Quando criança não havia supermercado nem shopping center. As necessidades do lar eram atendidas pelos armazéns de secos e molhados e pelas sacolões. As compras não envolviam dinheiro em espécie. Tudo era registrado numa caderneta. No fim do mês, ao saldar os débitos, os comerciantes davam um presente ao cliente, visando manter a sua fidelidade.
A visão daqueles comerciantes, guardadas as devidas proporções, motivou alguns transportadores aéreos. Concedendo bônus aos seus usuários esperavam tê-los fiéis. Para um determinado número de pontos acumulado, havia um bônus. A fidelidade passou a ser premiada e era um negócio entre a empresa e seu cliente. Essa prática já existia em outros países e até mesmo o presidente de uma empresa de transporte aéreo não regular brasileira tentou implantá-la. Isso lá pelos idos dos anos 1990.
As transportadoras TAM e Varig implantaram os seus cartões de fidelidade e tudo funcionava de uma forma modesta, um simples reconhecimento da fidelidade. Eis que surgiu uma grande ideia, motivada pelo volume de pontos que os programas passaram a gerenciar: a criação de uma empresa paralela. A TAM criou a sua Multiplus e a Gol, depois de algum tempo, a sua Smiles, originária da Varig.
Valendo-se das práticas de mercado, o bônus não seria limitado à compra de um bilhete de passagem aérea. A empresa paralela buscou associar-se a outras e a comercialização de pontos se tornou uma prática corriqueira. Tão corriqueira que comprar a crédito com dinheiro de plástico passou a ser a boa opção dos consumidores.
A abertura do capital dessas empresas paralelas foi outra grande tacada. Não há investidor que resista a empresa enxuta com alta geração de caixa. Eis a razão do valor de mercado dessas empresas superar o daquelas que as geraram. A Smiles tem um valor de mercado 50% superior ao valor de mercado da empresa Gol. É disso que o acionista gosta.
Atualmente, no mercado de passagens aéreas, tudo se passa como uma comercialização potencializada. Se uma viagem aérea gera pontos, a companhia aérea paga à sua empresa paralela. Se os pontos são resgatados para uma viagem aérea, a empresa paralela paga à companhia aérea. Neste caso, tudo se passa como tirar dinheiro do bolso direito e colocá-lo no bolso esquerdo.
Mas o grande negócio está na comercialização com os parceiros. Toda vez que um cliente bancário troca os seus pontos pelos de uma empresa de fidelização, o banco paga a esta o correspondente aos pontos negociados. Eis a razão de alguns bancos não trocarem mais os pontos na razão de um por um. Já são empregadas regras de compensação que fazem os pontos de um cartão de crédito migrarem com um valor menor para uma empresa de fidelização. O fato de os pontos acumulados num cartão de crédito gerarem passagem aérea é a grande atração.
As empresas aéreas já incorporaram duas formas de comercialização dos seus bilhetes, a dinheiro ou com pontos acumulados. Aboliram a limitação de assentos para os clientes que desejam adquirir os seus bilhetes aéreos com esses pontos.
Ela só tem o trabalho de definir o número de pontos necessários para um determinado trecho aéreo, dependendo do período do voo. Tudo se passa como se a aquisição do bilhete fosse em moeda corrente. Ou seja, criaram uma nova moeda. As empresas paralelas vendem as milhas aos seus parceiros por um valor superior ao que ela paga pelo prêmio resgatado.
O bônus oferecido pela utilização do cartão de crédito é um atrativo que ajuda a aumentar o volume de cartões habilitados. A mensalidade paga já inclui o dispêndio com a migração dos pontos acumulados. Para dar uma ideia da grandeza do cartão de plástico, no ano de 2013 circularam R$ 833 bilhões com sua utilização.
Essa grande ideia se tornou a galinha dos ovos de ouro das transportadoras aéreas, que passaram a comercializar, indiretamente, não apenas bilhetes de passagem.
BIRTUINHAS
AIR COSTA A empresa indiana apresentou uma ordem de compra de 50 E Jets E2 da Embraer. O pedido totaliza US$ 2,94 bilhões. Há ainda a opção de compra de mais 50 aeronaves do mesmo modelo. A Embraer caminha para atingir a meta de comercialização de 1.500 aeronaves na região Ásia-Pacífico. As entregas têm início programado para 2018. A Air Costa é a primeira operadora do E Jet E2 no mercado indiano.
GOL A companhia vendeu mais uma fatia de seu capital social. As parceiras Air France e KLM injetaram US$ 100 milhões, o que corresponde a 1,5% do capital social da empresa Gol. As estrangeiras passarão a operar, a partir deste mês, três voos semanais na rota São Paulo-Brasília. No segmento internacional deverá ser implantada a rota Guarulhos/SP – Charles de Gaulle/Paris, voando a aeronave A380.
24 HORAS A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) estuda regulamentar o cancelamento de um bilhete de voo sem encargos, desde que a desistência ocorra em até 24 horas antes do voo. Neste caso, a empresa aérea deverá devolver ao cliente, integralmente, o valor pago. A medida exige moderação, pois as políticas tarifárias praticadas pelas diferentes empresas poderão gerar ganhos e perdas para ambas as partes.
EXECUTIVA A Embraer finalizou 2013 comercializando 119 aeronaves executivas. Foram 90 jatos leves e 29 jatos grandes. A família de jatos executivos da Embraer vem crescendo rapidamente e já inclui sete modelos. Entre o Phenom 100 e o Lineage 1000 está a linha dos Legacy com os modelos 450, 500, 600 e 650. Foram comercializadas 209 aeronaves, incluindo a aviação comercial, tendo uma carteira de pedidos de US$ 18,2 bilhões.
A380 A Anac não aprovou o Aeroporto de Guarulhos/SP para as operações do A380. O acostamento das pistas é insuficiente para evitar a sucção de objetos pelas turbinas danificando-as. Nada que não possa ser equacionado em pouco tempo, pois a parte mais externa do acostamento poderá ter um piso com uma resistência inferior ao da parte contígua à pista.