Luiz Eduardo Teixeira de Castro é daquele tipo de cidadão que aprecia carros e motos, mas deixa clara a sua predileção pelo VW Fusca, modelo que foi o seu primeiro carro e com o qual viveu experiências inesquecíveis. A paixão é tamanha que seu hobby principal é colecionar miniaturas do besouro.
Companheiro de todas as horas
A relação do homem com o automóvel às vezes ultrapassa os limites do imaginável e vai para outra dimensão, passando do material para o sentimental. Foi o que aconteceu com o engenheiro mecânico Luiz Eduardo Teixeira de Castro, também conhecido como Bid, que desde garoto revelava sua admiração por carros e motos. Mas quis o destino que o Fusca surgisse na vida dele como seu primeiro carro e, desde então, iniciou-se uma relação tão forte e duradoura como um casamento. Desde a década de 1970 ele já teve alguns exemplares do modelo VW, que foram fonte inspiradora para iniciar a coleção de miniaturas.
O engenheiro conta que sua história com o Fusca começou em 1970, quando comprou seu primeiro carro. “Era um modelo 1300, azul calcinha, que eu consegui capotar 16 horas depois de comprá-lo”, revela Bid. O Fusca ficou bem danificado, mas foi devidamente reformado e voltou a rodar. Mas naquela época chamou a atenção de Luiz Eduardo uma série de coincidências envolvendo o número 16. Nascido em 16 de outubro, ele começou a namorar com sua atual esposa, Sônia, no mesmo dia, e ela tinha 16 anos. A numerologia acabou influenciando e quando Bid resolveu trocar de carro, não teve dúvida em encomendar uma placa 1616.
Como não poderia deixar de ser, o novo carro era um Fusca 1300 L, amarelo, com o qual viveu sua fase boêmia da Turfamo, turma de amigos da Rua Turfa, no Bairro Prado. “O carro serviu de boate, motel e foi fantasiado para participar como destaque em um desfile de carnaval no interior. Além disso, cheguei a colocar 17 pessoas dentro dele tentando ganhar um campeonato, mas o vencedor conseguiu me superar com 20 pessoas”, revela o engenheiro. Ele lembra ainda um episódio de quando terminou o namoro com Sônia. “Ficamos separados por duas semanas e nesse período o Fusca começou a engasgar, falhando sem parar. Depois, reatamos o namoro e o problema desapareceu como num passe de mágica”, conta.
Em 1977, já casado com Sônia, Bid vendeu o Fusca amarelo e ficou com o dela, um branco, com o qual está até hoje. O carro está com 110 mil quilômetros originais e tem em seu currículo uma viagem de longas horas até Ilha Bela, no litoral paulista. “Foi na nossa lua de mel e a viagem me rendeu uma inesquecível dor no joelho”, relembra.
O Fusca branco de Bid e Sônia também já foi usado para levar uma noiva à igreja, mas, atualmente, além de ser o xodó do engenheiro, serve de transporte para o filho do casal, Lucas, 24 anos, estudante de design gráfico, que vai para a faculdade com carro. “É um veículo que nunca me deixou na mão e que eu admiro principalmente pela robustez. As despesas são só com gasolina, óleo e pneus”, afirma Bid.
MINIATURAS Os Fuscas que passaram pela vida de Luiz Eduardo o inspiraram, há 25 anos, a iniciar uma coleção de miniaturas do modelo, que fica cuidadosamente exposta em uma estante com tampa de vidro no quarto de televisão. A primeira, um Fusquinha verde que separa a carroceria do assoalho, ele pegou do sobrinho que na época tinha apenas dois anos. A maldade foi perdoada pela irmã, que sabia da paixão de Bid pelo modelo VW. Depois disso, vieram vários outros, que atualmente compõem uma coleção com cerca de 200 unidades em diferentes escalas, de 1:128 a 1:24, das marcas Hot Wheels, Schuco, Mini Champs, Jada Toys, Maisto e Johnny Lightning.
Algumas das miniaturas têm significado especial para Luiz Eduardo, como o cofre em forma de Fusca doado pela irmã. Outro Fusquinha, que tinha a carroceria vermelha, foi pintado de branco para ficar igual ao 1300 L da família, ganhando o título de Best of show. Aliás, na coleção de miniaturas, 57 são de Fuscas brancos. Outra peça de destaque na coleção é um porta-jóias em forma de Fusca, que veio junto com o anel dado à filha Camila na festa dos 15 anos. “Atualmente ela está com 28 anos, é fisioterapeuta, e o porta-jóias é peça importante na coleção”, afirma Bid. A paixão do engenheiro pelo besouro parece mesmo não ter limites e ele exibe com orgulho diplomas e certificados de participação em encontros promovidos pelo Clube do Fusca e o Fusca Clube de Minas Gerais, dos quais é sócio, além de literatura sobre o modelo.