Ainda me lembro das alegrias que tínhamos no dia de hoje em tempos muito passados. Toda a família reunida, uma mesa farta e lindamente decorada, muitas guloseimas e acima de tudo muita ansiedade. Era dia do Papai Noel. Íamos dormir cedo para cedo acordar e buscar sob a árvore de Natal o presente que o Bom Velhinho nos trouxera. Só assim tínhamos a certeza de que ele lera a nossa cartinha. Como era bonita a infância!
Hoje, temos as mesmas alegrias. A família e os amigos reunidos, uma mesa farta e lindamente decorada e muitas guloseimas. Só não temos mais a ansiedade, que foi substituída pela esperança de que nos devolvam um pouco do conforto que tínhamos quando usávamos o transporte aéreo.
Já citei algumas vezes a boa feijoada que saboreávamos às sextas-feiras a bordo das aeronaves da Transbrasil, voando toda semana de São Paulo para o Recife. Citei também o tratamento VIP que a TAM oferecia a todos os seus usuários nas salas de embarque e a bordo. Terminávamos bem uma semana de trabalho nas asas da TAM.
A partir de 2001, o atrativo preço passou a substituir o conforto. Uma novidade vinda da Europa e dos Estados Unidos nivelou por baixo o bom serviço que tínhamos.
Todo o prazer de voar foi prejudicado. Além de uma redução drástica no serviço de bordo, os empresários se valeram de uma novidade introduzida pela Vasp e passaram a reduzir o espaçamento entre as poltronas à sua dimensão mínima possível. Para que a impressão não fosse de todo ruim, as empresas atuais com maior frota variam as separações entre os assentos. Algumas de suas aeronaves utilizam uma separação mínima e outras uma separação mediana. Isso complicou uma resolução da Agência Nacional da Aviação Civil (Anac), que determinou ser necessário a informação do item de conforto no ato de compra do bilhete de passagem aérea. Não desejando cumprir a resolução da Anac em sua totalidade, passaram a atendê-la em parte. Fixaram o selo conforto no interior da aeronave. O que de nada vale, pois naquele momento a compra já fora realizada. A nova determinação, agora da Secretaria de Aviação Civil, obriga a informação no ato da compra do bilhete de passagem, o que talvez faça com que as empresas padronizem este nível de conforto. Como não há inocente neste negócio, a Anac precisa ficar atenta para coibir a solução escapista.
Também deveria haver resolução que obrigasse as empresas a informar o número de assentos ofertados em cada categoria de tarifa. Pagar R$ 775 para voar do Aeroporto Santos Dumont ao aeroporto de Confins é um roubo.
Temos a esperança também de que o conforto que já tivemos nos aeroportos nos seja devolvido. Promoveram a integração social, mas com o sacrifício dos direitos dos usuários. Será que os novos usuários não merecem conforto enquanto esperam o seu voo? Quanto a esse segmento, as coisas começam a caminhar. Puxadinhos estão sendo construídos em aeroporto de grande movimento e se o teto não desabar sobre as nossas cabeças teremos menos sofrimento. Que coisa! Aboliram os certames licitatórios para entregar as obras a parceiros convenientes.
Além dos puxadinhos, estão em curso os certamens licitatórios, tipo pregão, para a concessão dos aeroportos de Guarulhos/André Franco Montoro (SP), de Brasília/Presidente Juscelino Kubistschek (DF) e de Viracopos/Campinas (SP). Para este passo, o aprendizado com a concessão do aeroporto de São Gonçalo de Amarante/RN foi decisivo, muito embora tenha consumido muito tempo na elaboração.
Enquanto as obras de solo começam a tomar forma, o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), órgão do comando da Aeronáutica, prossegue na implantação de tecnologia que permite reduzir o espaçamento das aeronaves em voo. A mais recente permite a redução de separação de aeronaves em voo de 10 milhas náuticas (18,5 quilômetros) para 5 milhas náuticas (9,2 quilômetros). Embora seja aumentada a capacidade de receber mais aeronaves nas áreas terminais, o engarrafamento nos pátios dos aeroportos poderá ocorrer, pois os terminais de passageiros só deverão estar prontos no fim de 2013. Muitas aeronaves poderão permanecer em espera sobre um fixo até que uma vaga seja aberta no terminal aeroportuário.
Ainda para minimizar os efeitos dos fenômenos sazonais, tais como o nevoeiro que cobre alguns aeroportos no período de outono e inverno nas regiões Sul e Sudeste, o Decea tem instalado equipamento que permite a aproximação com visibilidade zero. No momento em que tivermos as nossas aeronaves certificadas para essa aproximação e os tripulantes habilitados, mais um nó será desatado.
Com algum atraso, as providências começam a ser tomadas e isso dá a esperança de nos aproximarmos do bom transporte aéreo que já tivemos.
Birutinhas
SIMULADOR O treinamento em simulador de voo é uma prática segura e econômica. A hora de treinamento em simulador chega a custar um décimo do custo de uma hora de treinamento prático em aeronave. O Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército desenvolveu simulador de voo de helicóptero para o modelo Esquilo, podendo ser adaptado para outros tipos de aparelhos.
TRAINEE O programa de trainee da Líder Aviação, edição 2011, recebeu 5 mil inscrições para o preenchimento de 10 vagas. Quinhentos candidatos disputam uma vaga nas áreas da engenharia aeronáutica, engenharia mecânica, engenharia de produção, ciências aeronáuticas, administração de empresas, relações internacionais, turismo e economia. O início de uma carreira na Líder é o caminho para a formação de um bom profissional.
AIRBUS A Airbus entregou em 12 de dezembro sua aeronave de número 7 mil. Num intervalo inferior a dois anos, 1 mil aeronaves foram entregues ao mercado. A de número 7 mil é um A321 e foi entregue à US Airways, que opera uma grande frota composta por diferentes modelos da fabricante francesa. Apenas do modelo entregue, a empresa opera 63 unidades entre as 244 aeronaves da Airbus.
ENSINO O Centro Educacional de Aviação do Brasil (Ceab) criou curso de comissário on-line. Com a duração de 24 semanas, o aluno terá duas horas de aula por dia. Por meio do ambiente virtual de aprendizagem o aluno pode cumprir os requisitos para a sua formação. É uma excelente opção para quem não dispõe de tempo para frequentar uma sala de aula e pretende ingressar em novo mercado de trabalho.
787 A necessidade de buscar dados para comprovar a eficiência de um produto lançado no mercado faz com que as empresas tracem rotas para testar as suas aeronaves. No último dia 9, um Boeing 787 bateu o recorde de velocidade e distância ao percorrer a rota Seatle/EUA a Dhaka/Bangladesh sem escala. Foram percorridos 19.144 quilômetros. O recorde anterior pertencia ao Airbus A330, com 16.903 quilômetros.