Com a produção incentivada pelo então presidente da Volkswagen do Brasil, Rudolph Leiding, a Brasilia foi o segundo modelo com desenho 100% nacional (o primeiro foi o esportivo SP). O responsável pelas linhas modernas do compacto foi o mineiro Márcio Piancastelli, chefe de design da VW. O veículo deveria ser compacto, mas com um bom espaço interno, além de apresentar a mesma robustez e confiabilidade do Fusca. O modelo foi lançado em 1973.
Com a frente em cunha, linhas retas, grande área envidraçada e um abrupto reto na traseira, o estilo surpreendeu. A Brasilia tinha dois pares de faróis circulares emoldurados, luzes de direção integradas ao para-choque dianteiro, entradas de ar laterais, lanternas retangulares e uma grade embaixo do para-choque traseiro para esconder o escapamento. Os vidros grandes e colunas finas proporcionavam ótima visibilidade.
A opção pelo chassi do Karmann Ghia, que é mais largo que o do Fusca, possibilitou que o modelo ficasse de fato compacto e espaçoso. As dimensões da Brasilia eram as seguintes: 4,01m de comprimento, 1,60m de largura, 1,42m de altura e 2,40m de entre-eixos. Apesar de simples, o painel de instrumentos era novo e o porta-luvas não tinha tampa. Relógio e rádio eram opcionais, mas o modelo tinha desembaçador traseiro e freios dianteiros a disco de série.
O motor 1.6 alimentado por um carburador era o mesmo que equipava o Zé do Caixão e tinha 60cv brutos de potência. Com câmbio de quatro marchas, a velocidade máxima, que chegava perto dos 130km/h, deixava a desejar. Para tentar amenizar isso, em 1975 a VW oferecia a opção do motor com dois carburadores, ampliando a potência para 65cv brutos e a velocidade máxima para 138km/h. Apesar da melhoria, nos comparativos da época o desempenho do modelo nunca foi elogiado.
PERUA? Apesar de ter sido classificada pela VW como uma perua, sendo que alguns atribuem isso a um incentivo fiscal concedido na época, a Brasilia está mais para um hatch. Diferentemente da Variant, ela não tem espaço para bagagem na traseira. O modelo não tem nem bagageiro localizado atrás do banco traseiro, comum nos Volkswagens da época. Como o porta-malas dianteiro abrigava o estepe, não restavam nem 100 litros para as bagagens. Por essa total falta de talento para levar malas, o bagageiro de teto deve ter sido o acessório mais usado no modelo.
Em 1976, a VW deu um “tapa” no interior do modelo. Com predomínio do plástico preto, o painel foi redesenhado, o quadro de instrumentos tinha o fundo imitando madeira, o volante era novo, o porta-luvas recebeu uma tampa e a alça de segurança localizada em frente ao passageiro (herança do Fusca) foi retirada. Na frente do veículo, o símbolo da VW passou a vir sem os frisos que o ladeavam. Novidades também na segurança, com adoção de sistema de freio de duplo circuito e coluna de direção que não invadia o habitáculo em caso de colisão.
QUATRO PORTAS No ano seguinte, a Brasilia ganhou retoques discretos. O capô agora trazia dois ressaltos (no lugar do ressalto único central), acabamento de plástico nas extremidades dos para-choques e novas lanternas. Em 1978, o modelo quatro portas, que já era fabricado para exportação, passou a ser oferecido no mercado brasileiro. Para dar espaço para a porta traseira, a porta dianteira perdia 14 centímetros. Mas aqui o modelo só foi vendido na versão mais básica, com carburação simples, um sinal de que a VW estava mesmo de olho nos taxistas.
A versão de luxo LS, lançada em 1979, tinha interior carpetado, bancos dianteiros com apoios de cabeça, rádio e opção de interior monocromático preto e marrom. No ano seguinte, o modelo ganhou novo painel de instrumentos, feito em plástico injetado, parecido com o do Passat, além da opção de motor 1.3 a álcool (com 49cv brutos e máxima por volta dos 120km/h). Esse ano também foi marcado pelo lançamento do Gol, modelo que tiraria de vez a Brasilia de linha em 1982.
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