O proprietário abre o capô, suspende a vareta do motor e tem uma surpresa desagradável: o carro está baixando óleo. E agora, o que pode ser? E o que fazer diante desse tipo de situação? O VRUM consultou um especialista e explica tudo sobre esse assunto.
Primeiramente, cabe destacar que o nível de óleo do motor pode baixar um pouco entre os procedimentos de troca. Isso é perfeitamente normal, desde que a variação seja pequena. Quem explica é Eduardo Tomanik, membro da Comissão Técnica de Motores de Ciclo Otto da Sociedade de Engenheiros da Mobilidade do Brasil (SAE Brasil).
Ele estima, nos motores atuais, um consumo normal de lubrificante entre 200ml e 300ml a cada 7.000 quilômetros, aproximadamente. Porém, Tomanik adverte que, se for necessário ficar repondo o óleo entre as trocas, é sinal de que há algo errado com o motor.
Outra dica fundamental é verificar o nível do lubrificante sempre com o veículo frio. Isso, porque depois que o motor já está aquecido, a leitura do nível do fluido não é precisa. Nas palavras do do engenheiro:
Um motorista inexperiente pode parar no posto, com o veículo quente, e ser induzido a completar o nível. Não verifique o óleo com o motor quente, somente em uma situação emergencial."
Eduardo Tomanik, engenheiro da SAE Brasil
É que, depois que o carro entre em funcionamento, o óleo circula pelas partes superiores do motor e, assim, deixa de se concentrar no cárter: isso causa, naturalmente, uma variação, que pode levar o proprietário a pensar, por engano, que o nível está baixo.
Carro baixando óleo: o que pode ser?
Uma vez descartadas as possibilidades de consumo natural ou de uma aferição incorreta, o proprietário deve investigar as possíveis causas para que o carro esteja baixando óleo. A mais elementar delas é a existência de um vazamento. Nesse caso, a dica é procurar por manchas no piso da garagem e por sinais de escorrimento no motor.
O óleo do motor pode vazar por diferentes locais e, em alguns casos, a solução é bastante simples. Uma causa relativamente comum para esse tipo de problema é o parafuso do cárter, também conhecido como bujão: se ele estiver mal-fixado ou desgastado, permitirá a saída do lubrificante.
O próprio cárter, que é o reservatório do óleo, também pode ser a causa do vazamento. Como essa peça fica na parte inferior do motor, acaba sendo mais exposta a danos por eventuais impactos contra o solo. Outro ponto comum de fuga do lubrificante é pela junta do cabeçote. Em ambos os casos, o conserto não chega a ser complexo: basta trocar o componente avariado.
O carro está baixando óleo sem vazamento? Está "fumando"?
Se o carro estiver baixando óleo, mas não houver sinais aparentes de vazamento, é sinal de que o lubrificante está sendo queimado durante a combustão. Quando isso ocorre, há maior emissão de fumaça pelo escapamento: daí, vem a expressão de que o veículo está "fumando".
A causa desse problema pode ser desgaste nos retentores ou nas sede das válvulas do motor, o que provoca vazamento de óleo para as câmaras de combustão. O resultado é justamente a queima do lubrificante junto com o combustível. A solução desses defeitos já é um pouco mais complexa e onerosa, porém, ainda em um patamar razoável.
O pior dos cenários é quando o carro está baixando óleo devido ao desgaste natural do motor, após ter rodado bastante: geralmente, isso costuma ocorrer depois dos 200 mil quilômetros. O especialista da SAE esclarece essa questão:
À medida que as peças móveis vão sofrendo desgaste natural, as folgas do motor vão aumentando: isso, após centenas de milhares de quilômetros"
Eduardo Tomanik, engenheiro da SAE Brasil
Ocorre que os componentes móveis do motor, como os pistões, vão sofrendo desgaste devido ao atrito. Quando a deterioração atinge níveis mais altos, as folgas aumentam e acabam permitindo a passagem de óleo. Diante dessa situação, a solução é uma retífica.
Uso de óleo mais "grosso"
Uma medida comum para impedir que o nível do óleo continue baixando é o uso de um produto com maior viscosidade que aquele recomendado originalmente para o carro: mais "grosso", como se diz popularmente. Muitas vezes, essa prática é suficiente para impedir a queima do lubrificante durante a combustão.
Tomanik não vê problema em utilizar óleo mais viscoso em um carro com alta quilometragem, cujo nível fica baixando. Entretanto, destaca que essa medida é apenas paliativa: mais cedo ou mais tarde, o problema voltará. A única maneira de solucionar, de uma vez por todas, tal defeito é realizando a já citada retífica do motor.
Óleo sintético ou mineral? Assista ao vídeo e tire todas as dúvidas sobre troca do lubrificante do motor:
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