Há quem diga que fracassos fazem parte de trajetórias de sucesso. Talvez seja esse o caso da Volkswagen, que está completando 70 anos de atuação no Brasil: durante esse período, a marca alemã liderou o mercado por décadas, com carros como o Fusca e o Gol. Mas, por outro lado, não evitou algumas derrapadas, que também acabaram entrando para a história.
Carros da Volkswagen que fracassaram no Brasil
Para marcar o aniversário de 70 anos da Volkswagen no Brasil, o VRUM relembra 7 carros da marca que fracassaram no mercado. Alguns deles foram vítimas de falhas técnicas, enquanto outros tinham qualidades, mas simplesmente não caíram no gosto dos consumidores. Confira o listão!
1- Volkswagen 1.600 (Zé do Caixão)
Do ponto de vista comercial, o 1.600 foi um fracasso. O modelo teve vida curtíssima e somou apenas 24.475 unidades produzidas entre 1968 e 1970: naquele ano, a fábrica da Volkswagen em São Bernardo do Campo (SP) sofreu um violento incêndio. Como as vendas nunca haviam decolado, a multinacional simplesmente optou por não retomar a produção do sedan após a reconstrução.
Vale ressaltar que, tecnicamente, não há problema algum com o Volkswagen 1.600. Pelo contrário: ele unia a robusta mecânica do Fusca a um interior mais espaçoso e luxuoso. Mas o caso é que o design não agradou aos consumidores da época. As linhas retas fizeram o público associá-lo a um esquife, do qual as quatro maçanetas destacadas seriam as alças. Daí, surgiu o apelido de "Zé do Caixão".
2- Volkswagen Kombi a diesel
A Kombi é, por natureza, um utilitário voltado para o trabalho, que sempre teve fama de robustez. Porém, especificamente no caso das versões a diesel, lançadas em 1981, a história foi bem diferente: esses veículos até hoje são lembrados pela falta de durabilidade mecânica, já que o motor costumava fundir com baixa quilometragem.
O problema estava em uma falha de engenharia nos próprios motores, desenvolvidos a partir do 1.6 de refrigeração a líquido que equipava, na época, o Passat. Subdimensionado, o sistema de arrefecimento fazia com que a temperatura de funcionamento permanecesse constantemente alta, abreviando a via útil. A Volkswagen tirou a Kombi a diesel de linha em 1986 sem solucionar esse problema.
3- Volkswagen Pointer
Durante os anos de 1987 e 1996, a Volkswagen esteve associada à Ford no Brasil, em uma joint-venture batizada de Autolatina: dessa união, surgiram carros híbridos entre as duas marcas, entre os quais o Pointer, que utilizava a plataforma do Escort. O design era o ponto alto, com uma traseira em queda suave que era puro arrojo. Mas o hatch acabou mostrando que beleza não põe mesa.
As vendas do Pointer nunca decolaram, e a produção totalizou míseros 37 mil veículos durante três anos, de 1993 até 1996. Consta que o modelo sofreu com a concorrência interna de carros como o próprio Escort e o Golf, importado pela Volkswagen. Para efeito de comparação, o Logus, que era um sedan baseado no mesmo projeto, teve cerca de 125 mil unidades fabricadas ao longo do mesmo período.
4- Volkswagen Polo Classic
A história do Polo Classic é curiosa: informações de bastidores revelam que, em meados da década de 1990, a Volkswagen previa uma então nova geração para o Voyage enquanto desenvolvia a primeira grande renovação dos carros da linha Gol, que ficaram conhecidos como "Bolinha". Entretanto, uma disputa pessoal entre executivos resultou no cancelamento do projeto.
No lugar dele, entrou o Polo Classic, importado da Argentina. O modelo tinha qualidades, como grande porta-malas e motor em posição transversal, mas não fez sucesso. O resultado foi desastroso para a própria Volkswagen, que perdeu participação no segmento de sedãs compactos. O erro só foi corrigido em 2008, quando o Voyage retornou ao mercado.
5- Volkswagen Gol e Parati Turbo
Eis dois modelos que tinham muito potencial, mas que, na prática, se mostraram problemáticos. No ano 2000, muito antes de se falar em downsizing, a Volkswagen lançava o Gol e a Parati equipados com um potente motor 1.0 16V turbo de 112cv: ambos os carros tinham ótimo desempenho para os padrões da época e ainda apresentavam baixo consumo. Mas, então, o que houve de errado?
O problema era o eixo do comando de válvulas do motor 1.0 16V, que costumava sofrer desgaste precoce. Muitas unidades apresentaram esse defeito, e outras tantas padeceram com a falta de manutenção adequada. No fim das contas, a má fama dessas versões do Gol e da Parati acabou atingindo até os motores turbo de outras marcas, que nada tinham a ver com o caso.
6- Volkswagen Amarok
A Volkswagen tem tradição no segmento de caminhonetes compactas graças à Saveiro, que está no mercado desde 1982. Contudo, a marca alemã fracassou com a Amarok, que há anos é a menos vendida entre as picapes médias. Os resultados são tão ruins que o fabricante simplesmente desistiu de trazer a nova geração, que já existe no exterior: por aqui, o modelo atual será apenas reestilizado.
E olha que a Amarok tem trunfos, como o motor 3.0 V6 turbodiesel de 258cv, associado a um câmbio automático de oito marchas. Porém, a tração integral, que não pode ser desativada, não agrada aos picapeiros. A caminhonete também tem má fama quanto à manutenção, devido, em parte, aos casos de contaminação da correia dentada por poeira, que surgiram, em especial, nos primeiros anos de mercado.
7- Volkswagen Taos
O mais recente dos carros fracassados da Volkswagen é o Taos. O SUV médio ainda é relativamente novo no mercado, já que o lançamento data de maio 2021. Mas o caso é que, comercialmente, os dois primeiros anos não foram nem um pouco animadores: até o último mês de maio, o número total de emplacamentos não passou de 25.898.
Tecnicamente, o Taos não dá muita margem a reclamações. O motor 1.4 turbo de 150 cv tem bom desempenho e trabalha em sintonia com o câmbio automático de seis marchas. Já as suspensões, com arquitetura do tipo multilink na traseira, proporcionam rodar confortável e, ao mesmo tempo, estável. E o interior é espaçoso, mas merece acabamento mais caprichado: será isso que falta para o SUV deslanchar?
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