A Anfavea, associação das montadoras, acredita que o governo federal vai bater o martelo, nas próximas semanas, num plano de incentivos aos veículos híbridos e elétricos. No momento, duas montadoras estão especialmente interessadas no projeto.
A primeira é a Toyota, líder mundial dos híbridos, com quase três milhões de Prius vendidos. Ele conjuga motor elétrico com outro a gasolina, é importado para o Brasil (pelo mirabolante preço de R$ 120 mil) e aguarda incentivos governamentais para se iniciar sua montagem local.
A segunda é a aliança Renault-Nissan, que insiste no veículo elétrico movido somente por baterias. A Nissan já colocou alguns Leaf rodando como táxis em São Paulo e no Rio e pretende montá-los no país. A Renault trouxe o Zoe e o Twizzy.
Já não há dúvidas de que o futuro do automóvel está na eletricidade: o híbrido seria uma ponte entre os atuais, a combustão, e os elétricos. O carro que roda com motor elétrico já é produzido por quase todas as marcas na Europa. A BMW, por exemplo, ao contrário de outras alemãs que adaptaram o carro convencional, lançou no ano passado o i3, projetado para rodar apenas com baterias.
O governo alemão, ao contrário do brasileiro, percebeu que a demanda pela eletricidade vai aumentar nos próximos anos diante da perspectiva de milhares de veículos ligados na tomada. Como vai fechar, até 2019, suas usinas nucleares, pretende ampliar a interligação de energia elétrica em todo o país para integrar a geração eólica com a solar. Seu objetivo é manter uma oferta estável de energia todo o ano, mesmo com ventos fracos no Norte ou céu encoberto no Sul...
Nos Estados Unidos, Elon Musk, pioneiro na fabricação em série de carros elétricos (Tesla), tem projeto para construir uma gigantesca fábrica de baterias de íon-lítio para produzir até 500 mil unidades anuais, reduzindo seu custo e resolvendo assim um dos principais problemas para viabilizar o veículo elétrico.
A China, mesmo produzindo a maior parte de sua energia elétrica a partir do carvão (uma das formas mais poluentes), com estoques suficientes até 2400, estabeleceu incentivos para os veículos de baixa poluição (híbridos e elétricos) e de baterias mais leves e duráveis.
Já passou da hora de o Brasil aderir à ideia e alterar a classificação tributária dos veículos elétricos e híbridos, reduzindo seus custos de importação num plano atrelado ao início de sua produção local. É simplesmente ridículo que, enquanto outros países cortam seus impostos e ainda subsidiem sua venda, eles sejam taxados aqui com os mais elevados tributos do setor.
Dedos cruzados para que, no lugar das tradicionais cabeças de bagre, o desgoverno federal conte agora com cérebros suficientemente arejados para perceber que já estamos novamente a ponto de perder o bonde da história.