O Latin NCAP – entidade que realiza testes de colisão com veículos vendidos na América Latina e Caribe – não poupou críticas aos carros elétricos comercializados na região após divulgar os resultados do crash-test do JAC E-JS1, primeiro veículo elétrico testado pela entidade.
Após o compacto obter zero estrelas de cinco possíveis, a organização latino-americana classificou a segurança do modelo como "preocupante", e ainda avaliou que os padrões de segurança para carros elétricos na América Latina e no Caribe são muito fracos. "Estão pelo menos 20 anos atrás da Europa", diz o Latin NCAP.
Como são avaliados os carros elétricos
Assim como nos crash-tests feitos em veículos movidos a combustão, a avaliação de segurança dos carros elétricos também é focada em adultos, crianças, pedestres/usuários vulneráveis das estradas (VRU) e tecnologias de assistência à segurança, usando o mesmo protocolo de avaliação.
No caso dos veículos elétricos à bateria (BEV), entretanto, outros aspectos como o risco de choque elétrico e sistemas de corte de energia são avaliados. Também são checados os interruptores responsáveis por cortar a transmissão de energia elétrica em caso de emergência.
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O E-JS1, por exemplo, não cortou sua energia elétrica após o teste frontal, como deveria ter acontecido se o corte de emergência estivesse presente e funcionando corretamente. Também no impacto lateral, o sistema de corte indicou que foi ativado, mas o carro ainda estava em movimento, de modo que a bateria ainda estava conectada e funcionando.
O Latin NCAP ponderou que os carros elétricos são mais pesados, e, por isso, seus sistemas de segurança devem ser configurados com base nos valores maiores de massa. Ocorre que esse ajuste óbvio não foi encontrado durante os testes do JAC E-JS1.
Segundo a entidade, os freios e pneus também são afetados quando a massa de um veículo aumenta e o centro de gravidade muda. No entanto, a fabricante não se atentou a esses detalhes. O desgaste dos pneus durante o teste de Controle Eletrônico de Estabilidade (ESC) do JAC foi tão severo que em certo ponto a avaliação teve que ser interrompida.
"A versão elétrica do JAC EJS1 é usada como táxi no México. O Latin NCAP compartilha preocupações ambientais em todo o mundo e está alinhada com todas as iniciativas relevantes para reduzir as emissões de CO². No entanto, isso não deve ser motivo para desconsiderar a segurança dos veículos. Não deve ser uma questão de "limpo ou seguro", ambos os aspectos são relevantes e não devem competir um com o outro. Há muitos modelos no mundo inteiro que têm emissões zero e oferecem um desempenho de segurança muito melhor do que este modelo JAC".
Alejandro Furas, Secretário Geral do Latin NCAP