O governo federal anunciou na quinta-feira (25) a redução nos impostos para deixar os carros zero quilômetro de até R$ 120 mil mais baratos no Brasil. O novo programa propõe reduzir os impostos para retornar com carros populares (um pouco) mais acessíveis à população. Com isso, o governo brasileiro pretende aumentar a venda de veículos novos e movimentar o setor automobilístico como um todo. Em entrevista coletiva, Geraldo Alckmin, Ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços anunciou que o preço dos carros pode cair de 1,5% até 10,96%.
"Vamos trabalhar para gerar empregos e ter carros mais acessíveis", disse o presidente Lula aos empresários. Pensando nisso, o plano traçado pelo ministro da Economia, Fernando Haddad, para a retomada dos carros populares, é baseado na economia e no meio ambiente. No aspecto econômico, preço e produção nacional são os principais fatores responsáveis pela mudança.
Na proposta, todos os carros zero quilômetro que custarem até R$ 120 mil nas tabelas de preços de maio terão uma redução de imposto entre 1,5% e 10,79%. A meta é que os carros mais baratos, os populares do Brasil, custem menos de R$ 60 mil. Já sobre a produção nacional, o foco no uso de autopeças fabricadas no país também pesará para definir o percentual de desconto que será dado no preço do carro.
No que diz respeito ao meio ambiente, as emissões de poluentes também serão consideradas para baratear os preços dos carros zero quilômetro no Brasil. Para retornar com os carros populares, o governo concederá redução tributária nos veículos com melhores notas na avaliação do Programa de Controle de Emissões Veiculares (Proconve). Esse órgão atribui nota a todos os carros 0km de acordo com o nível de emissão de gases poluentes.
Queda de preços no Brasil pode reduzir vendas argentinas
A notícia que traz esperança aos brasileiros não foi tão bem recebida pelos "hermanos". O incentivo aos carros populares brasileiros, feitos com peças nacionais, pode estremecer relações no Mercosul. Isso pode acontecer já que um dos fundamentos do acordo de livre comércio firmado há 32 anos era salvar a indústria automobilística da Argentina e do Brasil por meio da relação comercial entre os países.
Entre os países membros do bloco ocorre o intercâmbio de veículos isentos de tarifas e impostos independentemente da sua origem. Porém, ao conceder impostos menores a carros com mais peças brasileiras, o carro popular nacional afetará a indústria argentina de autopeças, que já foi atingida por dificuldades de acesso a insumos e fechamento de várias fábricas nos últimos anos.
Um dos exemplos de modelos afetados pela nova medida é o Peugeot 208 Like. Fabricado na Usina El Palomar, em Buenos Aires, o modelo com motor 1.0 tinha todas as condições para se tornar um dos populares preferidos dos consumidores. Porém, com a nova decisão de priorizar modelos com peças locais, a Peugeot argentina ficará em desvantagem em relação a outros rivais produzidos no Brasil, como Chevrolet Onix, Fiat Argo, Hyundai HB20 e Renault Kwid.
O mesmo impasse acontecerá com o Fiat Cronos fabricado em Córdoba, Argentina. A cidade argentina tem como principal destino de exportação o Brasil, portanto o novo plano do governo Lula poderá deixar esse comércio em desvantagem em relação aos concorrentes nacionais.
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