esteja procurando um carro com sistema híbrido auto recarregável, mas estará levando para casa um ótimo automóvel, apesar de pagar um pouco mais caro do que vale.
- Acompanhe o VRUM também no YouTube e no Dailymotion!