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Antigos do Brasil - Aperfeiçoando o imperfeito

Derivado de modelo inglês, o Dodge 1800 era a opção da Chrysler para quem queria um compacto. Anos depois do lançamento, o carro foi rebatizado de Polara, melhorando muito

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Com um grandalhão já no mercado, o Dodge Dart, a ideia da Chrysler do Brasil no início da década de 1970 era atacar o segmento dos sedãs compactos. A solução seria derivada de um modelo inglês chamado Hillman Avenger, que também foi fabricado na Argentina. O Dodge 1800, nome dado ao carrinho brasileiro, foi apresentado no Salão do Automóvel de 1972, mas lançado somente no ano seguinte. O visual estava bem de acordo com os modelos compactos que circulavam pela Europa.

A frente trazia dois pares de faróis circulares encrustados na grade preta de plástico. As luzes de direção ficavam abaixo do para-choque. Além de uma saliência central, o capô trazia vincos na junção com os para-lamas. A versão Gran Luxo tinha frisos cromados por todos os lados. As rodas, com fundo preto, tinham ar esportivo. A coluna B era esguia e a lateral com ampla área envidraçada. A tampa do porta-malas era inclinada e as lanternas traseiras pequenas e retangulares.

A Chrysler optou por não produzir no Brasil o modelo com carroceria de quatro portas, tão popular em outros países, mas pouco apreciada por aqui na época. O motor 1.8 litro tinha mais capacidade cúbica do que os concorrentes do segmento, mas nem por isso era mais potente: 78cv. A configuração trazia motor dianteiro e tração traseira. A economia de combustível também não era característica do compacto. O câmbio era de quatro marchas, com a alavanca no assoalho, e os freios dianteiros a disco.

QUEIMADO Muitos atribuem a pressa em lançar o Dodge 1800 ao fato de o modelo ter apresentado vários defeitos já em seu primeiro ano de vida. Eram problemas mecânicos, de vedação, montagem e ruídos. Mas a Chrysler estava decidida a melhorar a qualidade do Dodginho. A reação começou em 1974, com a adoção de um novo e moderno carburador, que resultou em economia de combustível e ainda deu ao motor mais 4cv. O compromisso em aperfeiçoar o modelo deu resultado e em alguns anos o carro já era um veículo de qualidade superior.

Em 1974, a Chrysler lançou a versão esportiva SE, reduzindo os cromados, substituídos por pintura em preto fosco, inclusive nos para-choques, centro das rodas pintado na cor do carro e forrações internas em xadrez. No Salão do Automóvel do mesmo ano, no estande da Chrysler, foi exibido um protótipo da perua do Dodginho, existente na Europa, mas o modelo nunca chegou às ruas brasileiras.

POLARA Já em 1976, o 1800 foi rebatizado de Polara. O novo carburador, aumento da taxa de compressão e alguns ajustes mecânicos deixaram o motor ainda mais potente, com 93cv brutos. O ano também foi marcado por discretas mudanças estéticas na grade, lanternas e suspensão traseira, que ficou mais baixa. Dois anos depois, o Polara passou por uma reformulação mais profunda. A nova frente trazia dois faróis retangulares, com as setas integradas, grade menor e lanternas maiores.

Ao mesmo tempo em que o modelo passou a oferecer como opcional o câmbio automático de quatro marchas, enquanto outros mais sofisticados tinham câmbio de três, em 1979 a Volkswagen assumiu o controle da Chrysler. No ano seguinte, o Polara recebeu ligeiros retoques, sendo a placa deslocada para cima do para-choque, que ganhou um aplique de plástico. O motor recebeu carburador de corpo duplo, que aumentou a potência para 90cv líquidos. Em 1981, a produção do modelo foi encerrada.

Protótipo da perua foi apresentado em 1974, mas nunca chegou às ruas



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