O mercado brasileiro de automóveis teve uma verdadeira avalanche de lançamentos em 1973, ao menos no que diz respeito aos padrões da época. Nada menos do que 5 modelos, que hoje são carros antigos desejados, surgiram exatamente naquele ano. Hoje, portanto, todos eles estão completando 5 décadas de existência.
Carros antigos nacionais fazem 50 anos
Confira, então, o listão de clássicos nacionais que são, agora, cinquentões. Alguns fizeram bastante sucesso de público, enquanto outros nem tanto... Porém, todos são carros antigos cheios de história - e de charme - nos dias de hoje.
1- Ford Maverick
Em junho de 1973, chegava ao Brasil o Ford Maverick. Hoje, ele é um dos carros antigos mais valorizados do mercado e tem status de clássico da indústria nacional. Curiosamente, porém, o modelo já foi rejeitado: quando novo, ele se mostrou um grande erro comercial.
Tudo começou ainda na época do desenvolvimento, quando a Ford realizou uma clínica (espécie de pesquisa com consumidores) para decidir qual seria o próximo produto da gama. O escolhido pelo público foi o europeu Taunus, mas, mesmo assim, o fabricante optou pelo Maverick, devido ao sistema de suspensão traseira mais simples, que resultava em menor custo de produção.
Além do mais, o Maverick comportava um motor de seis cilindros de origem Willys, que a Ford já fabricava no Brasil. E esse propulsor acabou sendo um dos motivos da rejeição ao modelo: ultrapassado já na década de 1970, apresentava baixo desempenho em relação à cilindrada e ainda bebia demais. A Ford só sanou essa falha em 1975, quando lançou um novo 2.3 de quatro pistões.
Mas era tarde demais: o Ford Maverick mal alcançou a marca de 100 mil unidades fabricadas e saiu de linha já em 1978. Por outro lado, a baixa produção, torna os poucos carros sobreviventes muito desejados no mercado de antigos. Eis alguém que ficou mais atraente aos 50 anos que na juventude, principalmente no casos dos exemplares equipados com o potente motor V8 302.
A Ford reeditou o nome Maverick em uma caminhonete: confira a avaliação!
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2- Volkswagen Brasilia
A década de 1970 foi efervescente para a Volkswagen, que desenvolveu vários veículos aqui no Brasil. Contudo, o de maior sucesso, sem dúvida, foi o Brasilia. O modelo também chegou ao mercado em junho de 1973, com a proposta de conciliar as qualidades do Fusca - robustez, facilidade de manutenção e preço acessível - a um projeto mais moderno.
O resultado era um veículo com as mesmas características técnicas do Fusca, associadas a maior espaço interno e melhor visibilidade. Deu certo: o Brasilia conquistou o consumidor e logo virou fenômeno de vendas. Do lançamento até o fim da produção, em março de 1982, mais de 1 milhão de unidades saíram da fábrica da Volkswagen em São Bernardo do Campo (SP).
Com tantos exemplares produzidos, não é difícil encontrar um Brasilia em bom estado no mercado, mesmo nos dias de hoje. Colecionadores de carros antigos da Volkswagen de outros países também demonstram interesse, especialmente entre aqueles que admiram os modelos equipados com o clássico motor boxer a ar.
3- Chevrolet Chevette
O Chevette nasceu para encarar uma missão difícil: competir contra os automóveis mais acessíveis do mercado, como o já citado Volkswagen Brasilia e o Ford Corcel. Com ele, a Chevrolet expandiria a gama, então composta pelo Opala e por utilitários, para um segmento até então inexplorado. E não é que essa estratégia se revelou certeira?
O lançamento do Chevette data de abril de 1973. Ali, começava uma trajetória que duraria 20 anos, já que o modelo só saiu de linha em novembro de 1993. Durante esse período, o pequeno da Chevrolet deu origem a uma grande família, composta pelo sedan, pelo hatch, pela perua Marajó e pela caminhonete Chevy 500. Hoje, todos eles atraem os admiradores de carros antigos.
Um capítulo curioso na história do modelo foi o lançamento da versão Junior, em 1992, equipada com motor 1.0. Com apenas 50cv de potência, o modelo tinha péssimo desempenho e durou só até o ano seguinte. O substituto foi o Corsa, que veio em 1994.
No fim das contas, o Chevette entrou para a história como um dos carros de maior sucesso da Chevrolet, com mais de 1,6 milhão de unidades produzidas no Brasil, considerando toda gama. No currículo, o veículo ainda tem a liderança de vendas no mercado brasileiro durante um único ano: 1983.
4- Dodge 1800 / Polara
O início da trajetória do Dodge 1800 no mercado brasileiro não foi fácil. Os primeiros veículos produzidos apresentaram diversos defeitos: os proprietários logo relataram falhas no carburador, na transmissão, na direção, no acabamento e até nos freios. E a culpa teria sido justamente da pressa da Chrysler, que apresentou o modelo em abril 1973, logo no início da onda de lançamentos.
Os problemas eram tantos que a novidade logo ganhou o apelido de "1800 Problemas". Felizmente, o fabricante não tardou a corrigir tais falhas. Os aperfeiçoamentos acabaram culminando na mudança de nome do modelo, que passou a se chamar Polara a partir de 1976. Dois anos depois, o Dodginho, como acabou ficando conhecido, passou por uma reestilização frontal.
A carreira do Polara terminou em 1981, após a Volkswagen adquirir as operações da Chrysler no Brasil. Atualmente, o modelo é, ao lado de outros carros nacionais na marca Dodge, como Dart e o Charger, uma verdadeira raridade no mercado de antigos.
5- Gurgel Xavante XTR
Entre todos os carros que a Gurgel desenvolveu, o Xavante merece um destaque especial. Afinal, ele deu origem à linhagem de produtos mais bem-sucedida da empresa, sob a ótica comercial. O modelo original logo evoluiu, passando a se chamar X12 já em 1975. Por fim, em 1988, ainda houve uma última troca de identidade, quando o jipinho foi rebatizado de Tocantins.
É verdade que a história do Xavante começa, mesmo, em 1971, quando a Gurgel criou o veículo para suprir às demandas do Exército Brasileiro. Porém, foi só em 1973 que apareceu a configuração XTR, mais apta à utilização civil. Surgia a aí a essência do modelo: um jipinho robusto e simples, com boa capacidade off-road e mecânica Volkswagen.
A característica mais marcante do modelo foi o Selectraction, um sistema de freio de mão independente para cada uma das rodas traseiras. Assim, o motorista podia bloquear uma delas que eventualmente começasse a girar em falso na lama ou em outro obstáculo.
A gama, desde o Xavante até o Tocantins, passando pelo X12, teve diferentes configurações, como a TR, sigla de Teto Rígido. O modelo acabou extinto praticamente junto com o próprio fabricante, em 1995. Hoje em dia, esses carros antigos são testemunhas da criatividade e da ousadia de João do Amaral Gurgel, fundador da empresa.