O mercado nacional já contou com várias opções de carros esportivos. Eles caíram no gosto do consumidor, mas venderam pouco pelo alto custo. A Volkswagen vendeu o Golf GTI até 2009, com opções de câmbio manual e automático. A procura pelo esportivo era baixa e nessa faixa de preço havia a concorrência do Honda Civic Si. Além da rivalidade com o japonês, o GTI duelava dentro de casa com o Golf GT 2.0, que, mesmo com um propulsor bem menos nervoso, já agradava por ter aparência de esportivo com preço bem mais convidativo que o GTI. A Volkswagen afirma que o Golf GTI era o carro mais potente produzido no Brasil, com 193cv. A Honda contestou o título, alegando que o Civic Si era o dono desse posto por gerar 192cv de potência com seu motor 2.0.
Veja a galeria de fotos de alguns modelos esportivos nacionais!
A Honda estava certa e a Volks foi desmascarada. O motor 1.8 turbo a gasolina de 183cv teve o software da injeção remapeado na última versão do GTI. Com isso, o sistema identificava se a gasolina era comum ou de alta octanagem. Com o combustível premium, o Golf rodava esbanjando seus 193cv. Se fosse comum, voltava aos 183cv. Desonestamente, a Volkswagen usou essa informação a favor de seu marketing, não se importando que poucos postos de combustíveis vendem gasolina de alta octanagem. O Civic contava com os 192cv abastecido com gasolina comum, que é encontrada em qualquer posto do Brasil.
Hoje, nem Civic Si nem Golf GTI são produzidos, para tristeza dos fãs de carros esportivos. O japonês ganhou nova geração no Brasil, que não conta com a versão esportiva. O Golf, já de aspecto cansado, teve a versão GTI eliminada discretamente. As opções para quem pode gastar até R$ 100 mil ficaram restritas. Mesmo restrito, esse nicho tem um público fiel, que prefere carros verdadeiramente esportivos. Se não dá para comprar um BMW M3, por exemplo, o Fiat Linea T-Jet pode suprir as vontades de ter um carro diferente dos outros.
QUEM TEM Hoje com um Fiat Punto T-Jet 2009, o designer gráfico Alexandre Perez, de 35 anos, tem histórico com carros de alto desempenho. O primeiro foi um Gol GTI 1991. O compacto da Volks usava o mesmo motor AP 2000 do Santana, que rendiam bons 120cv de potência. Perez teve, ainda, um Tempra Turbo 1996, um Audi A3 Turbo de 150cv ano 2000 e um Marea Weekend Turbo 2007. A perua da Fiat foi um de seus preferidos. O motor 2.0 Turbo entregava 182cv, sendo o carro nacional mais rápido na época. Depois do Marea veio o Punto T-Jet 2009. “Esse eu só troco por outro igual”, disse o designer gráfico.
O temperamento forte foi o que seduziu Perez e também o bancário Nelson Karaim, de 46, hoje proprietário de um Fiat Linea T-Jet 2009. A paixão pelos esportivos nasceu há muitos anos, quando comprou um Ford Escort XR-3, 1993. Depois passou a dirigir um Marea Turbo 1999 e hoje tem o Linea. “Sempre procuro carro com motor turbo, pois são os mais fortes, têm arrancada e dão segurança em estradas”, afirma.
Atualmente, apenas a Fiat alimenta esse nicho com a linha T-Jet, composta pelos hatches Punto e Bravo e pelo sedã Linea.
Veja a galeria de fotos do Fiat Bravo T-Jet!
OPÇÕES ATUAIS Com visual indiscutivelmente esportivo, a linha T-Jet da Fiat se mantém no mercado com um público fiel. São pessoas que buscam carros diferentes, quase exclusivos, e que tiveram alterações mecânicas.
O Bravo, por exemplo, chegou em agosto do ano passado apostando no Overbooster. Pressionando a tecla no painel, a pressão do turbo sobe de 0,9 para 1,3bar, deixando o hatch ainda mais arisco. A versão T-Jet corresponde a 10% do mix de produção do Bravo. O irmão menor, o Punto, gera grandes emoções utilizando o mesmo motor do Bravo, 1.4 16V Turbo, de 152cv de potência. Com 140kg a menos que o Bravo, o Punto T-Jet dispensa o 'OVB' para confirmar seu temperamento esportivo e o câmbio é de cinco velocidades, e não de seis, como no Bravo T-Jet. A versão mais apimentada do Punto é responsável por 4% do total de unidades do hatch produzidas pela Fiat em Betim.
Já o sedã Linea T-Jet conta com o mesmo conjunto mecânico do que equipa o Punto e nessa configuração representa 5% da produção do modelo.
Aceleração até 100 km/h (segundos)
Honda Civic Si – 6,7s
Fiat Marea Turbo – 7,3s
Volkswagen Golf GTI – 7,8s
Fiat Tempra Turbo – 8,2s
Fiat Uno Turbo – 8,9s
Fiat Bravo T-jet – 9s
Fiat Punto T-jet – 9s
Fiat Linea T-jet – 9,9s
Memória
Esportivos de outras épocas
O primeiro turbo original de fábrica do Brasil foi o Fiat Uno, em 1994. Com motor 1.4 i.e de 118cv, chegava aos 100km/h em 9,2 segundos e atingia 195km/h de velocidade máxima.
Um ano depois o Uno, a Fiat apresentou o Tempra Turbo. Foi lançado como um legítimo esportivo, com carroceria duas portas. O motor 2.0 Turbo, que gerava 165cv, continuou na versão Stile em 1998. No ano seguinte, já com o Tempra fora de linha, a Fiat mostra o carro mais veloz do Brasil. O reinado do Marea Turbo durou até 2003, quando a Volks trouxe o Golf VR6. O Fiat contava com motor 2.0 de cinco cilindros, que chegava aos 182cv de potência.
Em 1995, o consagrado Gol 'bolinha' ganhou sua versão apimentada. Com motor 2.0 16V, ele rendia 141cv. Em 1998, passou a ter carroceria quatro portas e sobreviveu ainda na terceira geração do Gol.