*Do Rio de Janeiro
A Rio%2b20 teve participação discreta dos fabricantes nacionais. Em termos de políticas alternativas, a maioria das marcas nacionais puxa a sardinha para o lado do etanol, ecológico do ponto de vista do ciclo da produção. Duas das propostas mais interessantes vieram da BMW e da Renault. A marca alemã trouxe o pequeno Mini E, versão elétrica do compacto que é testada há anos por consumidores estrangeiros por meio de leasing. E a francesa trouxe o curioso Twizy, também elétrico. Ambos são urbanoides, ainda que o francês leve essa vocação ainda mais a sério.
O Mini E nasceu como adaptação do conhecido hatch inglês à propulsão elétrica, enquanto o Twizy é um projeto minimalista em tudo, da ausência de portas ao pouco comprimento (apenas 2,33 metros), menor do que os carrinhos de golfe elétricos que rodam pelo evento. Tanto um quanto o outro são propostas que já estão nas ruas.
COBAIAS
A BMW escolheu grupos de consumidores de 10 cidades e seis países para testar o Mini E. Foram 15.095 candidatos e 430 escolhidos desde que o modelo foi às ruas, há mais de dois anos. Todos pertencem à marca alemã e foram cedidos por leasing aos candidatos. Os 16 milhões de quilômetros rodados servirão não só para desenvolver futuros elétricos da Mini como também para validar a mecânica, que servirá de base para o futuro BMW i3. Com lançamento marcado para 2013, a série i será a linha de elétricos e híbridos da marca, que contará também com o esportivo i8. Ambos serão importados para o Brasil, sendo que o compacto i3 chegará em 2014.
A despeito da aparência de scooter sobre rodas, o Twizy é vendido desde o Salão de Genebra, em março passado. Se o Mini aposta em um motor dianteiro de 204cv e abdica do banco traseiro para acomodar as 5.088 baterias, o Twizy tem projeto que faz o smart fortwo parecer um desperdício de material. Exageros à parte, o modelo foi criado apenas para deslocamentos curtos. Motorista e passageiro viajam enfileirados, sendo que apenas o condutor desfruta de espaço semelhante ao de um automóvel.
SCOOTER
Como os antigos roadsters britânicos, o Renault tem como opcionais portas destacáveis pivotantes para chuvas eventuais. Assim como as motonetas, o bagageiro fica sob o banco do passageiro, e comporta até 55 litros; e o motor é traseiro e está localizado em uma parte destacada da carroceria. São gerados apenas 20,4cv, exatamente 1/10 do BMW, ainda que o Twizy pese apenas 450 quilos e o BMW 1.445 quilos. Se o Mini aposta no desempenho, com aceleração até 100km/h em 8,5 segundos, o Twizy esnoba essa prova, pois só chega aos 80km/h. A marca se concentra nas típicas arrancadas do anda e para urbano e diz que o modelo vai aos 45km/h em 6s. Dependendo do pack de baterias, o Twizy roda no máximo 100 quilômetros, enquanto o BMW chega a pelo menos 160 quilômetros, autonomia também oferecida pelo Nissan Leaf.
Nesse ponto, o Renault está em paz com a vocação dos elétricos, que é a de rodar na cidade. Ainda que existam projetos como os postos em que as baterias vazias são trocadas por um pack cheio (quick-drop) em minutos, a maioria dos elétricos ainda são animais domésticos, alimentados por horas a fio. Nada de viagens longas, portanto. O preço acompanha o pequeno tamanho. É vendido na França por 6.990 euros (cerca de R$ 18 mil), valor que não inclui o pack de baterias, alugado à parte. Mas a BMW se limita a dizer que o i3 sairá por menos que um Série 5, que parte de 40 mil euros na Europa (cerca de R$ 103 mil). Se a marca francesa oferecer aqui sua linha de emissão zero (Z.E., zero emissions), o pequenino poderia desembarcar com os outros modelos ecológicos, que incluem o Fluence Z.E.
Saiba mais: Igualdade aos elétricos
As taxas para elétricos e híbridos obedecem atualmente o princípio de analogia. O IPI de um Ford Fusion Hybrid, por exemplo, é de 25%, definido pela litragem do motor a combustão 2.5, enquanto os elétricos pagam sempre a tarifa máxima. Contudo, um projeto de lei do deputado Irajá de Abreu, do PSD do Tocantins, deve garantir descontos no IPI e outros impostos até 2013, igualando a taxação dos modelos ecológicos ao patamar mais barato. O projeto já foi aprovado na Comissão de Minas e Energia da Câmara, como publicamos em maio.
* O jornalista viajou a convite da BMW do Brasil