Hoje, dia 22 de junho, é comemorado o Dia Mundial do Fusca. A data foi escolhida porque corresponde ao dia em que, em 1934, foi assinado o contrato entre o criador do modelo, Ferdinand Porsche, e o Conselho da Indústria Automotiva Alemã (RDA), dando início ao desenvolvimento do lendário modelo.
Para fazer jus ao Dia Mundial do Fusca e homenagear este veículo histórico, relembraremos aqui um pouco de sua trajetória ao longo dos anos.
Primeiros protótipos foram revelados em 1936
A história do emblemático Fusca começou a ganhar forma em meados da década de 1930, mais especificamente quando, em 4 de fevereiro de 1936, os três primeiros protótipos do veículo foram apresentados aos membros da RDA em Berlim, incluindo um conversível.
De 22 de outubro a 22 de dezembro daquele mesmo ano, cada protótipo percorreu 50 mil quilômetros de testes. No ano seguinte foram construídos 30 Fuscas para serem submetidos a longos testes de resistência, que juntos percorreram 2,4 milhões de quilômetros.
Os testes resultaram em aperfeiçoamentos que deram origem à série 38 do modelo, que trazia janela traseira bipartida, estribos e para-choques. A série 38 foi apresentada em três variações: sedã, sedã como teto solar e conversível. O motor já era o boxer, com 986cm³ de cilindrada e 24cv de potência. O veículo pesava 750 quilos.
Segunda Guerra Mundial: Fusca foi para o combate!
Com início da Segunda Grande Guerra, em setembro de 1939, o Fusca precisou se alistar nas Forças Armadas alemãs e ir para o combate. Para isso, o modelo de linhas suaves se transformou em jipes e até veículo anfíbio.
Terminada a guerra, com a derrota da Alemanha, em 1945, o governo militar britânico passou a administrar a fábrica, ordenando a produção de 20 mil Fuscas sedãs, sendo que, em dezembro, a produção em série foi iniciada. Aquele ano foi fechado com 55 veículos construídos.
Em 1946 a produção em série do Fusca finalmente é alavancada
No ano seguinte ao final da Segunda Guerra Mundia, 1946, a fabricação do Fusca chegou a 10 mil modelos e, em 1947, as primeiras unidades do modelo já são exportadas para os Países Baixos.
Em 1948, já são 25 mil Fuscas fabricados e, após um ano, o modelo ganha a América, com duas unidades partindo dos Países Baixos. Neste ano, já eram mais de 50 mil unidades fabricadas.
Em 1º de junho foi apresentado o modelo-exportação, mais bem acabado que o modelo padrão, e o Cabriolet produzido pela Karmann. Em 1950, passou a ser oferecido o sedã com teto dobrável e em 1951 o modelo já era exportado para 29 países e atinge a produção de 250 mil unidades. Em 1952 o modelo-exportação recebe quebra-vento, transmissão sincronizada e rodas de 15 polegadas. No ano seguinte, mais uma mudança importante: o vidro traseiro deixa de ser bipartido e passa a ser oval e maior.
Os milhões de Fuscas produzidos
Já em 1953, o Fusca era exportado para 86 países e chegou às 500 mil unidades produzidas. Enfim, no ano de 1955, quando recebeu lanternas traseiras, ele alcançou um marco importante: 1 milhão de unidades produzidas.
Em 1957, o modelo ganha vidro traseiro maior e novo painel de instrumentos. Dois anos depois o modelo-exportação já tem motor 1.200cm³ de cilindrada de 34cv, câmbio de 4 marchas e, junto com o modelo padrão, luzes de direção no lugar das setas e porta-malas maior.
Em 1965, o modelo standard (ou padrão) passa a trazer o motor 1.2 e o de exportação ganha motor 1.3 de 40cv que no ano seguinte já seria oferecido para o Fusca padrão, quando também foi lançada a opção do motor 1.5 de 44cv.
Em 1967, o Fusca fica mais seguro, com coluna de direção que não invade o habitáculo em caso de acidente e cintos de três pontos. O modelo passa a ser oferecido com câmbio automático.
Adeus, Ford T!
Já em 1972, a Volkswagen alcança a marca dos 15 milhões de Fuscas produzidos, superando o Ford T. Somente na Alemanha eram cinco fábricas produzindo o modelo: Wolfsburg, Hannover, Kassel, Braunschweig e Emden. A essa altura, com a chegada de novos concorrentes, a marca já vinha considerando a introdução de novos modelos.
Em 1974, o Fusca deixa de ser fabricado em Wolfsburge (a matriz) e, quatro anos depois, a última fábrica da Volkswagen na Alemanha, de Emden, deixa de produzir o modelo. Para atender a demanda europeia restava apenas a fabrica na Bélgica.
A nova façanha do modelo foi alcançada no México, em 1981, com a marca de 20 milhões de unidades produzidas. Foi esse país que encerrou a produção do Fusca em 2003.
E no Brasil?
O Volkswagen Sedan, nome de batismo do Fusca, começou a ser montado no Brasil em 1950 por uma empresa chamada Brasmotor. Em 1953 a Volkswagen se estabeleceu por aqui e assumiu a montagem do carrinho.
No entanto, modelo só passou a ser fabricado, de fato, em terras brasileiras em 1959. Neste momento, a motorização adotada foi a 1.2 litro de 30cv. No ano seguinte as lendárias setas “bananinha” deixaram de ser usadas. E não estranhe se não encontrar o marcador de combustível em modelos anteriores a 1961, ano em que o carro também ganhou novas lanternas.
O Brucutu
Em 1963 o Besouro recebeu lavadores automáticos do para brisa. A água saia por uma peça cromada, apelidada de “brucutu”, frequentemente furtada pelos jovens e transformado em um anel. O teto solar foi um opcional oferecido em 1965. O item não fez sucesso porque o veículo ficou sendo popularmente chamado de “Cornowagen” - uma brincadeira indicando que a abertura no teto servia para acomodar os “chifres” daqueles que haviam sido traídos. Houve até quem mandou fechar o teto.
Nesse mesmo ano, foi lançado uma versão para lá de espartana que ficou conhecida como “pé-de-boi”. Tanto esta quanto a “Cornowagen” já não estariam à disposição no ano seguinte, o que tornou esses modelos, se originais, bem valorizados por colecionadores.
O motor 1.3 litro, que rendia 38cv, foi inserido em 1967, mesmo ano em que foi adotado o sistema elétrico de 12 volts. Em 1970, o modelo ganhou mais fôlego com a opção do propulsor de 1.5 litro, de 44cv. O Fuscão, como ficou sendo chamado, oferecia como opcional freios a disco nas rodas dianteiras. Por fora o carrinho recebeu leves retoques: lanternas e para choques maiores e saídas de ar no capô traseiro. Por dentro a principal mudança foi o acabamento do painel imitando madeira.
Em 1974, o Fusca vira "Bizorrão" no Brasil
Quem esperava por um desempenho melhor foi atendido em 1974, com a chegada do propulsor 1.6 litro que, com dois carburadores, rendia 54cv. O modelo foi chamado de Bizorrão.
Para ganhar mais esportividade, o capô traseiro trazia um adorno de plástico rodas menores (aro 14) e mais largas, como se usava na época. O painel também ganhou novos instrumentos: volante esportivo, conta giros e bancos anatômicos. Com exceção das novas rodas, o traje esportivo não foi oferecido no ano seguinte, mas o motor 1.6 de fato substituiu o 1.5.
Fafá e o primeiro Fusca a álcool
Uma versão mais bem acabada do motor 1.3, chamada 1300 L, foi lançada em 1975. A principal mudança de 1978 foi no bocal do tanque, que foi transferido de dentro do porta malas para a lateral do veículo. Outra mudança, as novas lanterna adotadas em 1979, renderam mais um apelido para o Fusca. Por terem as lanternas maiores, os modelos 1600 e 1300 L eram chamados de Fafá (de Belém), mudança que depois seria aplicada em todas as versões. Em 1980 chegou ao mercado o primeiro Fusca a álcool.
A versão 1300GL , de 1982, estreou um painel mais moderno, feito em plástico e elementos retangulares. Ela trazia como novidade os desembaçadores traseiros, apoios de cabeça e uma borracha protetora no para choque.
No ano de 1983 só foram oferecidos aos clientes modelos 1300. Já no ano seguinte foi adotada apenas a nova motorização 1600. Foi também em 1984 que o modelo passou a ser chamado oficialmente de Fusca pela VW.
Os dois fins do Fusca
No Brasil, em 1986, o Fusca deixou de ser fabricado, voltando ao mercado em 1993 por causa dos benefícios fiscais concedidos aos veículos classificados como populares.
Sem mudanças na carroceria e motor, o modelo recebeu apenas algumas atualizações como cinto de três pontos de série, para-brisa laminado, pneus radiais e catalisador. Nessa geração os para choques eram pintados na cor do carro e o escapamento tinha saída simples.
Mas, em 1996, o modelo subiu de vez no telhado e não foi mais fabricado por aqui. A produção acabou, mas o Fusca nunca nos deixou de fato: ele continua marcando presença nas ruas, sendo um clássico guardado, com muito carinho, por aqueles que o compraram no século passado - ou uma peça rara adquirida pelos colecionadores entusiastas de automóveis! Feliz Dia Mundial do Fusca!
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