Fernando Collor, ex-presidente do Brasil na década de 1990 e senador de 2007 a 2023, está sendo condenado por crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro em um esquema envolvendo propinas recebidas pela BR Distribuidora. Em sua época como presidente, o mandado foi curto, pois Collor também se envolveu em escândalos, que resultaram em seu impeachment em 1992, dois anos após ter assumido o cargo. O motivo: um Fiat Elba recebido como "presente".
Sim, uma perua clássica dos anos 1990 foi decisiva no destino político do Brasil. O que aconteceu foi que investigações na época apontaram que o Fiat Elba, de uso do ex-presidente, havia sido adquirido com dinheiro proveniente de contas fantasmas de PC Farias, o tesoureiro de Collor durante sua campanha presidencial em 1989.
Na verdade, é claro que o Fiat Elba foi apenas o estopim, a ponta do iceberg de uma situação que era, por trás, muito mais problemática e complexa. Isso porque o então presidente e seu tesoureiro já eram alvos de inúmeras investigações e denúncias referentes a crimes de desvio de dinheiro.
Além disso, a gestão de Fernando Collor, naquele momento, levantava controvérsias e questionamentos por parte de diversas pessoas e especialistas que não concordavam com as políticas que estavam sendo colocadas em prática. A impopularidade do líder do Executivo crescia cada vez mais.
Após a aprovação do pedido de impeachment pela Câmera dos Deputados, o processo seguiu para o Senado. Com a iminência da aprovação neste último, Collor resolveu, antes da decisão final, renunciar ao cargo, exatamente no dia 29 de dezembro de 1992. Assim, ele evitava a inelegibilidade nos oito anos seguintes. No papel, seria como se ele tivesse renunciado por conta própria; na prática, todos sabemos que não foi bem isso.
Mesmo com a renúncia, o Congresso votou a favor da perda dos direitos políticos do ex-presidente, afastando-o de cargos eletivos pelo resto da década de 1990. Mas, 22 anos depois, no entanto, ele foi absolvido pelo STF de todas as acusações que estavam em andamento. Na prática, Collor nunca foi condenado pela história da perua Elba.
Um pouco mais sobre o Fiat Elba
O Fiat Elba foi lançado no Brasil em 1986, como a versão perua do famoso Uno e a sucessora da Panorama. O modelo, que foi crucial no impeachment de Collor, não foi, de fato, um sucesso de vendas por aqui, mas teve uma certa relevância na história da indústria automobilística nacional.
Inicialmente, o Fiat Elba, produzido integralmente no Brasil, era disponibilizado em duas configurações: na S, com motor 1.3 de 59cv; e na CS, com um propulsor 1.5 a etanol (chamado de álcool ainda) que gerava 71cv. Na versão de motor mais forte, o 1.5, o carro acelerava até 100km/h em 14,8 segundos. Mais tarde, chegou a versão CSL, a topo de linha com motor 1.6 de 88cv.
Em 1992, chegou, enfim, ao mercado o Fiat Elba na versão Weekend – que foi a "adquirida" por Fernando Collor. O carro, acompanhando os avanços da indústria automobilística da época, passou a contar com injeção eletrônica no motor 1.5 de 67cv a gasolina. O conjunto prometia maior economia de combustível.
No entanto, em função das vendas baixas, o modelo acabou se despedindo definitivamente do Brasil no fim de 1996. Bom, se a performance no mercado deixou a desejar, na política nós não podemos dizer o mesmo... Afinal, o Fiat Elba foi o pivô que mudou toda a cronologia presidencial do Brasil!
Fernando Collor já teve outros carros que 'se deram mal' com a Justiça
Após ser afastado em 1992 pelo Fiat Elba, Fernando Collor se manteve na cena política – e também nos escândalos de corrupção. E adivinhem: teve mais carros encrencados com a Justiça. Na verdade, isso não é de se espantar, afinal, o ex-presidente, atualmente com 71 anos, tem um grande apreço por automóveis, especialmente os esportivos e sofisticados.
Em 2015, como parte da Operação Lava Jato, que também envolveu esquemas com a BR distribuidora, Fernando Collor teve três veículos de sua coleção pessoal apreendidos pela Polícia Federal. Dessa vez, não se tratava mais do emblemático Fiat Elba; os carros foram um Lamborghini Aventador Roadster 2014, uma Ferrari 458 Italia 2011 e um Porsche Panamera 2012. O valor total desses modelos ultrapassava, na época, os R$ 4 milhões.
No entanto, poucos meses depois da apreensão, os veículos foram devolvidos ao então senador, que, inclusive, comemorou, em tom sarcástico, nas redes sociais.
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