Acompanhe também o Vrum pelo Twitter
De Indaiatuba, SP - Ao confirmar a produção do novo Chevrolet Camaro, em novembro de 2006, o então chefão do grupo General Motors, Rick Wagoner, afirmou que o carro era uma evidência de que a companhia não estava no fim em termos de criatividade. Esse tom de renascimento também pode ser aplicado por aqui. No Brasil, a GM não pretende vender grandes volumes do Camaro como nos EUA, em que alcançou 60 mil vendas em 2009, mesmo que tenha assegurado 450 encomendas em um mês. A missão tupiniquim é outra: dar um novo verniz à gama e atrair cliente às lojas. Veja a galeria de fotos do Chevrolet Camaro
O muscle car vindo do Canadá é equipado com motor V8 6.2 L99, utilizado na versão com câmbio automático sequencial de seis marchas. Trata-se de uma derivação do LS3 utilizado pelo Camaro SS manual. Perde-se em rendimento, com 406cv a 5.900 rpm e 56,7kgfm a 4.300rpm, contra 432cv e 58kgfm. A vantagem está na desabilitação de quatro cilindros em baixa aceleração e rotações moderadas. Isso não o torna frugal, porém alivia a sede declarada em 6,9 km/l na cidade e 10,8 km/l na estrada de gasolina premium, a recomendada.
HOT WHEELS O Camaro é parrudo, o que esconde os seus 4,83metros de comprimento, 1,92m de largura, 1,37m de altura e 2,85m de entre-eixos e lhe empresta proporções de miniatura da Hot Wheels, semelhança incrementada pelas rodas aro 20 com pneus 245/45 na frente e 275/40 atrás. Do modelo original de 1967 veio a dianteira ligeiramente curvada ao centro, com grade e faróis incrustados em um recorte que mais se assemelha a um sorriso sinistro. A agressividade é realçada pelo capô com seção central elevada, pela reduzida área envidraçada e pelos para-lamas traseiros mais altos do que a linha de cintura. As lanternas são duplas como no Corvette e o para-choque ostenta uma imitação de extrator, um enfeite, diferentemente das saídas de escape, que amplificam o exaltado som do motor.
As raízes são evocadas também no interior, que exibe em copos quadrados o velocímetro e o conta-giros. O ambiente de cockpit é simulado pelo contorno do painel por uma faixa colorida, que vai até as portas, delineada por uma fileira de LEDs. O acabamento é de carro acessível no país de origem: dos porta-copos fincados no console aos plásticos rígidos, cuja falta de requinte é amenizada pela construção impecável e pelo desenho esmerado. A moda faz suas vítimas, entre elas a visibilidade externa, o banco de trás e o porta-malas. O carro pode atrair olhares de fora, mas será difícil de ver quem vai lá dentro, o que dificulta manobras. Qualquer adulto penaria atrás com o assento colocado em posição mais alta que as poltronas dianteiras, essas sim full-size, o que reduz mais o espaço para as cabeças, que já não têm encostos. O porta-malas é raso e sofre com a boca alta e estreita, mas o volume de 320 litros pode ser ampliado com o rebatimento do banco.
Se falta espaço interno, há muitos itens de série. Alguns previsíveis, como ar-condicionado com duas zonas, trio elétrico, banco elétrico do motorista e revestimentos em couro. O que salta aos olhos é o HUD, o Head-Up Display, projeção holográfica do velocímetro e do conta-giros no para-brisa ? contraponto aos pouco visíveis reloginhos no console que mostram a voltagem da bateria, pressão e temperatura do óleo e do fluido de transmissão. Há também freios ABS com EBD, controles eletrônicos de tração e de estabilidade e seis airbags. Mas ficam de fora faróis de xenônio e teto solar, disponíveis lá fora. É possível personalizar o carro com faixas decorativas, tampa do tanque em aço escovado, grade e tampa do motor colorida, que não abafa os sentidos do V8. São dois anos de garantia, com trocas gratuitas de filtros de óleo e de ar-condicionado, lubrificantes e até palhetas do limpador. Mais um ingrediente de sedução.
Mito na pista
Para europeizar o Camaro, a GM adotou requintes como pinças da italiana Brembo nos discos ventilados nas quatro rodas. A plataforma utilizada é a mesma do Omega australiano, vendido no país. As suspensões são do tipo multilink nas quatro rodas e largas barras estabilizadoras, com altura de rodagem de viáveis 15,6 cm. No curtíssimo teste, que envolveu poucas retas e travados trechos de slalom demarcados por cones em circuito fechado, o Camaro desmentiu o porte avantajado e o peso de 1.755kg.
Sem inclinar em curvas ou afundar em frenagens, a suspensão permitiu abusos e salvou os cones, o que mostra que nem tudo é um quarto de milha. Os largos pneus estendem os limites, enquanto a direção tem peso correto e reações previsíveis. Mérito da divisão de peso de equilibrados 52% na dianteira e 48% na traseira. Na hora de acelerar, o 6.2 de comando simples entrega as suas credenciais prontamente, sem invadir o habitáculo. As trocas podem ser feitas também manualmente. Curiosamente, o modelo possui borboletas falsas no volante de três raios, já que os botões de mudança ficam escondidos atrás. A arrancada até os 100 km/h é declarada em 4,8 segundos. O modelo será vendido na Europa a partir de 2011 ? a última geração havia sido exportada sem sucesso. Até a velocidade máxima limitada a 250 km/h parece mais apropriada para as estradas alemãs, e não para os limites draconianos dos Estados Unidos.
O jornalista viajou a convite da General Motors do Brasil