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Análise do Smart Fortwo MHD

Pequeno modelo de dois lugares conta com sistema que desliga o motor quando parado, economizando combustível, mas câmbio automatizado e suspensões deixam a desejar

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O Smart Fortwo tem tudo para ser o carro urbano ideal, principalmente por suas dimensões reduzidas, que o habilitam a ocupar qualquer pequena vaga de estacionamento. O modelo vem equipado com o sistema start/stop, que desliga o motor quando o carro para, e por este motivo a Mercedes-Benz estranhamente resolveu batizar a versão como micro hybrid drive (mhd), apesar de o carrinho não ser um híbrido. Porém, o câmbio automatizado de cinco marchas, que demora a pensar, e as suspensões muito duras tornam o Smart mhd um carro enjoado no trânsito, causando desconforto.

Lanternas circulares e vidro que abre para acesso ao porta-malas



Pequeno, com apenas dois lugares, fácil de estacionar em qualquer vaga e com um motor que se garante na cidade e na estrada. Visto assim o Smart Fortwo mhd 1.0 parece ser o carrinho urbano ideal, principalmente para aqueles que precisam de um transporte ágil nas grandes metrópoles. Mas na prática a situação não é tão simples assim. Apesar de estar equipado com o sistema start/stop, o pequeno se mostra um tanto quanto lerdo em determinadas situações. Conforto não é seu ponto forte, mas tem acabamento de boa qualidade e bom espaço para os dois ocupantes. O porta-malas é pequeno e parece um forno.

ESTILO O Smart Fortwo tem estilo marcante. O pequeno de duas portas é simpático, com sua frente curta e para-brisa com inclinação acentuada. Os faróis de duplo refletor têm desenho moderno e a estreita grade dianteira do tipo treliça forma um conjunto simples com as entradas de ar na parte inferior do para-choque. O modelo é oferecido sempre em duas cores, com o teto preto, portas grandes dotadas de enormes maçanetas. A linha de cintura é elevada e a traseira, curta e mais reta, com dois pares de lanternas ovais.

Motor 1.0 instalado na traseira dá conta do recado



AO CONTRÁRIO Como o Smart tem motor traseiro, na frente uma pequena tampa se abre para dar acesso aos itens de manutenção, como fluido de freio, radiador e reservatório de água do limpador de para-brisa. A tampa não é muito prática de ser retirada e recolocada. Na traseira, existe a opção de abrir somente a tampa de vidro ou a parte de baixo, que vai dar acesso a um pequeno porta-malas, que além de pouco espaço fica aquecido, pois está sobre o motor e o isolamento térmico não parece muito eficiente. O carrinho tem rodas de liga leve aro 15 polegadas, calçadas com pneus de medidas diferentes entre frente e traseira.

ESPAÇO As grandes portas do Smart facilitam o acesso ao interior, que tem bom espaço para motorista e passageiro. Atrás dos bancos existe uma discreta área para pequenas bagagens, como sacolas. A falha é que os bancos não contam com ajuste de altura, apesar de já se encontrarem em posição elevada. Eles só têm regulagem longitudinal e do encosto e são um pouco duros, mas mantêm o corpo firme no lugar em curvas. O volante também não tem ajustes, porém a pega é boa.

ACABAMENTO Mesmo mantendo uma certa distância do padrão de acabamento dos automóveis Mercedes-Benz, o do Smart não decepciona. O tecido que reveste o painel e os bancos é de boa qualidade, assim como os acabamentos de plástico e material que imita alumínio. Porém, o porta-trecos embaixo do painel e a cobertura do porta-malas fazem muito barulho, causando desconforto auditivo. O porta-luvas tem chave e a ignição fica no console central, junto ao câmbio. Ali também fica a tecla on/off do start/stop, sistema que desliga o motor quando o veículo estiver com o freio acionado e abaixo de 8km/h.

MALANDRAGEM O sistema realmente reduz o consumo de combustível e emissão de poluentes, pois toda vez que se para no sinal ou em congestionamentos o motor desliga. Depois basta tirar o pé do pedal de freio que o motor dá a partida imediatamente. Mas chamá-lo de micro hybrid drive, sugerindo que o carro é um híbrido, já é forçar a barra. O carrinho vem equipado ainda com a tradicional sopa de letrinhas, composta de controle eletrônico de estabilidade (ESP), assistência de arrancada em subidas (Hill Start), freios ABS, distribuição eletrônica de força de frenagem (EBD), controle de tração (ASR) e assistência eletrônica de frenagem (BAS).

DESEMPENHO O motor do Smart mhd é um três cilindros 1.0 a gasolina que dá conta do recado, principalmente em lugares planos. Embalado anda bem, mesmo porque o carro é bem leve. Como fica instalado na parte traseira, praticamente dentro do carro, transfere muito o ruído de funcionamento, incomodando. Mas o que atrapalha o rendimento do motor é o mal resolvido câmbio automatizado de cinco marchas. Ele demora para pensar, fazendo mudanças de marchas lentas, deixando a rotação cair. Em situações de subidas a condução torna-se muito desconfortável, com constantes trocas de marchas e trancos. As suspensões são duras e garantem boa estabilidade em curvas, mas transferem as irregularidades do solo, causando desconforto. A direção é pesada em baixa velocidade e os freios atuaram com total eficiência. O carrinho é bom mesmo para países de primeiro mundo, com cidades mais planas e pisos do tipo tapete, sem irregularidades.

Itens de manutenção são verificados na frente do carro



AVALIAÇÃO TÉCNICA
ACABAMENTO DA CARROCERIA
O vidro traseiro é basculante e independente da tampa traseira. As partes plásticas da carroceria são maioria (para-choques, portas, capô, parte das laterais traseiras e tampa traseira). A tonalidade da tinta é desigual em relação à do teto, que é em policarbonato. A tampa plástica frontal (capô) é fixada por encaixe e trava plástica, sendo de fácil furto, e são grandes as folgas fixas dela em relação à carroceria, assim como as das outras partes móveis. As portas estão desniveladas em relação à carroceria. REGULAR

Modelo tem estilo totalmente urbano e dimensões compactas



VÃO DO MOTOR
O motopropulsor está na traseira e o acesso fica abaixo do plano superior do porta-malas, que é encoberto por tampa termoacústica. Ele preenche toda a área, que é muito pequena, tornando bastante limitado o acesso a manutenção por cima. Parte do sistema de freios está na parte frontal do veículo junto com o condensador do ar-condicionado, reservatório de expansão, radiador, reservatório de esguicho etc. Os principais itens de verificação permanente têm acesso e identificação razoáveis. REGULAR

ALTURA DO SOLO
Não tem chapa protetora em aço para toda a parte inferior do motor e câmbio, que ficam na traseira. Tem chapa plástica que engloba toda a parte inferior dianteira. Não ocorreram interferências com o solo numa utilização normal no percurso
misto de provas. POSITIVO

CLIMATIZAÇÃO
Com a função ECO do motor ligado, no trânsito pesado (arranca e para), o sistema de ar-condicionado é muito prejudicado e não consegue dar a sensação de conforto, e se a opção for pela economia de combustível terá perda na climatização. É por comando manual. O sistema apresentou ótimo funcionamento, com boa vazão de ar pelos difusores frontais do painel, que tem boa angulação, rumorosidade razoável de funcionamento e está bem vedado. O tempo gasto para climatizar todo o habitáculo, que é muito pequeno, é mínimo com a função ECO desativada. A cortina que encobre o teto solar minimiza a transferência da incidência do sol na cabeça. POSITIVO

FREIOS
Devido ao projeto estrutural e arquitetura da carroceria, os pedais de freio e acelerador são diferentes do usual, pois não são do tipo suspensas com cabos e estrutura metálica de acionamento, vinculados à parte superior do painel de fogo. Estão instalados na base do assoalho e a sensibilidade de condução do veículo é alterada. O pedal de freio não tem reações imediatas e sensíveis ao menor toque, onde é necessário imprimir mais força e acostumar. No geral, apresentou bom funcionamento com reações uniformes e ABS eficiente. O sistema de freios tem função Hill Start, muito útil sobre piso inclinado. POSITIVO

CÂMBIO
A transmissão é automatizada com cinco marchas e tem a opção de troca manual sequencial na própria alavanca. A tração é traseira. A resposta em kick-down é razoável. Tem display no quadro de instrumentos informando o modo e marcha selecionada. As relações de marchas/diferencial atendem a proposta de dirigibilidade no uso misto, mas o sistema automatizado prejudica o mínimo brilho dinâmico. As trocas são lentas, com perdas da rotação do motor, além de retardo de resposta em várias situações no uso urbano, com uma topografia irregular como a de Belo Horizonte, em que o uso mais constante do kick-down é necessário e chega a incomodar. REGULAR

MOTOR
A velocidade máxima é limitada eletronicamente em 145km/h por segurança. A performance para a proposta do veículo é boa. A aceleração é razoável e as retomadas de velocidade aceitáveis. O torque e potência máxima atuam em rotações altas, 4.500rpm e 5.800rpm, respectivamente, e, ao acoplar ao câmbio, a perda no rendimento e performance (cidade/estrada) é evidente. POSITIVO

VEDAÇÃO
Boa contra água e poeira. POSITIVO

NÍVEL DE RUÍDOS INTERNO
É muito alto o nível de ruídos no habitáculo. O efeito aerodinâmico inicia-se a 100km/h e é crescente com a velocidade. NEGATIVO

SUSPENSÃO
O conforto de marcha sobre pisos irregulares é extremamente baixo, com excessiva transferência para dentro da cabine, causando muito desconforto aos ocupantes. Não absorve bem impactos normais no uso misto, em que ocorre forte batida de fim de curso. A estabilidade é boa em curvas de raio longo, feitas em velocidade mais elevada, mas nas de baixa e média, ao induzir o limite da aderência lateral, entram precocemente os sistemas eletrônicos de tração e estabilidade, deixando o veículo numa trajetória segura no contorno da curvas, atuando nos freios e na aceleração do motor. REGULAR

DIREÇÃO
A pouca distância entre-eixos proporciona um excelente diâmetro de giro de 8,75m, que tem também auxílio das rodas dianteiras. A coluna de direção é fixa, mas está numa altura boa. A velocidade do efeito-retorno é ótima. As cargas do sistema eletricamente assistido estão muito bem definidas para o uso urbano e em rodovias. POSITIVO

ILUMINAÇÃO
A bateria está instalada dentro do veículo próximo aos pés do passageiro e está encoberta por base de isopor abaixo do carpete. O sistema não tem sensor crepuscular. Os faróis têm duplo refletor, com boa eficiência no baixo e no alto, e não tem auxílio de faróis de neblina. Há ajuste manual de altura dos faróis. No teto há uma lanterna junto ao retrovisor e não há luz de cortesia. POSITIVO

LIMPADOR DO PARA-BRISA
As palhetas do para-brisa trabalham cruzadas e varrem boa área. Os esguichos com três jatos têm boa vazão e pressão, e, quando acionados, ativam automaticamente o sistema de limpeza. No vidro traseiro o sistema é também eficiente. Não tem sensor de chuva e é fácil o acesso ao reservatório de água na parte frontal da carroceria. POSITIVO

ESTEPE/MACACO
A solução desse projeto não é funcional e prática no Brasil, causando certa apreensão ao pegar uma estrada, mesmo para viagens curtas. Não tem estepe nem chave de rodas e macaco. Se um pneu furar e o furo for de até 4mm, tem um kit de avarias com sistema autocolante e compressor para recuperar o dano. Este kit fica debaixo do carpete no lado do passageiro. A operação de recuperação do furo não é simples, é demorada e nem sempre eficiente, pois após o reparo deve-se trafegar em baixa velocidade e mandar consertar/verificar em um borracheiro especializado. No caso de cair em um buraco (comum na cidade e em rodovias brasileiras) e danificar a roda/pneu, somente no reboque. Deveria ser equipado de fábrica com pneus de emergência do tipo RSC. NEGATIVO

ALARME
A porta do condutor tem opção de abertura/fechamento do vidro por sistema de um toque, mas não tem proteção antiesmagamento. A chave de ignição é codificada e tem opcionalmente proteção perimétrica das partes móveis e volumétrica dentro do habitáculo. REGULAR

VOLUME DO PORTA-MALAS
O declarado pela fábrica é de 220 litros pela norma alemã e o encontrado foi de 117 litros, com a cortina superior do porta-malas esticada e sem usar o fundo falso da porta traseira.

Porta-malas tem capacidade limitada, abaixo do declarado



Avaliação do engenheiro Daniel Ribeiro Filho, da Tecnodan

Palavra de especialista
Solução urbana inteligente e prática
DANIEL RIBEIRO FILHO ENGENHEIRO
Com as dimensões reduzidas, o modelo é imbatível em praticidade e mobilidade no uso na cidade/ estacionamento. É uma delícia de dirigir (asfalto liso e plano), com ótima habitabilidade para dois adultos. O volume do porta-malas até surpreende e resolve bem para pequenas compras e bagagens compactas inteligentes. O motor tem curva de potência/torque razoáveis, mas o tipo de câmbio homologado diminui bem o prazer na condução. É bem equipado com itens de segurança passiva, ativa e de conforto. O fato de não ter estepe neste projeto não foi de economia e sim de espaço, mas poderia vir equipado com chave de rodas, macaco e pneus especiais que rodam vazios a baixa velocidade até chegar ao borracheiro.

FICHA TÉCNICA
MOTOR
Traseiro, transversal, três cilindros em linha, a gasolina, 999cm³ de cilindrada, 12 válvulas, com potência máxima de 71cv a 5.800rpm e torque máximo de 9,3kgfm a 4.500rpm

TRANSMISSÃO
Tração traseira, com câmbio automatizado de cinco velocidades e sistema Softouch

DIREÇÃO
Do tipo pinhão e cremalheira, com assistência elétrica

SUSPENSÕES/RODAS/PNEUS
Dianteira, do tipo McPherson, com rodas independentes e barra estabilizadora; e traseira com eixo de torção/ rodas dianteiras 5,5 x 15 polegadas, 175/55 R15, e traseiras 6,5 x 15 polegadas, 195/50 R15, liga leve

FREIOS
Discos ventilados na dianteira e tambores na traseira, com sistema ABS, ESP, EBD, ASR, BAS e Hill Start

CAPACIDADES
Do tanque, 40 litros; de carga (passageiros e bagagem), 270 quilos

EQUIPAMENTOS
DE SÉRIE
Conforto/conveniência – Sistema micro hybrid drive (mhd), que desliga o motor quando o veículo estiver com o freio acionado e abaixo de 8km/h, programa de gestão automatizada da caixa de marchas (Softouch), porta-objetos nas portas e ao lado do encosto dos bancos, para-sol do passageiro com espelho, compartimento porta-objetos na tampa do porta-malas, rádio com entrada auxiliar/MP3, chave com teclas para destravamento do vidro traseiro, tampa do depósito de combustível e abertura e fechamento do veículo, indicador da temperatura exterior com aviso de formação de gelo, limpadores de para-brisa com intervalo de acionamento em função da velocidade e lavagem automática, limpador de para-brisa traseiro com acionamento automático em marcha a ré, destravamento elétrico do vidro traseiro, vidros elétricos, ar-condicionado com regulagem automática da temperatura e filtro antipólen e volante de dois raios.

Aparência – Rodas de liga leve de 12 raios aro 15 polegadas, bodypanels em preto intenso, vermelho rallye ou branco cristal, piscas laterais brancos, teto integral, capa dos retrovisores externos e grade do radiador em preto, bancos revestidos em tecido.

Segurança – Célula de segurança tridion, programa eletrônico de estabilidade (ESP), sistema antibloqueio das rodas (ABS) com distribuição eletrônica da força de frenagem (EBD), airbags dianteiros, bancos de segurança integrais, cintos de segurança com pré-tensionador e limitador de força, elementos de absorção da energia de impacto na frente e atrás, sensor de impacto para ativação dos piscas de emergência, fechamento automático das portas em movimento (drive lock), arranque assistido automático em subidas, desembaçador do vidro traseiro e regulagem manual de altura dos faróis.

OPCIONAIS
Não tem.

QUANTO CUSTA
O Smart Fortwo 1.0 MHD tem preço único sugerido de R$ 49.900.

Volante tem boa pega, mas faltam ajustes de altura e distância



NOTAS
Desempenho 7
Espaço interno 6
Porta-malas 4
Suspensão/direção 6
Conforto/ergonomia 6
Itens de série/opcionais 8
Segurança 9
Estilo 8
Consumo 9
Tecnologia 9
Acabamento 8