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Antigos do Brasil - De Belo Antônio a Vigilante Rodoviário

Apesar de ter estrelado seriado dos anos 1960, Simca Chambord tinha desempenho comparado ao do personagem de Marcello Mastroianni em filme ítalo-francês: bonito, mas impotente

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A marca francesa Simca (Société Industrielli de Mécanique et Carrosserie Automobile) chegou ao Brasil em 1958 e já no ano seguinte começou a produzir, em São Bernardo do Campo (SP), o modelo Chambord, ainda com muitos componentes importados. Com 4,75m de comprimento, nosso Simca era um carro de luxo. Elegante, o modelo tinha quatro portas, linha de cintura alta, faróis circulares integrados ao para-lama, faróis de neblina, ampla grade, muitos cromados e traseira ao estilo rabo de peixe. O câmbio de três marchas, com a primeira não sincronizada, tinha a alavanca na coluna de direção.

Confira a galeria completa do Simca Chambord e suas versões!

O motor V8 de 2.351cm³ de cilindrada, com carburador de corpo duplo, entregava apenas 84cv ao veículo, muito pouco para seus 1.215kg. O fraco desempenho lhe rendeu o apelido de Belo Antônio, alusão a um personagem vivido por Marcello Mastroianni na produção ítalo-francesa Il Bell`Antonio, de 1960, que encantava as mulheres por sua beleza, mas era impotente. O modelo também ficou famoso por sua participação na série O Vigilante Rodoviário, originalmente transmitido pela TV Tupi no início da década de 1960.

VERSÕES
O Chambord foi nacionalizado em 1961, ano em que foi lançada a versão de luxo Présidence, que trazia bancos e painel revestidos em couro, rádio, luzes de leitura e até um minibar. A característica visual mais marcante dessa versão era o estepe elegantemente fixado na parte traseira. O motor tinha dois carburadores de corpo duplo e maior taxa de compressão, que lhe rendiam 94cv de potência. Ainda nesse ano, o propulsor das duas versões passa a ter 2.414cm³ de cilindrada, chegando aos 90cv no Chambord e 105cv no Présidence. Porém, o desempenho do veículo ainda decepcionava.



No ano seguinte, a Simca apresentou a versão esportiva Rallye, com o mesmo motor da versão de luxo, que trazia duas (estranhas) entradas de ar no capô, cores vivas e mais cromados. Também em 1962, foi lançada a Jangada, uma perua rabo de peixe (!). Seu compartimento de bagagem permitia levar mais dois ocupantes em bancos que ficavam presos às laterais. O acesso às bagagens podia ser feito tanto pelo vidro quanto pela tampa do porta-malas, já que ambos podiam ser abertos independentemente. Em 1963, a Simca lançou o Alvorada, versão espartana do Chambord. Dois anos mais tarde, esta série foi rebatizada como Profissional, por ser voltada para taxistas. O câmbio passou a ter três marchas sincronizadas.

Para familias numerosas, a perua Jangada podia levar mais dois passageiros no bagageiro, totalizando oito ocupantes



Em 1964, toda a linha Simca ganhou retoques estilísticos, com o teto mais alto, vidros maiores e colunas traseiras mais largas. Essa nova linha foi identificada como Tufão, devido à chegada dos novos motores assim denominados. Eram duas opções: o de 2.414cm³ de cilindrada, com 100cv de potência, para os modelos menos sofisticados; e o de 2.505cm³, com 112cv, para as versões luxo e esportiva. Apesar das seguidas tentativas, o motor ainda deixava a desejar.

VIRADA
Mas em 1966 foi adotado o motor Emi-Sul, com câmaras de combustão hemisféricas. Este propulsor tinha os mesmos 2.414cm³ do Tufão, porém desenvolvia 140cv de potência. A chegada do novo motor e o lançamento do modelo Esplanada foi aposentando paulatinamente a família Chambord, com exceção da perua, que foi apresentada ao lado do Esplanada no Salão do Automóvel de 1966, com ligeiros retoques. Mas a história da família Esplanada será contada em outra edição desta série, que vai explorar a fase em que a Chrysler assumiu o controle da Simca do Brasil.

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Jeep Willys - Da batalha para o sertão.

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