UAI

Nos 70 anos da Volkswagen, relembre 7 fracassos da marca no Brasil

Alguns modelos foram vítimas de falhas técnicas, enquanto outros tinham qualidades, mas simplesmente não caíram no gosto dos consumidores

Publicidade
VW Gol foi o modelo mais vendido no país no mês de novembro
VW Gol foi o modelo mais vendido no país no mês de novembro Foto: Durante quase três décadas o VW Gol foi o modelo mais vendido no país

Há quem diga que fracassos fazem parte de trajetórias de sucesso. Talvez seja esse o caso da Volkswagen, que está completando 70 anos de atuação no Brasil: durante esse período, a marca alemã liderou o mercado por décadas, com carros como o Fusca e o Gol. Mas, por outro lado, não evitou algumas derrapadas, que também acabaram entrando para a história.

Carros da Volkswagen que fracassaram no Brasil

Para marcar o aniversário de 70 anos da Volkswagen no Brasil, o VRUM relembra 7 carros da marca que fracassaram no mercado. Alguns deles foram vítimas de falhas técnicas, enquanto outros tinham qualidades, mas simplesmente não caíram no gosto dos consumidores. Confira o listão!

1- Volkswagen 1.600 (Zé do Caixão)

Volkswagen 1600 Zé do Caixão de frente em estrada de terra
Atualmente, o 1.600 tem fãs no mercado de antigos, mas foi rejeitado quando era novo

Do ponto de vista comercial, o 1.600 foi um fracasso. O modelo teve vida curtíssima e somou apenas 24.475 unidades produzidas entre 1968 e 1970: naquele ano, a fábrica da Volkswagen em São Bernardo do Campo (SP) sofreu um violento incêndio. Como as vendas nunca haviam decolado, a multinacional simplesmente optou por não retomar a produção do sedan após a reconstrução.

Vale ressaltar que, tecnicamente, não há problema algum com o Volkswagen 1.600. Pelo contrário: ele unia a robusta mecânica do Fusca a um interior mais espaçoso e luxuoso. Mas o caso é que o design não agradou aos consumidores da época. As linhas retas fizeram o público associá-lo a um esquife, do qual as quatro maçanetas destacadas seriam as alças. Daí, surgiu o apelido de "Zé do Caixão".

2- Volkswagen Kombi a diesel

Volkswagen Kombi Pickup cabine dupla bege de frente estacionada
Motor a diesel que equipou a Kombi era pouco confiável

A Kombi é, por natureza, um utilitário voltado para o trabalho, que sempre teve fama de robustez. Porém, especificamente no caso das versões a diesel, lançadas em 1981, a história foi bem diferente: esses veículos até hoje são lembrados pela falta de durabilidade mecânica, já que o motor costumava fundir com baixa quilometragem.

O problema estava em uma falha de engenharia nos próprios motores, desenvolvidos a partir do 1.6 de refrigeração a líquido que equipava, na época, o Passat. Subdimensionado, o sistema de arrefecimento fazia com que a temperatura de funcionamento permanecesse constantemente alta, abreviando a via útil. A Volkswagen tirou a Kombi a diesel de linha em 1986 sem solucionar esse problema.

3- Volkswagen Pointer

Volkswagen Pointer GTi de frente
Pointer era bonito, mas nem por isso fez sucesso

Durante os anos de 1987 e 1996, a Volkswagen esteve associada à Ford no Brasil, em uma joint-venture batizada de Autolatina: dessa união, surgiram carros híbridos entre as duas marcas, entre os quais o Pointer, que utilizava a plataforma do Escort. O design era o ponto alto, com uma traseira em queda suave que era puro arrojo. Mas o hatch acabou mostrando que beleza não põe mesa.

As vendas do Pointer nunca decolaram, e a produção totalizou míseros 37 mil veículos durante três anos, de 1993 até 1996. Consta que o modelo sofreu com a concorrência interna de carros como o próprio Escort e o Golf, importado pela Volkswagen. Para efeito de comparação, o Logus, que era um sedan baseado no mesmo projeto, teve cerca de 125 mil unidades fabricadas ao longo do mesmo período.

4- Volkswagen Polo Classic

Volkswagen Polo Classic vermelho de frente estacionado
Polo Classic esteve no Brasil entre 1996 e 2002, mas sempre vendeu pouco

A história do Polo Classic é curiosa: informações de bastidores revelam que, em meados da década de 1990, a Volkswagen previa uma então nova geração para o Voyage enquanto desenvolvia a primeira grande renovação dos carros da linha Gol, que ficaram conhecidos como "Bolinha". Entretanto, uma disputa pessoal entre executivos resultou no cancelamento do projeto.

No lugar dele, entrou o Polo Classic, importado da Argentina. O modelo tinha qualidades, como grande porta-malas e motor em posição transversal, mas não fez sucesso. O resultado foi desastroso para a própria Volkswagen, que perdeu participação no segmento de sedãs compactos. O erro só foi corrigido em 2008, quando o Voyage retornou ao mercado.

5- Volkswagen Gol e Parati Turbo

Volkswagen Parati G3 Turbo prata de frente estacionada
Parati, assim como o irmão Gol, tem ótima aceitação, menos na versão turbo

Eis dois modelos que tinham muito potencial, mas que, na prática, se mostraram problemáticos. No ano 2000, muito antes de se falar em downsizing, a Volkswagen lançava o Gol e a Parati equipados com um potente motor 1.0 16V turbo de 112cv: ambos os carros tinham ótimo desempenho para os padrões da época e ainda apresentavam baixo consumo. Mas, então, o que houve de errado?

O problema era o eixo do comando de válvulas do motor 1.0 16V, que costumava sofrer desgaste precoce. Muitas unidades apresentaram esse defeito, e outras tantas padeceram com a falta de manutenção adequada. No fim das contas, a má fama dessas versões do Gol e da Parati acabou atingindo até os motores turbo de outras marcas, que nada tinham a ver com o caso.

6- Volkswagen Amarok

Volkswagen Amarok V6 branca de frente
Amarok é a lanterna do segmento de picapes há vários anos

A Volkswagen tem tradição no segmento de caminhonetes compactas graças à Saveiro, que está no mercado desde 1982. Contudo, a marca alemã fracassou com a Amarok, que há anos é a menos vendida entre as picapes médias. Os resultados são tão ruins que o fabricante simplesmente desistiu de trazer a nova geração, que já existe no exterior: por aqui, o modelo atual será apenas reestilizado.

E olha que a Amarok tem trunfos, como o motor 3.0 V6 turbodiesel de 258cv, associado a um câmbio automático de oito marchas. Porém, a tração integral, que não pode ser desativada, não agrada aos picapeiros. A caminhonete também tem má fama quanto à manutenção, devido, em parte, aos casos de contaminação da correia dentada por poeira, que surgiram, em especial, nos primeiros anos de mercado.

7- Volkswagen Taos

Volkswagen Taos Highline de frente em movimento
Vendas do SUV médio ainda não decolaram no mercado brasileiro

O mais recente dos carros fracassados da Volkswagen é o Taos. O SUV médio ainda é relativamente novo no mercado, já que o lançamento data de maio 2021. Mas o caso é que, comercialmente, os dois primeiros anos não foram nem um pouco animadores: até o último mês de maio, o número total de emplacamentos não passou de 25.898.

Tecnicamente, o Taos não dá muita margem a reclamações. O motor 1.4 turbo de 150 cv tem bom desempenho e trabalha em sintonia com o câmbio automático de seis marchas. Já as suspensões, com arquitetura do tipo multilink na traseira, proporcionam rodar confortável e, ao mesmo tempo, estável. E o interior é espaçoso, mas merece acabamento mais caprichado: será isso que falta para o SUV deslanchar?