Lançado em 1956 na Europa, o Dauphine chegou ao Brasil em 1959 graças a uma associação entre a Renault (dona do projeto) e a Willys. Como seus principais concorrentes da época (Fusca e Belcar), o pequeno sedã tinha faróis circulares e linhas suaves. O veículo trazia quatro portas e seu interior acomodava, sem aperto, quatro passageiros. As janelas traseiras eram corrediças. O painel era simples, mas tinha os instrumentos básicos: velocímetro, nível de combustível e marcador de temperatura.
Localizado na parte posterior do veículo, o motor de 845cm³ de cilindrada e 26cv de potência era refrigerado a água. O câmbio trazia três marchas e a tração era traseira. Em 1960, o modelo adotou uma suspensão chamada Aerostable, que tinha a função de otimizar a estabilidade do veículo de acordo com a carga que levava. O veículo pesava 650kg e sua velocidade final era de 115km/h.
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A solução encontrada para acomodar o estepe chamava a atenção. O pneu sobressalente ficava guardado na frente do veículo, logo abaixo do porta-malas. Mas, diferente dos modelos atuais, em que é necessário tirar toda a bagagem para acessar o pneu reserva, os compartimentos eram separados e o do estepe tinha um acesso independente, por baixo do para-choque. Essa solução ainda permitia que o pneu não ficasse tão sujo, já que o espaço era fechado.
GORDINI
Em 1962 foi lançado o Gordini. Sua carroceria era igual a do Dauphine, mas por dentro o modelo recebeu reforços estruturais. O motor continuava com 845cm³ de cilindrada, mas os novos comandos de válvulas, carburador e coletores, além da taxa de compressão, lhe renderam mais potência. O câmbio era de quatro velocidades. A publicidade dizia "40HP de emoção", mas essa era apenas a nova potência bruta do carrinho, que, na verdade, ganhou mais seis cavalos, totalizando agora 32cv.
A barreira dos 40cv só seria de fato quebrada em 1964, com a chegada do Renault 1093, a versão esportiva do Gordini. O propulsor ainda era o mesmo, mas com taxa de compressão maior e carburador de corpo duplo, alcançava a potência de 42cv. O câmbio tinha relações de marcha mais curtas. Por fora, o modelo ganhou pneus radiais e teve a suspensão rebaixada. Um conta-giros foi incorporado ao painel de instrumentos.
TEIMOSO
Ainda no ano de 1964, foi lançada a versão que ficou conhecida como Teimoso. Tratava-se de um modelo extremamente simples, feito para obter benefícios fiscais e financiamento por parte do governo, uma espécie de veículo popular. E, para alcançar esse resultado um tanto "despojado", o fabricante não teve escrúpulos: cortou os cromados, calotas, marcadores de combustível e temperatura, retrovisor externo, limpador de para-brisa do lado direito e até as lanternas traseiras. Em 1965, o Dauphine saiu de linha.
O ano de 1966 seria o começo do fim para o sedã quando, depois de alguns ajustes na suspensão e mecânica, além de um "tapinha" no interior, o modelo foi apresentado como Gordini II. No ano seguinte, a Ford assumiu o controle acionário da Willys, mas não extinguiu a marca, que passou a chamar Ford-Willys. Nesse ano foi lançado o Gordini III, com lanternas maiores, novas relações de marcha e freios a disco na dianteira como opcional. O Gordini IV, em 1968, tinha como novidade apenas novas cores. Ainda nesse ano, o modelo deixou de ser fabricado.
PIADA
Talvez por suas propagandas agressivas, como os falsos "HP de emoção", o modelo foi alvo de várias piadinhas. Uma delas comparava o sedã ao leite em pó da marca Glória, que tinha o slogan "desmancha sem bater". Outra brincadeira chamava o carrinho de Modess (o absorvente feminino), já que ambos deveriam ser usados uma vez e depois jogados fora. A suspensão Aerostable também não podia ficar de fora. Os zombadores faziam um trocadilho do tipo "aerocapotable", contestando sua eficiência.
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