Um dos argumentos mais tranquilizadores a favor da compra de um carro novo é a questão da confiabilidade. Afinal, sem ter passado por ninguém antes de você, a chance de defeitos é menor, certo? Não exatamente, como mostra o caso do leitor Bruno Azalim da Costa, de Belo Horizonte, que reportou problemas de cheiro de combustível no seu Lifan 320, além do mau funcionamento do velocímetro. O compacto chinês, montado no Uruguai, de fato, tem os problemas, como admitiu a marca em março ao caderno Vrum. Só que, ao contrário do que foi cogitado na época, os defeitos não se tornaram caso de recall, ainda que afetem a segurança. “A marcação errada é devida a um lote de sensores de velocidade com calibração inadequada, cuja troca já foi comunicada às concessionárias. O problema sobre vapores já estão em análise desde março. São casos de pouca frequência, intermitência e ainda existem casos de mau uso, em que o usuário ou o frentista enchem até o gargalo, condição não adequada e explicitada em manual”, afirma a Lifan em nota oficial.
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“Se o caso de vapores de combustível está em análise desde março, então temos seis meses sem solução. Meu carro ficou na garagem de março a agosto e, ao contrário do alegado, não são casos de pouca frequência, mas sim de quase todos os 320 que vi. Meu carro fedia a gasolina com tanque vazio, cheio, pela metade ou como for”, retruca o leitor. Além de Bruno, outros proprietários discordam da pontualidade do problema, como Karrine Oliveira Chanquet, de Iquaquecetuba, São Paulo, cujo Lifan 320, comprado em março, passou a apresentar o forte cheiro de combustível em abril. “Nas palavras do próprio técnico, pode ser o frentista ao abastecer, que deixa a tampa de combustível semiaberta. Incrível como ele pode me responder isso, uma vez que o cheiro era dentro do carro com os vidros fechados e não teria como ser fechamento da tampa do tanque, mas tudo bem, aguardei alguns dias e realizei abastecimentos em locais diferentes, mas o cheiro persistia”, afirma a proprietária no site de direito do consumidor Reclame Aqui. No mesmo portal, Bruno Gonçalves, de Cascavel, Paraná, enumerou em junho os defeitos do seu 320 e refere-se “a falha de vedação de combustível, o que ocasiona vazamento e fortes odores de gasolina no interior do veículo, indignando minha esposa, grávida de oito meses”.
Veja fotos do Lifan 320
MAL-ESTAR
“Tive até problemas de saúde por conta da situação, já que toda vez que ia à concessionária passava mal com dor de cabeça e diarreia”, lamenta Bruno. Sem solução para os seus problemas e insatisfeito com a falta de soluções da concessionária AFV Veículos de Contagem, Bruno revendeu o modelo para a própria loja, por R$ 26 mil contra R$ 30.500 que pagou. “A Lifan entrou em contato comigo um dia depois de falar que vendi o carro. Perguntaram se a concessionária estava resolvendo o problema, mas não falaram nada sobre o prejuízo da venda do carro, de R$ 4.500. Isso para um modelo com 1.200 quilômetros rodados”, lamenta Bruno. Outros defeitos comentados dizem respeito ao acendimento das luzes de airbags e freios ABS, equipamentos ainda raros na faixa de preço, como também barulhos na suspensão e vazamentos de água. Agora que os modelos da Effa e Lifan montados no Uruguai ficaram livres do fantasma do aumento de 30 pontos percentuais no IPI, resta ao fabricante tomar medidas mais eficientes para a solução de problemas.
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