No final de agosto, o comerciante Dirceu dos Reis Flores, dono do Posto DRP, na cidade de Ibituruna, no Centro-Oeste de Minas, ficou assustado quando um cliente, proprietário de uma Toyota Hilux 2006, lhe disse que o biodiesel não podia ser usado em sua picape. O cliente alegou que o motor do carro havia apresentado problemas no sistema de injeção em decorrência desse combustível, de acordo com o diagnóstico feito por um consultor técnico da concessionária Green Minas, de Belo Horizonte, que também disse que a Toyota não recomendava o uso do biodiesel porque o mesmo podia causar falhas no funcionamento de seus motores.
O dono do posto, que comercializa o diesel mineral com biodiesel, procurou o caderno Veículos para esclarecer o assunto. Ouvimos a montadora, que respondeu o seguinte: “A Toyota é uma das empresas que apoiam o Programa Brasileiro do Biodiesel. O uso desse combustível, conforme as especificações previstas pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), não traz qualquer problema aos veículos da marca”.
Consultores
Tentamos descobrir de onde veio a informação de que a montadora não recomendava o uso desse combustível. Um dos consultores da Green Minas disse não aconselhar o uso do diesel misturado ao biodiesel porque dois proprietários de picapes Hilux, que apresentaram problemas no sistema de injeção, haviam abastecido os veículos com esse combustível. Ou seja, sem qualquer teste ou avaliação técnica, os consultores, apenas com base no relato de dois clientes, passaram a recomendar a outros que não abastecessem com o diesel misturado ao biodiesel.
Como essa informação equivocada pode estar circulando no meio automotivo, é preciso esclarecer que a adição de biodiesel (que é extraído de plantas oleaginosas, como soja, mamona, amendoim, dendê etc.) ao diesel não traz qualquer tipo de problema aos motores. Pelo contrário, esse combustível proporciona até uma melhora no rendimento, porque funciona como um aditivo, que proporciona uma combustão mais limpa, sem fuligem. Na verdade, a adição de 2% de biodiesel somente será obrigatória a partir de 2008, mas algumas distribuidoras, como a BR, já comercializam o produto.