Depois de entrar com o Jeep Universal no mercado brasileiro em 1954, a Willys começou a diversificar sua linha, trazendo para o país dois anos depois o Jeep Station Wagon, batizado por aqui como Rural. De início, assim como o jipe, o modelo era montado com peças vindas dos Estados Unidos. Por isso, a nossa perua, que hoje seria denominada utilitário, era idêntica à americana. O motor era um seis cilindros, em linha de 2.6 litros a gasolina que rendia 90cv brutos. O câmbio tinha três marchas e a tração integral tinha a opção de reduzida.
Três anos depois do lançamento foi dado um importante passo para a nacionalização do modelo, com a adoção de um propulsor nacional. Em 1960, a Rural já era inteiramente fabricada no Brasil. Sua frente ganhou novos traços, exclusivos da Willys Overland do Brasil. A perua, que até então tinha capô alto, grade alta e para-brisa bipartido, perdeu a carinha de jipe. Os faróis circulares foram deslocados para as extremidades, o capô ficou mais baixo, a grade ficava mais horizontalizada e dividida ao meio, os para-lamas agora cobriam todo o pneu e o para-brisa era inteiriço. Esse seria o desenho básico do modelo até o fim.
Veja mais fotos da Willys Rural!
O talento para o trabalho duro era evidente, principalmente se a demanda fosse levar um grupo de pessoas por estradas difíceis. Se o problema era espaço para a carga, o banco traseiro podia ser rebatido. Em 1961, com a chegada da picape, a família ganhou um modelo com vocação exclusiva para pegar no pesado. Mas a perua também foi adotada para o uso urbano, para transportar famílias numerosas. O veículo carregava seis pessoas, mas existia a opção de adotar mais uma fileira de bancos para levar mais três ocupantes (sem muito conforto). Visando a esse tipo de uso, em 1964 foi lançada a versão 4x2, com suspensão mais confortável e voltada para o uso urbano.
CONCEITO
A Willys apresentou no Salão do Automóvel de 1962 um conceito baseado na Rural chamado Saci. Era uma espécie de jipe com distância entre-eixos maior, mais baixo e sem capota. Mas o modelo nunca chegou ao mercado. Com o passar do tempo, a Rural foi evoluindo. Em 1965, as marchas foram sincronizadas. No ano seguinte, a versão 4x4 passa a contar com a opção de roda livre. O modelo ganhou um novo painel e câmbio de quatro marchas em 1967. As mudanças estéticas foram mínimas, nada além de uma nova grade.
FORD
O ano de 1967 foi marcado pela aquisição da Willys pela Ford. Mas a Rural foi mantida em produção. Tanto que dois anos depois o modelo era vendido nas versões luxo e básica. Em 1970, a perua ganhou um novo motor, também de seis cilindros em linha, de 3.0 litros, e carburador de corpo duplo que rendia 132cv de potência bruta. Cinco anos depois houve uma nova troca do propulsor, agora com quatro cilindros, de 2.3 litros e 90cv de potência. Mas a alteração não duraria muito porque em 1977 o modelo deixou de ser produzido. A picape e o jipe ainda durariam mais cinco anos no mercado.
Leia as outras matérias da série Antigos do Brasil
Renault Dauphine - As desventuras do Leite Glória.
VW Fusca - O queridinho do Brasil.
Ford F-100 - Para o trabalho e o lazer.
Chevrolet Brasil/Amazona – Linha diversificada.
DKW Candango - A vida curta de um batalhador.
Jeep Willys - Da batalha para o sertão.
DKW Belcar - Um sedã de belas formas.
VW Kombi - Heroína da resistência.
DKW F-91 - Simpática perua.
Romi-Isetta - Carro, moto ou geladeira?.