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A musa velocidade

Inspiração da arte de Paulo Fiote é o universo das corridas até a década de 1970. Para tornar seu trabalho mais acessível, artista passa a disponibilizar reproduções

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Foto:

Brilho no capacete do piloto e o escudo colorido da Ferrari 312 (esq.). Na litografia, técnica usada para fazer este MG, o desenho é feito invertido numa pedra para ser prensado junto com a tinta no papel (dir.)


Fiote e alguns trabalhos, agora disponíveis

O que poderia ficar gravado na cabeça de um garoto belo-horizontino apaixonado por automobilismo, que aos 14 anos estava na Pampulha com os olhos grudados na primeira Corrida do Mineirão, que aos 18 correu de kart e que depois seguiu para os enduros sobre duas rodas? Pois esse universo da velocidade é a grande inspiração do artista plástico Paulo Fiote (“ou Paulo Fiotti, fica à sua escolha”, disse ele), cujo trabalho enfeita a parede de muitos colecionadores e apreciadores de automóveis e de corridas.

Ele descreve o clima das provas do Mineirão, que tiveram início no final da década de 1960 e terminaram em 1972: “O circuito era todo aberto, segurança zero. Era fácil ter acesso aos boxes. Me lembro de assistir aos treinos e, nos dias de prova, rodar pela pista para conferir a corrida em cada curva. E não tinha muita informação. Quando parava de passar carro significava que a corrida tinha acabado”. Fiote lembra do Opala 21 de Toninho DaMatta e a trágica morte de Marcelo Campos, em seu Puma GT.

Já a experiência no kart não foi das melhores. O então piloto conta que enquanto algumas equipes gastavam no mínimo dois jogos de pneu por corrida, os dele tinham que durar quatro ou cinco. “Não tive grana para continuar”, lamenta. Depois veio a experiência com motocicletas, mas isso já é outra história.

SÓ CLÁSSICOS

Tempos de corrida do Mineirão: o Opala 21 de Toninho DaMatta foi pintado em aquarela


Os temas reproduzidos por Fiote são os clássicos das décadas de 1950, 60 e 70. Por isso, seu trabalho é baseado em fotografias. A partir daí, nem a Fórmula 1 interessa ao artista, apesar de ter acompanhado a carreira de Ayrton Senna. “Os carros atuais de Fórmula 1 são muito estreitos e compridos, não me agradam”, conta, saudoso dos carros “graciosos” da época de Emerson Fittipaldi. Segundo Fiote, toda a eletrônica atual não exige muito de quem está no volante: “Os pilotos antigos é que tinham braço, sabiam frear e acelerar”.

Obra publicitária: Williams do Piquet

TÉCNICA

O desenho sempre fez parte da vida de Fiote, “desde menino”. O artista trabalha com ilustração publicitária, chegou a cursar belas artes, tendo passado, também sem concluir, pela física e pela engenharia mecânica. A profissionalização veio depois de concluir a graduação em pintura, na Escola de Belas Artes da UFMG. “A partir daí, passei a utilizar técnicas que não conhecia. Atualmente, estou estudando gravura, também na UFMG”, conta.

O artista explica que a escolha da técnica vem do momento criativo e do resultado que você quer obter. E são várias as técnicas usadas. Mas seu trabalho está mais focado na aquarela, eleita pela fluidez, proporcionando tons amenos e também densos. Para deixar seu trabalho mais acessível, Fiote começou a disponibilizar reproduções, já que um original não é nada barato. Enquanto uma reprodução de 30cm x 40cm custa em torno de R$ 35 (mais despesas de envio), um original de tamanho similar custa cerca de R$ 2.500. O contato com o artista pode ser feito pelo e-mail paulofiote@gmail.com.