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Boeing 737 abandonado no Aeroporto de Confins vai a leilão

Lance mínimo é de R$ 12,7 mil e dinheiro vai ajudar a sanar dívidas da Vasp, mas até agora o Boeing teve apenas dois interessados. Equipamento foi o primeiro 737 a operar no Brasil, em 1969

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O péssimo estado da fuselagem do avião de matrícula PP-SMA não combina com a relevante história da aeronave, estacionada há quase uma década num canto do Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, na Grande BH. O jato foi o primeiro Boeing 737-200 a cortar o céu do Brasil e é ex-recordista mundial de um exemplar operado por mais tempo por uma única companhia. Por três décadas e meia, de 1969, quando foi fabricado, a 2004, ano em que fez sua última viagem, o modelo pertenceu à Vasp. Agora ele terá um novo dono: o PP-SMA será negociado num leilão que vai até o dia 30. O lance mínimo é de R$ 12,7 mil, mas seu valor de referência é de R$ 18 mil.

 

Veja mais fotos do Boeing 737-200 PP-SMA da Vasp


O dinheiro ajudará a pagar parte do passivo financeiro da Vasp – a falência da companhia foi decretada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, em 2008, e confirmada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) em junho de 2013. A dívida é estimada em R$ 5 bilhões, sendo R$ 1,5 bilhão em débitos trabalhistas. Nos últimos anos, outros aviões da empresa foram vendidos por determinação da Justiça. Sobraram 18 jatos. Desses, 17 serão leiloados a partir de hoje. Todos foram declarados “não aeronavegáveis” pelo Departamento de Aviação Civil, órgão que deu origem à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

 

Na prática, significa dizer que a frota da massa falida da Vasp é constituída de sucatas. Por isso, 16 aviões – 15 Boeings e um Airbus A300 – serão (ou já foram) desmontados para o leilão, num total de 448 toneladas. O lance mínimo de cada lote, dependendo do peso, é R$ 15 mil a R$ 60 mil. Apenas o PP-SMA, por decisão judicial, será vendido inteiro. O jato pesa 18 toneladas e caberá ao novo dono retirá-lo de Confins. “Precisamos preservar a memória da aviação nacional”, justificou o juiz Daniel Carnio Costa, da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais da comarca de São Paulo e responsável pelo processo envolvendo a Vasp.

O magistrado explicou que o leilão ocorrerá de duas formas. Até o dia 30, os interessados podem oferecer lances no site www.freitasleiloesonline.com.br. Já às 14h de 30 de setembro ocorrerá, na Casa Portugal, em São Paulo, um leilão presencial. As sucatas e o PP-SMA serão entregues àqueles que garantirem os maiores lances por meio do negócio virtual ou presencial. “O Boeing em Confins pode ser vendido por qualquer cifra, desde que não seja um valor vil. O valor de referência (R$ 18 mil) é apenas uma avaliação”, acrescentou o meritíssimo.

Novos donos
Qual será o futuro da carcaça do PP-SMA? Uma faculdade em Minas Gerais estaria interessada em comprar o jato, segundo informou uma pessoa envolvida com o leilão. Entretanto, em 2011, a TAM manifestou o interesse em adquirir a aeronave para incorporá-la ao acervo de seu museu, em São Carlos, interior de São Paulo. Em 2011, a TAM chegou a dizer que o velho Boeing já era dela e que seria tranportado ao museu.

 

Até agora, o PP-SMA teve apenas dois lances no leilão na internet, sendo o mais alto no valor de R$ 15.000, ofertado por um interessado da cidade de Vitória.

 

História

O PP-SMA foi o primeiro Boeing 737 a voar no Brasil e segundo relatos de especialistas, o primeiro da América Latina. Sua primeira aparição por aqui foi em 21 de abril de 1969 com um voo rasante no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo.

 

Ficha técnica:

 

  • Comprimento (m): 30,53
  • Envergadura (m): 28,30
  • Altura (m): 11,28
  • Motores/Empuxo: 2x motores turbofan Pratt & Whitney JT8D-17 16.000 lbs (7.257 kg) (última versão remotorizada)
  • Peso max. decol (kg): 109.000 lbs (49.442 kg)
  • VMO: 943 km/h reais - (509 nós reais) / 648 km/h indicados - (350 nós indicados)
  • MMO: .84
  • Alcance (km): 3.435
  • Tripulação técnica: 2
  • Tripulação comercial: 4 (típica)
  • Passageiros: 107 (última configuração interna)

    Ainda com a última pintura da Vasp, taxiando no Aeroporto da Pampulha, em BH, cerca de um ano antes de ser abandonado em Confins