Recentemente, o smart fortwo – assim mesmo, sem maiúsculas – recebeu um “tapinha” para ganhar sobrevida, enquanto uma nova geração do modelo (aguardada para 2014) não é apresentada. As mudanças visuais foram discretas, com a logomarca deslocada do capô para a grade, que recebeu nova moldura, as entradas de ar sob a placa ficaram maiores e o modelo ganhou spoilers e saias laterais que deram aspecto mais esportivo. A versão testada é a mhd, de entrada, espartana e com proposta de baixo consumo de combustível (e emissões!).
Feito para a cidade
Se por um lado o pequenino e estreito é de fato esperto, tem coisas que um subcompacto não pode fazer. Para quem detesta dar carona o smart é uma desculpa pronta. Esqueça as malas grandes, o compartimento de bagagem é mais bem aproveitado usando mochilas e pequenas malas. A cobertura retrátil do porta-malas, que dá privacidade e segurança, também serve para fazer barulho. Dentro da tampa traseira existe um compartimento para guardar objetos com pouco volume.
Apesar de o volante não ser ajustável, o espaço interno e a habitabilidade são bons para dois adultos, mesmo os mais altos. Uma fragilidade do projeto é a facilidade de abrir a tampa frontal (sem trancas), que dá acesso ao compartimentos de fluido do radiador, freio e do limpador de para-brisa. Pneu sobressalente também não há, apenas um kit de reparo.
CUIDADO Um ponto fraco do carrinho é a suspensão dura, característica necessária para aumentar a estabilidade. É preciso deixar realmente claro que o conjunto não filtra um fio de cabelo colocado sobre o asfalto. E, como o curso da suspensão é pequeno, acontece de as rodas (perigosamente) perderem contato com o solo quando o veículo passa por uma ondulação, por exemplo. E não precisa nem estar a uma velocidade muito alta, tampouco ser uma ondulação muito grande.
MECÂNICA O motor “mil” (traseiro!) é o bastante para dar conta dos 750kg do smart, mais seus ocupantes e bagagem. Nada brilhante, apenas suficiente. Para quem quer performance, melhor gastar um pouco mais numa versão superior com motor turbo. O foco do mhd é realmente economizar combustível, e é o que ele entrega. O câmbio automatizado de cinco velocidades está escalonado para economia. As trocas são bastante desconfortáveis devido aos trancos. Se precisar de mais performance, opte pelas trocas manuais.
A sigla da versão, mhd, significa Micro Hybrid Drive, usada porque o modelo é dotado do sistema start/stop, que desliga o motor automaticamente toda vez que o carro para. Logo que o condutor tira o pé do freio o veículo liga automaticamente. Naturalmente, como a bateria deixa de ser recarregada quando o veículo está desligado, o funcionamento do ar-condicionado é interrompido. Então, se a intenção é não passar calor, ou se você amanheceu num dia com atitudes pouco ecológicas, basta desligar o modo Eco que o sistema deixa de funcionar.
POPULAR O smart chegou oficialmente ao Brasil em 2009 e ainda hoje chama a atenção por onde passa. O que pode justificar isso é que existem apenas 4 mil modelos circulando pelo Brasil. Já na Europa o modelo foi lançado em 1998, tendo vendido ao todo 1,3 milhão de unidades pelo mundo. Para ter um smart é preciso uma dose de paciência para deixar pessoas conhecerem melhor o modelo e muito bom humor para se divertir com piadas do tipo “aqui não é casa da Barbie mas pode estacionar seu carrinho de brinquedo”, dita pelo amigo do estacionamento. Para atrair novos clientes a estratégia da smart é vender o pequeno dentro das concessionárias da Mercedes-Benz.
FICHA TÉCNICA
» MOTOR
Traseiro, transversal, três cilindros em linha, a gasolina, 999cm³ de cilindrada, 12 válvulas, com potência máxima de 71cv a 5.800rpm e torque máximo de 9,3kgfm a 4.500rpm
» TRANSMISSÃO
Tração traseira, com câmbio automatizado de cinco velocidades e sistema Softouch
» DIREÇÃO
Do tipo pinhão e cremalheira, com assistência elétrica
» SUSPENSÕES/RODAS/ PNEUS
Dianteira, do tipo McPherson, com rodas independentes e barra estabilizadora; e traseira com eixo de torção / rodas dianteiras 5 x 15 (liga leve), com pneus 175/55 R15, e traseiras 6,5 x 15 com pneus 195/50 R15
» FREIOS
Discos ventilados na dianteira e tambores na traseira, com sistema ABS, EBD, ESP, ASR, BAS e Hill Start
» CAPACIDADES
Do tanque, 40 litros; de carga (passageiros e bagagem), 270 quilos
» EQUIPAMENTOS
DE SÉRIE
Aparência – Rodas de liga leve aro 15, spoilers dianteiro e traseiro e saias laterais na cor preta, piscas laterais, teto sólido em policarbonato, capa dos retrovisores externos, grade do radiador e depósito de combustível em preto, bancos revestidos em tecido.
Conforto/conveniência – Sistema micro hybrid drive (mhd), câmbio automatizado com opção de trocas manuais, ar-condicionado, fechamento automático das portas em movimento, vidros e travas elétricos, chave com três teclas-conforto (destravamento do vidro traseiro, tampa do tanque de combustível e abertura e fechamento do veículo), direção elétrica, rádio com RDS e entradas USB/AUX no porta-luvas, regulagem manual da altura dos faróis, setas com seleção por toque conforto e tomada de 12 Volts no console central.
Segurança – Controle eletrônico de estabilidade (ESP) e tração (ASR), ABS com distribuição eletrônica da força de frenagem (EBD), gerenciamento da força de frenagem em situações de emergência (BAS), airbags dianteiros, bancos de segurança integrais, cintos de segurança com pré-tensionador e limitador de força, elementos de absorção da energia de impacto na frente e atrás, sensor de impacto para ativação dos piscas de emergência, drive lock), arranque assistido automático em subidas, sistema ISOFIX para fácil fixação de assentos infantis, terceira luz de freio.
OPCIONAIS
Não tem.
» QUANTO CUSTA?
O Smart Fortwo 1.0 MHD tem preço único sugerido de R$ 52.500.
Mentira da smart
A smart insiste em denominar essa versão de MHD, numa referência a Micro Hybrid Drive. Outras fábricas também apelam para o mesmo artifício, procurando sensibilizar os adeptos da ecologia. Mas, na verdade, a única diferença mecânica é o sistema start-stop que desliga e religa automaticamente o motor nas paradas do trânsito. Ao contrário do que sugere, o carro nada tem de híbrido e não tem motor elétrico nem reaproveitamento de energia cinética ao frear ou reduzir a marcha. A sigla está mais para Mentira Habitual Derrubada.... (BF)
Avaliação técnica
» Acabamento da carroceria
As partes plásticas da carroceria são maioria (para-choques, portas, capô, parte das laterais traseiras e tampa traseira). A tampa plástica frontal (capô) é fixada por encaixe e trava plástica, sendo de fácil furto, e são grandes as folgas fixas da mesma em relação à carroceria, assim como das outras partes móveis. As portas têm pontos com desnivelamento em relação à carroceria. A qualidade da pintura é boa. A tampa traseira esta descentralizada, assim como o seu vidro basculante. REGULAR
» Vão do motor
O motor fica na parte traseira e tem acesso abaixo do plano superior do porta-malas, que é encoberta por tampa termoacústica. E preenche toda a área, que é muito pequena, tornando bastante limitado o acesso à manutenção por cima. Parte do sistema de freios está na parte frontal junto com o condensador do ar-condicionado, reservatório de expansão, radiador, reservatório de esguicho etc. Os principais itens de verificação permanente têm acesso e identificação razoáveis. NEGATIVO
» Altura do solo
Não tem chapa protetora em aço para toda motor e câmbio. Há chapa plástica que engloba toda a parte inferior dianteira. Não ocorreram interferências com o solo no percurso misto de provas. POSITIVO
» Climatização
Com a função ECO do motor ligado no trânsito pesado (arranca e para) e com sol forte o ar-condicionado é desligado, que é por comando manual. O sistema funcionou bem com boa vazão de ar pelos difusores frontais do painel, que tem boa angulação, rumorosidade razoável e está bem vedado. O tempo gasto para climatizar todo habitáculo, que é muito pequeno, é mínimo. POSITIVO
» Freios
Devido ao projeto estrutural, arquitetura da carroceria, e posicionamento do conjunto motopropulsor, os pedais (freio e acelerador) estão na base do assoalho e a sensibilidade de condução do veículo é alterada. O pedal de freio não tem reações imediatas e sensíveis ao menor toque, onde é necessário imprimir mais força e acostumar. No geral, apresentou bom funcionamento com reações uniformes e ABS eficiente. O sistema de freios tem função Hill Holder, que é muito útil sobre piso inclinado. POSITIVO
» Câmbio
A transmissão é automatizada com cinco marchas. Tem a opção de troca manual seqüencial na alavanca, e troca para o modo automático por meio de botão no pomo da alavanca muito prática. A tração é traseira. A resposta em kick-down é razoável. Há display no quadro de instrumentos informando o modo e marcha selecionada. As relações de marchas/diferencial atendem a proposta de dirigibilidade no uso misto, mas o sistema automatizado prejudica o mínimo brilho dinâmico desta versão com esta motorização. As trocas são lentas com perdas da rotação do motor, além de retardo de resposta em várias situações no uso urbano e topografia irregular, onde o uso mais constante do kick-down é necessário e chega a incomodar. Em curvas para esquerda com o veículo em maior velocidade, deve-se ter atenção de não deixar a perna direita interferir com a alavanca, pois a desloca facilmente para a posição N (neutro), podendo causar apreensão e descontrole do veículo. REGUALR
» Motor
A velocidade máxima é limitada eletronicamente, por segurança, em 145km/h. A aceleração é razoável, e as retomadas de velocidade aceitáveis. O torque e potência máxima atuam em rotações altas e devido ao tipo de câmbio homologado, a perda no rendimento e performance em geral (cidade/ estrada) é evidente, mas ainda satisfaz para a proposta inteligente
deste automóvel. POSITIVO
» Vedação
Boa contra água e poeira. POSITIVO
» Nível interno de ruídos
É muito alto o nível de ruídos
no habitáculo. O efeito aerodinâmico inicia-se a 100km/h e é crescente
com a velocidade. NEGATIVO
» Suspensão
A estabilidade é boa em curvas de raio longo, feitas em velocidade, mas nas de baixa e média ao induzir o limite da aderência lateral entram precocemente por segurança os sistemas eletrônicos de tração e estabilidade, deixando o veículo numa trajetória segura, atuando nos freios e na aceleração do motor. Não absorve bem os impactos normais no uso misto, onde ocorre forte batida de fim de curso. O conforto de marcha quando sobre piso usual de asfalto com remendos/ imperfeições, paralelepípedo e terra batida é extremamente baixo com excessiva transferência para dentro da cabine, causando desconforto. REGULAR
» Direção
A pequena distância entre-eixos proporciona um excelente diâmetro de giro de 8,75m também por causa das rodas dianteiras pequenas. A coluna de direção é fixa, mas está numa altura boa. A velocidade do efeito-retorno é ótima. As cargas do sistema eletricamente assistido estão muito bem definidas para o uso urbano e
em rodovias. POSITIVO
» Iluminação
A bateria está instalada dentro do habitáculo próxima aos pés do passageiro, encoberta por base de isopor abaixo do carpete. O sistema não tem sensor crepuscular. Os faróis têm duplo refletor com boa eficiência no baixo e no alto, e não há faróis de neblina. Não tem ajuste elétrico de altura, o que é desprezível neste veículo, que tem carga útil máxima, incluindo duas pessoas, de 205kg. No teto tem uma lanterna junto ao retrovisor, e não há nenhuma luz de cortesia. POSITIVO
» Limpador de para-brisa
As palhetas trabalham cruzadas e varrem uma boa área. Os esguichos com três jatos têm boa vazão e pressão, e quando acionados ativam automaticamente o sistema de limpeza. No vidro traseiro o sistema é também eficiente. Não há sensor de chuva e é fácil o acesso ao reservatório d’água na parte frontal da carroceria. POSITIVO
» Estepe/ macaco
A solução desse projeto não é funcional e prática no Brasil, onde causa uma certa apreensão ao pegar uma estrada, mesmo para percurso curto. Não tem estepe nem chave de rodas e macaco. Se um pneu furar e a perfuração for de até 4mm tem um kit de avarias com sistema autocolante e compressor para recuperar o dano. A operação de recuperação do furo (até 4mm) não é simples, mas demorada e nem sempre eficiente, pois após o reparo, deve-se andar em baixa velocidade e mandar consertar/verificar em um borracheiro especializado. No caso de cair em um buraco (comum na cidade e em rodovias brasileiras) e danificar a roda/ pneu, somente no reboque. Deveria ser equipado de fabrica com pneus de emergência do tipo RSC. NEGATIVO
» Alarme
A porta do condutor tem opção de abertura/fechamento do vidro por sistema de um toque, mas não tem proteção antiesmagamento. A chave de ignição é codificada e tem opcionalmente proteção perimétrica das partes móveis e volumétrica dentro do habitáculo. REGULAR
» Volume do porta-malas
O declarado pela fábrica é de 220 litros pela norma alemã, e o encontrado foi 117 litros, com a cortina superior do porta-malas esticada e sem utilizar o fundo falso da porta traseira.
Compacto para todos
Mesmo pequeno, smart é confortável para pessoas altas e foi bem na análise ergonômica
Palavra de especialista
Daniel Ribeiro Filho
City Car
É prazerosa a sua condução sobre asfalto liso e plano, e tem ótima habitabilidade para dois adultos. A posição de dirigir é excelente, e os bancos são confortáveis, mas as suspensões são muito ásperas. A performance satisfaz pela motorização. No uso urbano é esperto e tem boa agilidade, apesar das reações do câmbio automatizado, sendo até “rápido” em rodovias, onde a sensação de velocidade é evidente pelas dimensões deste automóvel. Em 5ª marcha a 140km/h a impressão é a de estar a 180km/h, mas o objetivo deste projeto não é a velocidade e sim a fluidez no trânsito pesado, facilidade de estacionamento, baixo consumo de combustível e design exclusivo.
