No último dia 13 de julho, o Latin NCAP divulgou os resultados do crash test realizado com o novo Citroën C3. O hatch compacto tirou nota zero: não recebeu estrela alguma, das cinco possíveis, na avaliação. Neste ponto, vale destacar que o nacional é totalmente diferente do similar vendido na Europa. Lá, onde os carros têm mais itens de segurança, o modelo faturou quatro estrelas do Euro NCAP.
Lamentavelmente, essa situação não é exclusiva do Citroën C3: outros carros também apresentam menos equipamentos de segurança nas versões vendidas por aqui. Será que, para os fabricantes, as vidas dos motoristas brasileiros valem menos que as dos europeus?
Testes provam: carros têm menos segurança no Brasil
O VRUM listou 5 carros que são mais inseguros no Brasil que em países da Europa. O critério é o resultado em crash testes realizados pelo Latin NCAP, com modelos locais, e pelo Euro NCAP, com os similares comercializados naquele continente. Confira!
1- Citroën C3
No Brasil, o Citroën C3 traz unicamente os equipamentos de segurança exigidos por lei. Mesmo nas versões mais caras, há apenas airbags frontais, controle de estabilidade e fixação Isofix para cadeirinhas infantis. E só: não há airbags frontais ou laterais, pré-tensionadores nos cintos ou, pasme, nem mesmo barras de proteção nas portas.
E é justamente a ausência desses itens que causou a reprovação do Citroën C3. O Latin NCAP considerou a proteção fraca na região do peito do motorista e marginal para o peito do passageiro da frente. No crash test lateral, o resultado foi ainda pior: diante dos resultados, a prova de impacto contra poste sequer foi realizada. Por fim, a estrutura do veículo foi considerada instável.
Nenhum desses problemas ocorreu com o Citroën C3 europeu, que traz todos os equipamentos que o nacional fica devendo. No velho continente, o modelo tem seis airbags (frontais, laterais e do tipo cortina), barras de proteção e cintos com pré-tensionadores. Aliás, todo o projeto do veículo é bastante diferente, o que fica evidente no design: não por acaso, lá não houve instabilidade estrutural.
Assista ao vídeo com o crash test do Citroën C3:
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2- Renault Duster
O caso do Renault Duster é diferente em relação aos do Citroën C3. Isso, porque o modelo nacional tem projeto idêntico ao do Europeu. Aliás, quase: a distinção está nos equipamentos. Enquanto o SUV brasileiro vem com somente com os dois airbags frontais na versão de entrada Iconic, o similar fabricado no velho continente pela Dacia traz bolsas laterais e do tipo cortina em toda a gama.
E olha que o Duster Europeu não obteve resultado brilhante no crash test. Pelo contrário: recebeu três estrelas do Euro NCAP. A nota medíocre foi fruto de fragilidades na estrutura e da ausência de sistemas de manutenção de faixa e de frenagem automática. Ainda assim, o resultado foi muito melhor que o do similar nacional, que teve a nota rebaixada de quatro estrelas para zero após uma mudança de protocolo.
3- Volkswagen Polo
Em comparação aos demais carros do listão, até que o Volkswagen Polo não se saiu tão mal nos testes de segurança: recebeu três estrelas do Latin NCAP. O caso é que o similar produzido na Alemanha ganhou nota máxima (cinco estrelas) do Euro NCAP. E tal diferença, novamente, vem do pacote de equipamentos, já que o hatch nacional oferece só quatro airbags em todas as versões, enquanto o europeu tem seis.
Vale lembrar que, no passado, a Volkswagen chegou a oferecer os airbags do tipo cortina para o Polo, mas cortou esses equipamentos a partir da linha 2023. Desde então, há apenas bolsas frontais e laterais. Ao menos, do ponto de vista estrutural, os dois modelos apresentaram resultados semelhantes.
4- Hyundai HB20
Talvez você não saiba, mas o HB20 é produzido unicamente no Brasil, sendo que as vendas restringem-se a países da América Latina. Entretanto, a Hyundai comercializa um produto de proposta semelhante no restante do mundo: é o i20. Adivinhe qual dos dois carros têm mais segurança: sim, o hatch lá de fora, que ganhou quatro estrelas no último ensaio, feito em 2021. Por sua vez, o produto local tirou nota zero.
É verdade que o HB20 merece uma colher de chá, já que, quando foi testado pelo Latin NCAP, algumas versões dispunham apenas dos dois airbags frontais. Desde o ano passado, a gama passou a vir de série também com as bolsas laterais e do tipo cortina desde a opção básica. Mesmo assim, o i20 vai além, ao oferecer itens como frenagem automática e alerta de mudança involuntária de faixa em toda a linha.
5- Peugeot 208
Outro dos carros que têm pacote de equipamentos de segurança mais generoso no exterior que no Brasil é o Peugeot 208. E isso, claro, fica visível nos resultados dos crash tests: o Euro NCAP deu quatro estrelas ao modelo de lá, mas o Latin NCAP avaliou o similar local com apenas duas. Por aqui, a gama tem quatro airbags, ante seis no similar vendido no velho continente.
O Peugeot 208 comercializado por aqui até já teve seis airbags nas versões top de linha Allure e Griffe, mas ambas deixaram o portfólio da marca. É possível que elas voltem nos próximos meses, acompanhadas de um inédito motor 1.0 turbo.
Bônus: Ford Ka
O Ka entrou como bônus porque está fora de linha no mundo inteiro. No Brasil, a produção chegou ao fim em janeiro de 2021, quando a Ford fechou as fábricas de Camaçari (BA) e de Taubaté (SP). Contudo, antes sair do mercado, o modelo passou por crash tests do Euro NCAP e do Latin NCAP. No primeiro, recebeu três estrelas; no segundo, tirou nota zero.
Quem apostou que o Ka europeu era mais equipado que o nacional, acertou. Por lá, o consumidor levava para casa um conjunto completo de airbags, inclusive os laterais e os do tipo cortina para os ocupantes do banco traseiro. No Brasil, esse pacote era restrito às versões top de linha: nas básicas, as bolsas limitavam-se às duas frontais.