Os sistemas de partida a frio surgiram no Brasil junto com os primeiros veículos movidos a etanol, em meados da década de 1970, pois o combustível extraído da cana-de-açular tem menor poder calorífico em relação à gasolina. Esses dispositivos evoluíram muito na última década e alguns conseguiram eliminar o famigerado tanquinho (que geralmente fica dentro do compartimento do motor e é abastecido com gasolina), mas a grande maioria dos veículos flex ainda tem esse reservatório, que exige alguns cuidados para evitar que naquele dia frio, quando seu carro estiver abastecido apenas com etanol, você vire a chave e o motor fique apenas na vontade…
ESQUECEU, DANÇOU! O problema mais comum dos sistemas de partida a frio com tanquinho é o motorista esquecer de abastecê-lo. Por isso ele deve ficar ligado, pois quando a gasolina do reservatório está acabando, aquela luzinha amarela com o símbolo de uma bomba de combustível fica acesa no painel.
PERDEU! Outro abacaxi gerado por esse sistema é o fato de a gasolina ficar velha, ou seja, permanecer muito tempo no reservatório. Isso geralmente ocorre depois de um longo período de calor (mais de 90 dias) ou com aquele motorista que usa somente gasolina e que, de repente, resolve usar etanol – o sistema só entra em operação quando o tanque de combustível estiver com mais de 90% de etanol e a temperatura do motor abaixo de 16ºC, ou seja, se uma dessas condições não existir, ela não entra em cena. O problema é que a gasolina do tanquinho perde o poder de queima e o motor não liga em temperaturas abaixo de 15°C. Em alguns casos, é necessário levar o carro a uma oficina para limpeza no tanquinho.
BOLSO VAZIO O motorista esquecido também pode ter de pagar uma conta na oficina, pois ao passar um período muito longo sem ser abastecido, o anel de borracha (que veda a conexão da bomba elétrica com o tanque) resseca e fica quebradiço. Isso acaba deixando a gasolina vazar por esse anel, provocando mau cheiro e outros problemas (danos em outros componentes etc.).
DURABILIDADE Para reduzir a possibilidade de problema com gasolina velha, o motorista pode abastecer o tanquinho com gasolina Podium. Ela é mais cara, mas como a capacidade é pequena (os reservatórios geralmente não passam de um litro), o dono do carro vai gastar pouco e terá uma durabilidade bem maior do que a proporcionada por outras gasolinas.
ANTIENVELHECIMENTO Alguns sistemas injetam gasolina mesmo quando não é necessário (alguns em temperatura abaixo de 20°C, no caso dos Honda; outros em alguns momentos, mesmo nos dias mais quentes, como nos modelos Fiat), justamente para evitar que a gasolina fique velha. Já a francesa Peugeot resolveu reduzir a capacidade do tanquinho para 450ml para que o consumo seja rápido.
SAI FORA, TANQUINHO! Para evitar essas dores de cabeça para o dono do carro, os fabricantes de sistema de injeção (entre eles, Bosch e Magneti Marelli) desenvolveram um sistema que consiste em uma espécie de resistência elétrica (tipo aquela usada nas duchas Corona) para aquecer o etanol e injetá-lo na câmara a uma temperatura ideal de trabalho (entre 20°C e 30°C) em apenas alguns poucos segundos.
SEM RESISTÊNCIA Mas o grande barato tecnológico dos sistemas de partida a frio foi apresentado recentemente pela Ford com o novo Focus na versão equipada com motor 2.0, o primeiro flex com sistema de injeção direta, que aumenta em 50 vezes a pressão com a qual o combustível entra na câmara de combustão, fazendo com que o etanol chegue a ser mais do que pulverizado: ele é atomizado. Juntando isso com o fato de o motor girar dois ciclos sem injeção de combustível, o que provoca o aquecimento dos cilindros, a partida pode ser dada usando apenas etanol em temperaturas de até -10°C.