As estatísticas começam a indicar um retorno de boa parte da demanda de passageiros do transporte aéreo para o rodoviário. O ônibus volta a ganhar espaço na matriz do transporte de passageiros.
O reajuste no preço da passagem aérea está provocando uma nova migração. Era de se esperar que a competição entre o avião e o ônibus não se sustentaria. Foram necessários prejuízos vultosos para que a luz amarela acendesse e determinasse a prática de preços mais realistas.
A migração da demanda de passageiros é bastante interessante. O setor ferroviário já ocupou uma posição de destaque no transporte de passageiros intermunicipais e interestaduais. Isso ocorreu antes de o governo brasileiro ter feito a opção pelo rodoviário.
Chamava a atenção a regularidade e a pontualidade daquela modalidade de transporte. A expressão pontualidade britânica era muito utilizada, pois os ingleses atuaram de forma efetiva na implantação de ferrovias no país.
Uma composição ferroviária tinha classes diferenciadas de preço. Havia acomodações na primeira classe, na segunda classe e nos carros-leito. A composição podia ter ainda um carro-restaurante, que funcionava nas viagens mais longas. Tudo era perfeito. A limpeza, a gentileza no atendimento aos passageiros e o comércio embarcado eram diferenciais que se destacavam.
O comércio embarcado tinha o perfil adequado para o viajante. Informações, alimentos e bebidas eram oferecidos por vendedores gentis e bem apresentáveis.
Tudo isso acabou quando o governo de Juscelino Kubitschek de Oliveira decidiu incrementar o transporte rodoviário.
O crescimento foi tamanho que as estações de embarques e desembarques individualizadas foram grupadas em terminais rodoviários. As tradicionais empresas Cometa e Expresso Brasileiro passaram a ter novos concorrentes. O porte do passageiro que viajava bem trajado começou a ser flexibilizado. Uma verdadeira revolução ocorreu na matriz do transporte de passageiros. Mesmo trafegando em vias precárias, o transporte rodoviário cresceu com muito vigor.
Durante muitos anos, essa modalidade experimentou crescimento, em detrimento do transporte ferroviário, que quase se extinguiu.
Quando o Departamento de Aviação Civil (DAC) foi substituído pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), uma nova onda migratória ganhou força.
Ao assumir o cargo, o primeiro presidente da Anac traçou a sua política, que passou a vigorar à base do “todos a bordo”.
Foi uma maravilha. Quem sempre acalentou o sonho de voar, pôde realizá-lo. O aumento da demanda mexeu nos alicerces de um transporte que sempre foi muito regulamentado.
Assim como vem ocorrendo com o transporte rodoviário, que foi incrementado sem que houvesse vias adequadas, o aéreo foi estimulado sem que se pensasse na infraestrutura aeroportuária. O caos que se instalou ainda preocupa os governantes.
Como sempre ocorre em ano eleitoral, o país se apresentou róseo e houve quem acreditasse naqueles indicadores.
Para atender uma demanda que tinha explodido, os transportadores passaram a cometer equívocos, tentando ganhar escala. O ano de 2010 os levou a um grande erro.
Sob o novo governo, o real foi desvalorizado, o querosene de aviação atingiu valores que atentam contra qualquer política responsável e as tarifas de navegação e aeroportuárias explodiram.
Apesar de todos os indicadores apontarem cautela, os operadores continuaram a praticar uma política de preço equivocada. As perdas bilionárias de 2011 e do terceiro trimestre de 2012 determinaram um alteração na política de preços das transportadoras.
Com o aumento do preço da passagem aérea, as estatísticas começam a indicar retorno de boa parte da demanda de passageiros do transporte aéreo para o rodoviário. A farra do voo barato está se acabando. Ela teve uma vida longa, ainda que as perdas fossem favas contadas.
BIRUTINHAS
ESTACIONAMENTO Uma medida inteligente foi implantada no Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, para atenuar o congestionamento na via contígua ao terminal de passageiros. As entradas para as áreas de estacionamento descoberto foram mudadas para o lado oposto. O acesso se dará pela via LMG 800. A sinalização facilitará a chegada aos estacionamentos descobertos.
A330 Alguns sustos têm ocorrido com as aeronaves Airbus A330. O mais recente foi uma necessidade de cortar um motor em voo e pousar em situação de emergência no Aeroporto Internacional de Casablanca, no Marrocos. Antes, uma aeronave da TAM teve que regressar ao aeroporto por um problema de motor. Coincidentemente, os voos se destinavam ou partiam do Aeroporto Internacional Charles De Gaulle, em Paris.
BOEING A empresa comemora a entrega de sua aeronave 737 de número 500 com o Sky Interior. Esse acabamento interno traz modernas paredes laterais e janelas modeladas, que atraem a visão do passageiro. Um conjunto de luzes de LED possibilita variar a cor da iluminação da aeronave durante o voo. Os bagageiros foram ampliados, permitindo aos passageiros acomodarem suas bagagens de mão próximas de seu assento.
REGULAMENTAÇÃO Uma nova regulamentação, que entrará em vigor em meados de 2013 nos Estados Unidos, vai balançar o mercado de trabalho. Somente pilotos com 1.500 horas de voo poderão ser admitidos em empresas de transporte aéreo regular. Atualmente, com apenas 250 horas de voo um copiloto pode ser contratado. Se a moda migrar para o Brasil, as empresas de táxi aéreo terão um papel ainda mais importante na formação de pilotos para a aviação regular.
CHINA O país continua sendo a menina dos olhos da indústria aeronáutica. Todos os fabricantes têm a China como o alvo de seus produtos. Na Airshow China 2012, a Embraer apresentou o Legacy 650 (com o seu novo interior) e o Phenom 300. Desde a sua chegada àquele país, a Embraer recebeu 159 pedidos, sendo 85 de jatos 190, 46 de ERJ 145 e 28 de executivos.