De 27 empresas que comercializam veículos no Brasil, somente três – General Motors, Toyota e Volkswagen – garantem equipar seus modelos com sistema que detecta colisão e, independentemente de disparo dos airbags, destrava as portas automaticamente (veja no quadro Palavra de especialista porque muitas vezes os sistemas dependem das bolsas infláveis), conforme revelou o caderno Vrum na edição de quarta-feira. Como um paliativo aos mais temerosos de ficarem “presos” dentro do carro, algumas marcas oferecem, apesar das travas elétricas automáticas, a opção de andar com as portas destravadas.
Entre os que oferecem a opção, na maioria, mesmo dispondo do travamento automático, a certa velocidade (normalmente, entre 10km/h e 20km/h), o motorista pode destravar manualmente, por meio de comando interno, com o carro em movimento, que o gesto é reconhecido como uma vontade de se manterem as portas destravadas e, assim, não ocorre novamente o travamento. A não ser que o motorista pare o carro e/ou abra uma das portas. Nesse caso, quando voltar a arrancar, as portas se travam novamente.
Em modelos mais sofisticados, como nos BMW e Mini, a opção de manter as portas destravadas pode ser configurada com antecedência. Há a possibilidade do travamento seletivo, em que se seleciona o bloqueio e/ou desbloqueio somente da porta do motorista e tanque de combustível; e a do travamento completo, em que o desbloqueio pode ser total. Já nos modelos Hyundai, a função de travamento automático pode ser desabilitada na concessionária a pedido do cliente, ficando a cargo dos usuários travar ou destravar as portas, de maneira manual. Procedimento que, no caso da Renault, pode ser feito pelo próprio dono do carro, seguindo orientação do manual do proprietário.
Veja no quadro “Opções” quais marcas dispõem da possibilidade do destravamento.
CRIANÇAS No caso dos modelos com travas para crianças, uma vez selecionado esse dispositivo, mesmo que o motorista opte por andar com as portas destravadas, internamente uma criança (ou mesmo um adulto) não conseguirá abrir as portas traseiras. Quem está do lado de fora, entretanto (o que é importante em caso de acidentes), consegue abrir normalmente.
Palavra de especialista
Por que atrelar ao airbag
Ricardo Takahira
Sociedade de Engenheiros da Mobilidade (SAE Brasil)
É normal os fabricantes associarem o mecanismo de destravamento das portas à central dos airbags porque já é bem complexa e tem melhor condição de distinguir, por exemplo, entre um impacto devido a um grande buraco na via e a colisão com outro veículo. A central detecta o acidente, as portas se destravam e isso facilita o resgate das vítimas. Outra maneira seria atrelar ao sensor inercial, que é um mecanismo mais simples, que desativa a alimentação de combustível em caso de acidente, evitando que o carro pegue fogo. O problema é que é um sistema mais simples e fácil de ser burlado. Por exemplo, um ladrão pode dar um jeito, com o carro parado, de desarmar o sensor inercial, simulando uma pancada, e então as portas se abririam. O problema no Brasil é esse: é preciso se preocupar com o resgaste, mas não se pode facilitar o furto do veículo. Na Europa, o emergency call tem um acelerômetro que detecta o impacto e manda informações para uma central, que tem a posição do veículo, via GPS, e tenta fazer a comunicação com o motorista. Se ninguém responde, mandam uma ambulância. Esse tipo de sistema também poderia ser usado para destravar as portas.
Opções
Destravamento pode ser configurado com antecedência
Audi (nos modelos topo de linha), BMW/Mini, Hyundai e Renault
Motorista pode destravar com o carro em movimento
Audi (nos modelos mais simples), Chrysler/Dodge/Jeep/RAM, Fiat, Ford, GM, Kia, Mercedes/Smart, Mitsubishi (resposta válida para o TR4), Nissan (que também oferece a opção de configurar), Peugeot e Toyota
Os veículos não têm travas elétricas e opção de travar ou destravar é do motorista
CN Auto (Topic, Mini Vans, Towner, Jibei e Hafei), Changan, Subaru, Suzuki e Troller
Não há opção de rodar com o carro destravado. Mesmo que o motorista destrave, as portas voltam a travar
Land Rover/Jaguar e SsangYong
Não responderam
Chery, Citroën, Effa, Honda, JAC, VW e Volvo
Obs.: A GM, que não havia respondido a consulta destinada à primeira reportagem, é outra (além de VW e Toyota) que oferece a opção de destravamento após acidente, independentemente dos airbags. Segundo a marca, no entanto, a função é ativada em “tipos de colisão com característica específica identificada pelo módulo eletrônico do veículo”.