No último ano, o Brasil bateu recorde nas vendas de carros elétricos. Segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico, a ABVE, o total de automóveis elétricos com baterias emplacados em 2022 foi de 49.245 unidades. Esse número corresponde a um aumento de 41% em relação ao ano de 2021.
O presidente da ABVE, Adalberto Maluf, comenta o cenário atual, em que mais de 124 mil modelos de carros elétricos circulam nas ruas do país.
"Vemos um crescimento constante e robusto das vendas de veículos elétricos e híbridos pelo quinto ano seguido, apesar de o Brasil ainda não ter um plano nacional de estímulos ao setor. O consumidor já percebe o elétrico como uma opção possível aos veículos convencionais"
Adalberto Maluf, presidente da ABVE
Ou seja, de comerciais leves (HEV) e híbridos plug-in (PHEV) até os totalmente eletrificados (BEV), os veículos elétricos com bateria estão cada vez mais comuns. Apesar da inovação, esses veículos trazem à tona um novo problema.
Qual é o grande problema dos elétricos?
De acordo com o professor Carlos Eduardo Canejo, coordenador do Mestrado Profissional em Ciências do Meio Ambiente da Universidade Veiga de Almeida (UVA), com a chegada do carro elétrico, o peso total de baterias elétricas utilizadas passa das 35 mil toneladas. Desse total, cerca de 30 mil toneladas correspondem a componentes já em final de vida útil, ou seja, que precisarão ser descartados em breve.
Essa é a grande questão! Diferente de países de primeiro mundo, como a Noruega, o Brasil não conta com uma regulamentação de descarte específica para essas baterias. Por isso, até o ano de 2030, o país pode receber toneladas de baterias inutilizáveis, com alto risco para o nosso meio ambiente, sem que haja uma destinação correta para esse lixo.
Pensando nisso, o carro elétrico vale ou não vale a pena?
Essa pergunta não é tão simples assim de ser respondida. Isso, porque os carros elétricos não emitem gases poluentes quando estão em uso. Por outro lado, as baterias, quando descartadas, podem ser extremamente prejudiciais ao meio ambiente. Isso acontece pela grande quantidade de substâncias químicas que estão presentes nesses componentes.
O que já tem sido feito para resolver o problema das baterias?
Atualmente, a principal alternativa para o descarte correto das baterias tem sido a devolução aos fabricantes ou importadores. Porém, há o risco de que o gerenciamento inadequado dessas baterias, por meio das empresas, possa se converter em riscos à saúde humana e ao meio ambiente.
A não regulamentação desse processo de descarte impossibilita, na prática, que essas baterias usadas sejam devidamente recicladas e reinseridas na economia, causando toneladas de lixo tóxico e sem destino no país.
Em função disso, novas estratégias precisarão ser desenvolvidas para otimizar o gerenciamento ambiental desse tipo de bateria. Só assim será possível diminuir o impacto do descarte, ao longo do tempo.
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