ET Bilu foi um ícone da internet brasileira, tido por alguns como uma criatura extraterrestre que se manifestou em algumas partes do Brasil. Foi também o nome escolhido para batizar a pequena aeronave construída por equipe de alunos de engenharia aeroespacial da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) para competir em um dos maiores eventos de aeronáutica nacional. O avião pesa cerca de 2,5 quilos e foi projetado para carregar cerca de 5,6 vezes seu próprio peso vazio em carga paga. “É um projeto muito sério e a escolha do nome é a única parte que dá para brincar”, conta Lucas Coelho, um dos 30 integrantes da equipe mineira Uai, Sô! Fly!!!.
Minas Gerais venceu por quatro vezes o SAE Brasil AeroDesign, competição que será realizada entre 29 de outubro e 1º de novembro, em São José dos Campos (SP). Para competir com outras 95 equipes de todo o Brasil e do exterior, o projeto vem sendo desenvolvido desde novembro do ano passado, segundo o capitão da equipe, Lucas Fonseca. Ele aposta na conquista de quatro campeonatos brasileiros e três mundiais para voltar ao pódio. “A UFMG participa do torneio desde 1999, quando houve a primeira edição da competição”, diz.
No mês passado, sob a coordenação do professor Paulo Iscold, do Departamento de Engenharia Mecânica, estudantes conceberam, projetaram e executaram o Anequim, monomotor que quebrou recordes mundiais de velocidade em cinco modalidades, na categoria FAE C1A – da Federação Aeronáutica Internacional para aviões de 300 a 500 quilos –, e entrou para a história mundial da aviação. Em uma das modalidades, o aparelho atingiu a velocidade de 521,08km/h, batendo o recorde anterior que era 466,83km/h. “Os alunos têm uma independência muito grande para realizar os trabalhos, sendo responsáveis por todos os aspectos do projeto, desde da busca de recursos, passando pelo projeto em si, até a participação na competição”, explica o coordenador.
Para o capitão Lucas Fonseca, o setor aeronáutico é caracterizado pelo emprego de produtos de alto valor agregado e tecnologias de ponta, sendo responsável por fomentar o investimento em pesquisas e atrair empresas que participam da cadeia produtiva da fabricação de uma aeronave. “Isso incentiva o investimento em melhorias de infraestrutura na região, além de criar empregos e arrecadar impostos”, acrescenta.
FOCO
No ano passado, a equipe principal do Uai, Sô! Fly!!!. ficou em 12º lugar e a Kids em 9º na competição de AeroDesign. Para este ano, os estudantes apostam em tecnologia de ponta, como fibras de carbono e kevlar, que deixam a estrutura leve e resistente, para recuperar o 1º lugar. “Sempre esperamos pelo primeiro lugar e busca por ele deve ser incansável. Se os alunos levarem isso para a vida profissional temos certeza que sempre teremos uma indústria competitiva mundialmente”, destaca Scold. “Procuramos ao máximo melhorar o processo de fabricação da aeronave em relação ao ano passado, de forma que o avião construído fosse o mais próximo possível do projetado”, conta Lucas Coelho.
Segundo o estudante, a equipe utilizou fibra de carbono e fibra de vidro para obter grande resistência da estrutura do avião sem aumentar o peso final. “É uma aeronave radio-controlada projetada para ser capaz de fazer o circuito padrão da competição de forma que carregue a maior quantidade de carga paga possível.”
Para este ano, segundo o estudante, as principais inovações são o sistema de trem de pouso e frenagem do avião. "Procuramos melhorar a capacidade de absorção de impacto da estrutura e incorporamos um sistema de frenagem ao avião para garantir que a aeronave possa parar dentro da distância estipulada pela competição", disse.
NOVIDADES PARA 2015
No evento, estão inscritos mais de 175 estudantes de engenharia de Minas Gerais que construirão 18 aeronaves radiocontroladas, capazes de transportar cargas. As 18 equipes mineiras integram as 95 inscritas nesta edição, 89 brasileiras e seis estrangeiras. Todas somam quase 1.300 participantes, entre estudantes, professores, orientadores e pilotos, que representam 71 instituições de ensino superior do Brasil (16 estados e Distrito Federal) e do exterior (Venezuela e México).
A competição abrange três categorias: Classe Regular, Classe Advanced e Classe Micro. Entre as novidades do regulamento deste ano está a distância máxima de decolagem, de 70 metros, independentemente da categoria. Antes era de 61 metros. Esse limite será usado pela primeira vez na competição, representando o maior limite de toda história da competição.
Veterana inscrita na Classe Regular, a equipe 12 Bis, da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), desenvolveu um monoplano de asa alta, empenagem em U e fuselagem trapezoidal, capaz de carregar 11,5kg de aço SAE 1045 e atingir velocidade máxima de 27m/s. Para esta competição, o avião recebeu diversas inovações tecnológicas como sistema de recarga da bateria que utiliza energia solar, sistema de segurança que evita queima de componentes elétricos durante voo e telemetria simples e de baixo custo, que foi desenvolvida pela própria equipe. “Os pontos fortes são a qualidade construtiva, a resistência e eficiência do aeromodelo”, destaca Ian Passos, estudante do sétimo período de engenharia mecânica, capitão da equipe de 15 integrantes, que alcançou o 30º lugar na edição de 2014.
Outra equipe mineira participante é formada por sete estudantes da Universidade Federal de Viçosa – Câmpus Florestal, a equipe Acauãzim volta à competição depois de conquistar a 10ª colocação da Classe Micro na edição passada. Os alunos desenvolveram uma aeronave considerada estável e estruturalmente forte, capaz de carregar 43 bolinhas de tênis e atingir velocidade de 19,4 m/s. Trata-se de um monoplano cargueiro, de asa alta e trem de pouso triciclo. “Um dos pontos fortes do nosso protótipo é a agilidade na operação de retirada de carga, que já nos rendeu menção honrosa no passado. Na competição de 2013, fomos a equipe que fez a retirada de carga no menor tempo (2,2 s). Para essa edição, aprimoramos esse dispositivo, que foi adaptado para uma aeronave com aerodinâmica mais eficiente”, comenta Túlio Victor de Oliveira, estudante do nono período de Física, capitão da equipe.
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